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Estado de Minas

Protesto? Ruas menos enfeitadas no Corpus Christi chamam aten��o em Ouro Preto

Cidade hist�rica apresentou menos arte nas ruas e turistas estranharam


postado em 21/06/2019 07:00 / atualizado em 21/06/2019 07:59

Poucos enfeites nas ruas de Ouro Preto chamaram a atenção de moradores e turistas(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Poucos enfeites nas ruas de Ouro Preto chamaram a aten��o de moradores e turistas (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Pelo menos 1 mil pessoas, segundo c�lculos da Guarda da cidade, testemunharam ontem em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas, uma das mais importantes e antigas celebra��es religiosas crist�s. Os tapetes de serragem chamaram a aten��o mais uma vez e foram o ponto alto da prociss�o de Corpus Christi. Mas, este ano, n�o tanto pela beleza, mas pela falta dela. Com desenhos menos exuberantes e at� mesmo sem a presen�a deles em v�rios pontos, as vers�es para explicar a decep��o de moradores e turistas foram diversas: da falta de m�o de obra a um protesto silencioso contra a repress�o na manifesta��o pol�tica ocorrida na semana santa. Mesmo assim, os rabiscos nas ruas abriram espa�o para um momento especial de reflex�o, comunh�o e partilha.

Independente da profiss�o de f�, se ali estavam pela religi�o ou � for�a do turismo, a prociss�o aglomerou um p�blico que saiu da Igreja S�o Francisco de Assis at� a de Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos. A confec��o dos tapetes come�ou na noite anterior e a expectativa � sempre de um espet�culo � parte. Pelo caminho, eles cobrem normalmente toda a largura das ruas, com temas religiosos e culturais. S�o comuns a presen�a de imagens que retratam passagens b�blicas, Jesus Cristo, Maria e os anjos. Desta vez, raros foram os desenhos que remetem � eucaristia.

O que se via era a maioria absoluta de flores e rabiscos. Pelas ruas, sacos quase inteiros de serragem foram largados � mostra – normalmente, falta material para tanto capricho. Em alguns pontos, como na Rua Direita, logo a partir da Pra�a Tiradentes, montinhos de serragens coloridas davam a impress�o de que os tapetes ainda n�o haviam sido confeccionados ou que j� tinham sido pisoteados pelo cortejo. “Estou achando horr�vel”, disse a aposentada Maria da Concei��o Fernandes, de 75 anos, moradora da cidade. Para ela, o motivo � o des�nimo da popula��o em cumprir a tradi��o.

Para outra moradora, a “briga” que ainda reina entre os dois lados da cidade tem a ver com o desinteresse, al�m da falta de m�o de obra. “Todo ano � a mesma coisa. As pessoas cansam. Parece que faltou gente para fazer”, disse, sem se identificar. “Ouro Preto � dividida. Da Pra�a Tiradentes para c� (sentido Igreja do Pilar) s�o os mocot�s, que participam mais. Da pra�a para l� (na dire��o de S�o Francisco de Assis), s�o os jacubas, que organizaram este ano. Nem gente esperando na porta do Ros�rio tem.”

Tamb�m moradora, a aposentada M�rcia Valadares, de 63, acredita no impacto da proibi��o de se fazer tapetes com cunho pol�tico. A decis�o foi tomada depois do evento da semana santa, em abril, quando um guarda municipal de Ouro Preto pisoteou e desmanchou um tapete de serragem em homenagem � vereadora assassinada do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL).

O tapete estaria fora dos motivos “devocionais” da celebra��o, segundo a Igreja. “Devocional � pelas lutas, pelos nossos direitos, pela igualdade. Muita gente pensa como eu. Ouro Preto � s�mbolo de liberdade, terra da Inconfid�ncia, de Chico Reis, que fez o primeiro trabalho social na cidade. Tapete devocional virou isso: um monte de riscado pela rua”, disse, jogando pap�is picados para enfeitar.

Procurado no fim da prociss�o para comentar o caso, o padre Rog�rio Augusto de Oliveira, vig�rio paroquial da Bas�lica Menor do Pilar, que celebrou a missa na Igreja Nossa Senhora do Ros�rio dos Pretos, desconversou e n�o quis falar sobre o assunto.
 
Saiba mais
Origem e festa
 
A confec��o dos tapetes � uma das muitas manifesta��es do catolicismo, conservada desde o s�culo 18. A serragem expressa a f� por meio de s�mbolos cat�licos. O Corpus Christi tem origem em meados do s�culo 13 e foi trazida ao Brasil nos tempos da monarquia portuguesa. Celebra a eucaristia e simboliza a morte e a ressurrei��o de Jesus Cristo. A festa teve origem em 1263, na B�lgica, a partir das vis�es de Santa Juliana de Mont Cornillon. Em 1264, o papa Urbano IV, por meio da bula papal Trasnsiturus de hoc mundo, estendeu a celebra��o para toda a Igreja. Durante a celebra��o, s�o comuns as prociss�es pelas ruas com o sant�ssimo sacramento, onde as comunidades testemunham sua f� na eucaristia. No Brasil, fi�is enfeitam as ruas com tapetes de serragem colorida, com temas da f� e cultura, manifesta��o art�stica tradicional. 


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