Mostra exibe retratos gigantes de moradores da Lagoinha, em BH
Montada �s margens da Avenida Ant�nio Carlos, exposi��o traz fotografias de pessoas que contaram suas experi�ncias e s�o base de document�rio sobre o tradicional bairro da capital mineira
postado em 05/07/2019 06:00 / atualizado em 05/07/2019 08:06
Retratos de 4m por 2m de moradores do bairro, que est� na origem da constru��o da cidade, comp�em a mostra e ficar�o em exposi��o at� o dia 14 a c�u aberto (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Patrim�nio tamb�m � feito de pessoas. Ali�s, � feito sobretudo delas. Na Lagoinha, mem�rias e hist�rias de quem fez e faz viver uma das regi�es mais ic�nicas da capital mineira se transformaram em registros fotogr�ficos e de �udio de aproximadamente 200 moradores, trabalhadores e frequentadores do entorno. Ontem, o bairro da Regi�o Noroeste de Belo Horizonte recebeu a exposi��o “Moradores Lagoinha”, montada �s margens da Avenida Ant�nio Carlos, entre o conjunto IAPI e o Mercado da Lagoinha. O local, pr�ximo ao antigo Departamento de Investiga��es (D.I), palco de in�meros casos policiais, muitos deles de repercuss�o nacional, e at� hoje associado � viol�ncia, d� lugar � valoriza��o do que uma na��o tem de mais precioso: as pessoas.
A exposi��o de retratos em grande formato � uma a��o do Projeto Moradores – A humanidade do patrim�nio, idealizado e executado pela Nitro Hist�rias Visuais. Em parceria com a Prefeitura, fotografou, entrevistou e registrou as mem�rias de centenas de pessoas. Durante cinco dias do m�s passado, moradores, trabalhadores e frequentadores do bairro e regi�o contaram suas hist�rias de afetividade com esse que � um dos mais antigos e importantes territ�rios da capital mineira. Eles foram entrevistados e fotografados numa tenda branca montada em diversos pontos.
“Esse espa�o � estigmatizado como �rea de viol�ncia, segrega��o e de usu�rios de drogas. Queremos dar um uso mais ameno e humano numa regi�o que tem uma rela��o d�bia com BH”, diz a diretora de Patrim�nio Cultural, Arquivo P�blico e Conjunto Moderno da Pampulha, da Funda��o Municipal de Cultura, Fran�oise Jean de Oliveira Souza. Ela lembra que o bairro est� na origem da constru��o da cidade: as pedras que fundaram a nova capital sa�ram de l� e a m�o de obra que ergueu Belo Horizonte foi morar na �poca na ent�o perif�rica Lagoinha. “Essa miscel�nea de gente, com imigrantes do interior do estado e de outros pa�ses somados a escravos, proporcionou um encontro de culturas que fez com que a regi�o fosse um caldeir�o cultural. Boa parte da riqueza cultural de BH vem dali”, ressalta.
Imagens podem ser vistas no canteiro em frente ao DHPP, da Pol�cia Civil, na Avenida Ant�nio Carlos (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Mas, embora tenha estado no come�o de tudo, foi maltratada ao longo dos anos. “O bairro passou por perdas de territ�rios, seja pela constru��o do IAPI ou do complexo vi�rio. H� sucessivas situa��es de viola��o aos seus direitos, embora seja important�ssima na hist�ria da cidade”, afirma. A mostra tem 12 retratos de moradores da Lagoinha em pain�is de grande formato (4m por 2m), que ficar�o em exposi��o at� o dia 14. Traz um recorte de v�rias gera��es e de v�rias comunidades que comp�em a regi�o, com a Pedreira Prado Lopes, o conjunto IAPI e a Vila Senhor dos Passos (Buraco Quente).
Na abertura, na noite de ontem, os moradores que participaram do projeto puderam retirar uma c�pia de seu retrato. Em seguida, a programa��o incluiu exibi��o de filme document�rio curta-metragem baseado nas hist�rias contadas pelos pr�prios moradores. Para fechar a noite, nada melhor do que uma roda de samba, patrim�nio do qual a regi�o da Lagoinha foi o ber�o em BH. “Parecia que as pessoas que se prontificaram a dar depoimentos tinham �nsia de falar e mostrar o afeto que t�m pelo bairro. Um desejo reprimido. Elas n�o ignoram os problemas, mas t�m grande afeto”, conta Fran�oise.
A exposi��o faz parte do projeto Horizontes Criativos, da PBH, cujo objetivo � fortalecer as potencialidades culturais e econ�micas da Lagoinha, a partir de uma constru��o conjunta com comunidade. Nesse trabalho, v�rias gera��es est�o sendo entrevistadas. Haver� ainda uma cartografia cultural do bairro para identificar express�es culturais e lugares para subsidiar pol�ticas p�blicas. “Antes de qualquer proposta queremos ouvir as pessoas, entender a rela��o afetiva delas, pois h� ali um patrim�nio humano.”
