Ca�ada a bandidos que atacaram bancos em Uberaba continua
Policiais retomam as buscas por 15 a 20 assaltantes que participaram de mega-ataque na cidade e teriam se embrenharam em �reas rurais para fugir da forte rea��o dos militares. Outros 10 j� foram presos
postado em 28/06/2019 06:00 / atualizado em 28/06/2019 08:26
Depois de cerco e horas de negocia��o, 10 assaltantes se renderam, liberaram ref�ns e foram presos (foto: Pol�cia Militar de Minas Gerais/Divulga��o)
O dia come�a hoje com a retomada da ca�ada iniciada ontem a bandidos que levaram terror ontem a Uberaba, no Tri�ngulo Mineiro. Policiais militares buscam de 15 a 20 criminosos que teriam se embrenhado por caminhos alternativos entre planta��es e �reas rurais da regi�o. Uma das hip�teses levantadas � de que parte do bando tenha fugido de avi�o, decolando-se de uma pista clandestina da regi�o, o que demonstraria ainda mais o n�vel de sofistica��o da quadrilha, fortemente armada. A pol�cia n�o confirmava, at� a noite de ontem, qual quantia teria sido levada pelos assaltantes em fuga, embora durante o epis�dio moradores tenham registrado em v�deo o que seriam malotes de dinheiro em ca�ambas de caminhonetes.
O terror em Uberada, e a consequente rea��o policial, come�ou no fim da madrugada de ontem e fez a popula��o uberabense reviver os momentos de p�nico de um ano e sete meses atr�s, quando 30 bandidos fortemente armados realizaram um ataque audacioso � transportadora de valores Rodoban e levaram cerca de R$ 20 milh�es, segundo apurou a reportagem � �poca. Fazendo uso de posicionamento t�tico e de grande poder de fogo, os assaltantes conseguiram manter a pol�cia afastada, explodir os cofres da empresa e fugir com o dinheiro. Uma a��o que ganhou a classifica��o de Novo Canga�o, pela semelhan�a com os ataques dos cangaceiros no sert�o dos s�culos 19 e 20. Desta vez, a quadrilha chegou ao Centro por uma das vias principais, a Avendia Leopoldino de Oliveira. Empunhando carabinas e fuzis, os bandidos se movimentaram em carros de passeio, uma caminhonete e um caminh�o, que logo foi usado para bloquear a �rea onde operariam. Os disparos come�aram e visavam manter a pol�cia e os vigilantes distantes. Mas a rea��o das for�as de seguran�a desta vez foi mais r�pida.
Mais uma vez a inten��o era sitiar a cidade. Uma unidade do Corpo de Bombeiros foi fuzilada. A fuma�a de bombas fez com que dois vigilantes fugissem com dificuldades respirat�rias. At� um edif�cio onde funcionam gabinetes de vereadores se tornou alvo de disparos. V�rias pessoas acabaram se tornando ref�ns numa farm�cia. Um deles, ainda n�o identificado, foi amarrado � frente de um dos carros dos bandidos, servindo de escudo humano. Desta vez, por�m, a resposta da Pol�cia Militar foi r�pida e por v�rios v�deos que circularam nas redes sociais se percebeu uma n�tida mudan�a de atitude. Em vez de os policiais se abrigarem do fogo cerrado dos bandidos, aguardando por refor�os para poder reagir, os militares avan�avam em forma��o t�tica, ganhando terreno e devolvendo os ataques sofridos pelos criminosos na mesma propor��o. N�o restou outra sa�da ao grupo criminoso que n�o fosse deixar a cidade em alta velocidade pela rodovia BR-262, na dire��o do munic�pio de Arax�. Desta vez, foram perseguidos pelos militares, que j� tinham conseguido levantar bloqueios pela extensa malha de rodovias e estradas de terra.
Em estrada na zona rural, parte do bando caiu em cerco e se rendeu (foto: Pol�cia Militar/Divulga��o)
Nenhum bandido conseguiu fugir por meio de rodovias pavimentadas, de acordo com o comandante do Batalh�o de Tr�nsito da PM, tenente-coronel Paulo Ant�nio de Moraes. “As unidades locais fizeram cercos e as nossas equipes dos Grupos T�ticos Rodovi�rios (GTR), que foram criados para o enfrentamento a esse tipo de crime, conseguiram rapidamente fechar um bloqueio em Uberaba. Tal situa��o fez com que os criminosos tentassem evadir pelas estradas rurais”, disse o comandante. “Podemos ver que os investimentos em treinamento, capacita��o e a cria��o de grupos especiais fez toda a diferen�a nesse conflito”, disse.
A fuga pelas estradas planas da regi�o, entre planta��es de soja e canaviais, continuou adentrando vias vicinais na altura do Km 765 da BR-262, a cerca de 42 quil�metros de Uberaba e a quase 75 quil�metros de Arax�. Uma �rea muito extensa, com mais de 440 mil hectares, compreendida pelas rodovias BR-464, BR-452, BR-050, MG-190 e o Rio Grande, na divisa com S�o Paulo. Dentro desse labirinto de caminhos de terra batida os criminosos poderiam escapar por v�rias comunidades como as de Ponte Alta, Engenho Lisboa, Guaxima, Erial, Tapuirama, Rovaldo, In�cio Gon�alves, Santa Rosa e Jubai. Contudo, os contingentes de policiais de meio ambiente refor�ados por militares das mesmas seis regi�es de onde vieram refor�os j� tinham conseguido, com apoio do policiamento regular, levantar cercos fortemente armados. “Foi num desses cercos que 10 bandidos precisaram tomar um caminh�o e fazer sete ref�ns de uma fazenda. N�o teriam como passar por l� e outros, ao mesmo tempo, continuavam a ser perseguidos por outras estradas rurais”, conta o comandante do Batalh�o de Meio Ambiente, tenente-coronel Marcone Pereira.
Os refor�os continuaram chegando, inclusive por meio de tr�s aeronaves do Comando de Avia��o do Estado. Um dos helic�pteros, capacitado para navegar durante o escuro da madrugada, levou 18 militares do esquadr�o antibombas e da unidade de negociadores do Grupo de A��es T�ticas Especiais (Gate). Foram esses negociadores que conseguiram, por volta das 9h30, a rendi��o dos 10 criminosos e dos sete ref�ns, um deles uma crian�a de 12 anos e outra de apenas 2. Segundo as primeiras informa��es da pol�cia, os bandidos disseram ter vindo de Campinas, no interior de S�o Paulo. A divisa entre o estado vizinho e Uberaba fica a apenas 32 quil�metros. Um dos detidos foi encarregado de passar v�rios dias observando os bancos, rotas de fuga e rotinas de seguran�a em Uberaba.
Nos carros usados pelos criminosos foram encontradas manchas de sangue que podem indicar que algum deles foi ferido no confronto com os policiais e continua a tentar escapar.
(foto: Arte EM)
Uma d�cada de ataques
No ataque � empresa Rodoban em 2017, carros foram queimados para bloquear a passagem da pol�cia (foto: S�rgio Teixeira/Divulga��o - 6/11/17)
Cidades do Tri�ngulo Mineiro t�m sido alvo de ataques de quadrilhas de assalto a caixas eletr�nicos e empresas de transporte de valores desde o in�cio da d�cada. O maior deles antes da a��o de ontem ocorreu em 6 de novembro de 2017 tamb�m em Uberaba. Naquela data, aproximadamente 20 criminosos assaltaram a Rodoban, empresa de transporte de valores. A ofensiva teve tiros de fuzil, transformadores de energia el�trica estourados � bala, barricadas com carros e pneus queimados. O grupo roubou uma quantia que pode chegar a R$ 20 milh�es segundo disseram � �poca fontes extraoficiais. Tr�s pessoas foram presas. Quatro dias depois, criminosos envolvidos no ataque tentaram roubar uma viatura, vestidos de policiais. Os bandidos trocaram tiros com policiais civis em Concei��o das Alagoas. Trio que tentou resgatar o corpo de uma dos envolvidos foi preso.
Outros ataques dentro dessa modalidade ocorreram em Uberaba. O primeiro deles em 17 de outubro de 2012, quando bandidos tentaram explodir caixa eletr�nico em banco. Conforme a pol�cia, os criminosos chegaram a instalar uma banana de dinamite de 40 cent�metros em um dos equipamentos. O pavio foi aceso, mas o explosivo falhou. Menos de dois anos depois, em 1 º de junho de 2014, criminosos roubaram aproximadamente R$ 350 mil em assalto a um banco. Na a��o, foram arrombados dois caixas eletr�nicos e cofres da ag�ncia Santander, no Centro da cidade. Os ladr�es levaram cerca de R$ 250 mil, US$ 27 mil e € 13 mil.
Depois da a��o cinematogr�fica de 2017, foi a vez de um vigilante e um motorista serem rendidos e amarrados durante um assalto a uma ag�ncia dos Correios que terminou com o roubo do cofre da institui��o. Tr�s criminosos armados invadiram a ag�ncia por um galp�o vizinho ao terminal, em 17 de mar�o. Em maio, outro ataque. Criminosos utilizaram perucas e m�scaras em roubo a banco. Primeiro, sequestraram o gerente da ag�ncia e o fizeram ref�m. Ele foi levado em um carro at� que seguran�as e outros funcion�rios tamb�m fossem rendidos. O grupo conseguiu acessar o cofre e fugiu levando aproximadamente R$ 420 mil.
Na mesma regi�o, Uberl�ndia tamb�m vem sendo alvo de ataques ao longo da d�cada. Em 18 de junho de 2012, quatro homens foram detidos com uma banana de dinamite em frente a uma ag�ncia banc�ria em Uberl�ndia. Um policial � paisana, que passava pr�ximo ao local, suspeitou da atitude do quarteto e acionou a pol�cia. Em janeiro de 2014, criminosos explodiram caixa eletr�nico de ag�ncia banc�ria. Eles usaram uma bomba caseira, n�o conseguiram atingir o cofre e fugiram. No mesmo dia, tr�s bancos foram arrombados durante a madrugada. Os ataques ocorreram em menos de tr�s horas. PM suspeitava de atua��o de uma mesma quadrilha.
Em setembro de 2017, criminosos arrombaram ag�ncia banc�ria em Uberl�ndia. Testemunhas informaram que tr�s homens armados fugiram ap�s invadir o banco e atirar para o alto. O trio n�o usou explosivo na a��o nem conseguiu roubar dinheiro.
No mesmo ano, um baque no crime. Opera��o policial apreendeu, em outubro, material para arrombar e explodir caixas eletr�nicos em Uberl�ndia. Duas caminhonetes clonadas foram encontradas e dentro delas estavam materiais como artefatos explosivos, cilindros de oxig�nio, objetos pontiagudos normalmente usados para furar pneus de viaturas, alavancas, p�s de cabra, coletes bal�sticos, uniformes militares e muni��o, al�m de outros produtos. Segundo a Sesp, o material seria usado para explodir caixas em Minas, provavelmente na Regi�o do Tri�ngulo Mineiro. *Estagi�rios sob supervis�o do editor Roney Garcia