
Bar�o de Cocais – No dia em que o pared�o, ou talude, norte da Mina de Gongo Soco, em Bar�o de Cocais, atingiu sua maior dist�ncia de fraturamento, com 21,5 cent�metros de deslocamento, a mineradora Vale come�ou a abrir acessos alternativos para a cidade. As vias est�o sendo constru�das para impedir que mais de 2 mil pessoas do munic�pio da Regi�o Central mineira fiquem ilhadas caso a Barragem Sul Superior, a 20 quil�metros de dist�ncia, se rompa, lan�ando parte dos seus 6 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro no Rio S�o Jo�o, manancial que corta o Centro da cidade e que pode levar o material �s vizinhas Santa B�rbara e S�o Gon�alo do Rio Abaixo. Ontem, parte da popula��o que chegou a ficar at� 15 dias sem atendimento presencial banc�rio voltou a ter esse tipo de servi�o dispon�vel, bem como o dos Correios, retomando, ainda que parcialmente, a rotina interrompida no fim de semana em que o munic�pio se manteve em alerta m�ximo.
A primeira via aberta pela Vale ser� a interse��o dos bairros Vi�va e Capim Cheiroso, a ser complementada pela interse��o do Jabaquara. Caso o rompimento da Barragem Sul Superior realmente ocorra como reflexo do deslizamento do talude, cerca de 2.050 pessoas ficariam ilhadas nesses bairros, mesmo chegando aos dois pontos de encontro, uma vez que os rejeitos cercariam todas as ruas e avenidas de liga��o dessas �reas com a rodovia que leva a Bar�o de Cocais e a Santa B�rbara, a MG-129. S�o 1.640 pessoas cadastradas pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) na zona com o ponto de encontro na Escola Municipal Nossa Senhora do Ros�rio e outras 410 pessoas na Fazenda Soledade. Ao todo, s�o sete zonas com pontos de encontro que somam 6.054 pessoas em Bar�o de Cocais sujeitas a ser desalojadas por eventual onda de rejeitos. Outras 4 mil podem ser afetadas em Santa B�rbara e S�o Gon�alo do Rio Abaixo.
As novas estradas passar�o pela capela de Nossa Senhora Aparecida, em um dos pontos mais altos da cidade, e s� se tornaram vi�veis ap�s acordo entre donos de terrenos e mineradora. “Na semana passada, a Vale nos procurou pedindo a libera��o do terreno para ligar os dois bairros, para impedir que essa popula��o ficasse ilhada no caso de um rompimento”, conta o corretor Cl�udio Marques, da Imobili�ria Jogogo, respons�vel pela libera��o da �rea. “Neste momento, entendemos que temos de ser solid�rios, pois estamos todos no mesmo barco”, afirma.
A Barragem Sul Superior se tornou centro das aten��es ap�s a ruptura dos barramentos 1, 4 e 4A, em Brumadinho, respons�vel pela morte j� confirmada de 243 pessoas e por 27 desaparecidos, quando 12 milh�es de metros c�bicos de rejeitos foram despejados sobre o Vale do Rio Paraopeba. A trag�dia foi o gatilho para uma crise no setor, com revis�o dos crit�rios de estabilidade das represas de rejeitos. Em 9 de fevereiro, a barragem de Bar�o de Cocais foi declarada como sem garantia de estabilidade, atingindo o n�vel tr�s de alerta, que indica risco iminente de ruptura.
Dois simulados de evacua��o foram feitos e 400 pessoas foram retiradas da comunidade de Socorro, a cerca de 2 quil�metros da represa. A Barragem Sul Superior tem 6 milh�es de metros c�bicos de rejeitos, um conte�do que pode, ainda, atingir e se incorporar ao volume menor da Barragem Sul Inferior. Desde o dia 18 a situa��o piorou, com a detec��o da movimenta��o acelerada de uma por��o do talude (pared�o) de 10 milh�es de metros c�bicos na lateral da cava da mina. A encosta pode desabar e iniciar uma rea��o em cadeia com potencial para romper a barragem, que fica abaixo, a 1,5 quil�metro de dist�ncia.
Uma das esperan�as � de que o talude des�a aos poucos, n�o gerando uma onda de choque consider�vel. A probabilidade de que o deslizamento gere um rompimento da Barragem Sul Superior � estimada em aproximadamente 15%, de acordo com avalia��o da �rea de meio ambiente do estado. Uma das medidas para evitar que os rejeitos destruam Bar�o de Cocais � a constru��o de uma barragem a seis quil�metros da mina, no curso do Rio S�o Jo�o, que j� est� em andamento, como mostrou ontem reportagem do Estado de Minas.
BANCOS Ontem, depois de at� 15 dias de interrup��es, os bancos de Bar�o de Cocais voltaram a funcionar. As ag�ncias suspenderam o atendimento devido ao fato de a regi�o central da cidade ser uma das mais vulner�veis ao rompimento, localizada bem na calha do Rio S�o Jo�o. O Banco Bradesco deslocou at� a cidade um caminh�o que funciona como ag�ncia e logo cedo a popula��o pode resolver v�rias pend�ncias que demandavam atendimento pessoal. “Vim para resolver v�rias quest�es que precisava, falando com o gerente. Tamb�m estava muito receoso de descer aqui para o Centro, por causa da barragem, mas tinha de desbloquear dinheiro e resolver problemas do cart�o de cr�dito. Com o caminh�o ficou mais f�cil”, disse o comerciante Francisco Edmilson da Silva Figueiredo, de 57 anos. “O dinheiro da minha aposentadoria ficou preso aqui. Ent�o tive de esperar para liberar. Agora est� tudo normal de novo”, disse o aposentado Joaquim da Cruz Silva, de 78.
Apesar de a apreens�o continuar, entre os moradores h� quem tente retomar o cotidiano depois de uma semana de tens�o.
Ontem, o com�rcio voltou a funcionar normalmente e era poss�vel observar crian�as e adolescentes indo e voltando das escolas. Uma das tentativas de n�o deixar que o medo de um desastre paralise a vida na cidade s�o aposentados, que n�o deixaram de lado os jogos na pracinha principal.