(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Ind�genas se formam em licenciatura na UFMG

Ao todo, 30 ind�genas das etnias patax�, Xacriab� e Patax�-H�-H�-H�e se formaram. Curso habilita educadores para lecionarem nos anos finais dos ensinos Fundamental e M�dio


postado em 21/05/2019 20:37 / atualizado em 22/05/2019 10:31

Representantes das etnias Pataxó, Xacriabá, e Pataxó Hã-Hã-Hãe concluíram o curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas, com licenciatura em ciências da vida e da natureza(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)
Representantes das etnias Patax�, Xacriab�, e Patax� H�-H�-H�e conclu�ram o curso de Forma��o Intercultural de Educadores Ind�genas, com licenciatura em ci�ncias da vida e da natureza (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)
As becas pretas foram trocadas por pinturas corporais e colares coloridos na cola��o de grau da s�tima turma do curso de Forma��o Intercultural de Educadores Ind�genas (FIEI), ontem. O capello, tradicional chap�u arremessado para o alto ao final das formaturas, foi substitu�do por cocares. Os c�nticos ocuparam toda a Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Antes de entrar no audit�rio para receber o grau em licenciatura em ci�ncias da vida e da natureza, 30 ind�genas das etnias Patax�, Xacriab� e Patax�-H�-H�-H�e pisaram, com os p�s descal�os, o ch�o da universidade p�blica durante celebra��o com os c�nticos entoados nas aldeias.



Quando levados para a universidade, os sons das pisadas indicam a rela��o profunda dos ind�genas com a terra onde habitam e, ao mesmo tempo, mostram que o territ�rio da educa��o formal tamb�m � deles. Quando cantam, lembram que o saber tradicional � t�o importante quanto o conhecimento acad�mico.

Os ind�genas integram a s�tima turma do programa criado em 2008 na Faculdade de Educa��o da UFMG como parte do programa de Reestrutura��o e Expans�o das Universidades Federais (Reuni). A primeira turma se formou em 2013.

Os 15 formandos da etnia Xacriab� s�o de S�o Jo�o das Miss�es (MG) e os 10 patax�s s�o de Porto Seguro, Santa Cruz de Cabr�lia e Prado (Bahia). Tr�s da etnia Patax�-H�-H�-H�e s�o de Itaju do Col�nia e Pau Brasil (BA) e outros dois patax�s de Itapecerica (MG). A cerim�nia contou com discurso de professores paraninfos e teve tamb�m oradores da turma. Um momento importante foi quando Juarez Melga�o, professor homenageado, recebeu o cocar das m�os do cacique dos Patax�-H�-H�-H�e.
(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)


SONHO
Uma das formandas, Werymehe Alves Braz Patax�, de 29 anos, lembra que o saber acad�mico est� no mesmo n�vel do conhecimento tradicional. “Este sonho nasceu para mim com meu pai, foi meu primeiro professor, meu primeiro educador. Ele foi um dos pioneiros na luta para a garantia da educa��o ind�gena”, recorda. Ela destaca como a presen�a deles torna a universidade mais diversa: “As pessoas percebem que estamos aqui e que temos o direito a esse lugar acad�mico, que � muito importante para a humanidade”.

'Tem que estar com o p� na aldeia e com o p� no ch�o do mundo. J� ficamos muito para tr�s. � entrar na universidade para saber esse conhecimento, mas sabendo que o nosso conhecimento � mais forte"

Werymehe Alves Braz Patax�, uma das formandas do curso



O conceito de escola � bem mais amplo na vis�o ind�gena. “A escola � territ�rio, � comunidade, ela � fam�lia. Muito importante para mim esta gradua��o. Estou levando retorno para minha comunidade”, diz Werymehe.

P�s na aldeia e no mundo


O curso de forma��o habilita os educadores nas �reas de l�nguas, artes e literaturas; matem�tica; ci�ncias da vida e da natureza e ci�ncias sociais e humanidades para lecionarem nos anos finais dos ensinos Fundamental e M�dio. Os alunos ind�genas v�m duas vezes ao ano para Belo Horizonte, nos meses de maio e setembro. Depois os professores v�o at� as aldeias. “O conhecimento tradicional � o primeiro. Tem que estar com o p� na aldeia e com o p� no ch�o do mundo. J� ficamos muito para tr�s. � entrar na universidade para saber esse conhecimento, mas sabendo que o nosso conhecimento � o mais forte”, afirma Werymehe Alves Braz Patax�.

A ponte entre o saber tradicional e o conhecimento acad�mico � uma das premissas do curso. Os professores procuram articular o conhecimento que os ind�genas trazem de seus territ�rios com quest�es relacionadas ao conhecimento cient�fico. A ideia � ressaltar que eles n�o se op�em e sim se complementam.

O professor Paulo Maya, que ministra a disciplina de etnicidade e rela��es inter�tnicas, lembra que h� equ�voco sobre a no��o de cultura.

“A cultura � din�mica. N�s que moramos na cidade valorizamos o cosmopolitismo, ent�o a gente quer viajar, aprender novas l�nguas, fazer uma s�rie de coisas para enriquecer nossa cultura. Mas quando olhamos para minorias, parece que muda a perspectiva. A gente tem uma ideia de que aquelas pessoas devem se manter de um modo espec�fico. Se n�o encontram a imagem do ind�gena do s�culo 16, em vez de pensar que a concep��o ind�gena que t�m est� errada, gostam de dizer que aquela pessoas n�o s�o mais ind�genas porque est�o na universidade, porque usam celular. Isso faz parte desconhecimento em rela��o aos povos ind�genas”.

CORTES
Paulo Maya destaca que o governo federal tem seguido linha de total desinteresse pelos povos ind�genas e lembra que os cortes da educa��o tamb�m v�o impactar nesse curso. O contingenciamento de verbas do governo federal, anunciado pelo Minist�rio da Educa��o e que atinge o or�amento da UFMG, tamb�m se reflete no andamento do curso. A professora da FAE Shirley Miranda lembra que o conselho consultivo, formado por seis integrantes de etnias diversas, n�o poder� vir a Belo Horizonte.



receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)