Motoristas de BH admitem ser mais imprudentes que a m�dia do pa�s; veja n�meros

Um levantamento feito pelo Minist�rio da Sa�de com motoristas de todo o Brasil acende o sinal amarelo para o comportamento de condutores de Belo Horizonte, de Minas Gerais e de todo o pa�s. Dados da pesquisa do Sistema de Vigil�ncia de Fatores de Risco e Prote��o para Doen�as Cr�nicas por Inqu�rito Telef�nico (Vigitel) de 2018 indicam �ndices preocupantes em rela��o ao uso de celular ao volante, ao consumo de �lcool e ao abuso de velocidade. Em rela��o BH, um dado que deve deixar autoridades em alerta � que a cidade aparece entre as 15 capitais brasileiras com mais altos �ndices nos tr�s quesitos, superando a m�dia nacional em todos eles. Vale lembrar que os dados s�o fruto de manifesta��o espont�nea dos entrevistados, n�o refletindo os reais percentuais de infra��es.

Um dos dados que mais chamam a aten��o no levantamento diz respeito � pr�tica considerada pelo Detran de Minas como a principal causa de acidentes no estado: o uso de celular ao volante. Agentes de tr�nsito flagraram em territ�rio mineiro, em 2019, um motorista usando celular enquanto dirige a cada dois minutos e meio, em m�dia, segundo dados referentes ao per�odo de janeiro a mar�o. A m�dia mensal neste ano no estado supera as 17,3 mil infra��es por esse motivo, n�mero que � 41% superior aos 12,2 mil flagrantes por m�s de 2018.

Esses n�meros ajudam a entender o cen�rio revelado ontem pelo Minist�rio da Sa�de sobre o h�bito de usar o smartphone ao dirigir. A pasta mostrou que 19,3% dos condutores ouvidos nas capitais do pa�s admitem telefonar, teclar ou conferir a internet e mensagens enquanto dirigem – disparadamente a infra��o mais admitida entre os entrevistados. Isso significa uma a cada cinco pessoas assumindo que comete a infra��o. Em Belo Horizonte, que registra ligeira redu��o da m�dia mensal de flagrantes em 2019 (veja quadro), o percentual � ainda maior do que a m�dia nacional, chegando a 21,5% da popula��o usando o telefone ao mesmo tempo em que conduz um ve�culo.

Em todo o estado j� s�o 52.131 multas aplicadas a condutores que foram vistos por agentes de tr�nsito com o telefone ao dirigir. No ano passado, o n�mero chegou a 147.107 registros. O C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB) divide o uso de celular de tr�s formas. Segurar o aparelho ou manusear o telefone apareceram no c�digo com essa caracteriza��o a partir da Lei 13.281, de 2016. Em qualquer uma dessas situa��es o condutor � multado em R$ 293,47 e perde sete pontos na Carteira Nacional de Habilita��o (CNH). Al�m disso, o CTB tamb�m pune aqueles que forem pegos “utilizando-se de telefone celular”. Essa reda��o serve para o condutor que for flagrado usando “fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular”. Nesse caso, a infra��o � considerada m�dia, o condutor perde quatro pontos na carteira e est� sujeito a multa de R$ 130,16.

CONSCIENTIZA��O Para a delegada Amanda Curty, coordenadora de Educa��o para o Tr�nsito do Detran/MG, as multas est�o aumentando no estado porque a fiscaliza��o est� maior. A delegada � taxativa ao garantir que hoje as duas principais causas de acidente no estado s�o o uso do celular ao volante e a ingest�o de bebidas alco�licas por motoristas antes de dirigir, com maior destaque para a primeira infra��o. “O combate ao uso do telefone � feito por campanhas educativas, como a que terminou agora com o Maio Amarelo, e parte pela repress�o. A conscientiza��o das pessoas, com certeza, � o principal fator para mudar esse quadro. Basta lembrar da situa��o do cinto de seguran�a: h� muitos anos era dif�cil convencer algu�m, mas hoje praticamente todo mundo coloca o cinto ao entrar em um carro”, compara. Segundo ela, o Detran tem promovido campanhas para aumentar essa conscientiza��o. “O uso de �lcool e celular est�o sempre no foco das campanhas”, afirma.

O risco � muito grande para quem insiste em mexer no aparelho enquanto dirige, na avalia��o do especialista em medicina de tr�fego Dirceu Rodrigues Alves, diretor de Comunica��o da Associa��o Brasileira de Medicina do Tr�fego (Abramet). Segundo ele, estudos da Nasa, a ag�ncia espacial dos Estados Unidos, mostram que apenas 2% dos condutores conseguem realizar duas tarefas bem. “O celular tira a fun��o cognitiva, como a aten��o, a concentra��o e a percep��o, e reduz a parte motora, que � a resposta que se precisa dar diante do que ouve e v�. Al�m disso, ainda altera a fun��es sens�rio-perceptivas, como a vis�o, audi��o e a parte t�til”, afirma o m�dico. O resultado dessas altera��es, segundo ele, � o aumento da chance de acidentes. “Dependendo da situa��o, vamos ter les�es, graves, grav�ssimas, podendo inclusive chegar ao �bito no local do acidente”, acrescenta.

 

A pesquisa conduzida pelo Sistema de Vigil�ncia de Fatores de Risco e Prote��o para Doen�as Cr�nicas por Inqu�rito Telef�nico entrevistou mais de 52 mil pessoas em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre fevereiro e dezembro do ano passado. Trata-se de levantamento feito pelo Minist�rio da Sa�de desde 2006, que monitora diversos fatores de risco e prote��o relacionados � sa�de, incluindo a tem�tica de tr�nsito. Acidentes automobil�sticos s�o considerados a segunda maior causa de mortes externas no pa�s. Em 2017 no Brasil, 35,4 mil pessoas perderam a vida nessas circunst�ncias e 182.838 foram internadas, gerando nesse �ltimo caso gastos de R$ 260,8 milh�es. Al�m das sequelas emocionais, muitos pacientes ficam com les�es f�sicas, sendo as principais consequ�ncias amputa��es e traumatismo cranioencef�lico, segundo a Sa�de nacional.

Risco no acelerador e no copo