
Em bairros nobres, na periferia, em grandes com�rcios ou em pequenos bares. As liga��es clandestinas e fraudes em medidores de consumo, os chamados “gatos”, est�o presentes em diferentes lugares das cidades mineiras, provocando preju�zos para a Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) e, principalmente, para os consumidores. Somente nos primeiros seis meses deste ano, 29,5% dos 115 mil medidores de energia verificados tinham irregularidades. E elas pesam no bolso de quem paga as tarifas corretamente. A cada R$ 100 gastos na conta, R$ 5 representam custos dos “gatos”. Para coibir essa pr�tica criminosa, uma opera��o foi realizada no Centro de BH.
Os gatos v�m sendo feitos de maneiras inusitadas. Alguns, puxam a energia diretamente da rede da Cemig, outros fazem uma interven��o no medidor para o aparelho registrar valores menores. “A quest�o das liga��es irregulares tem aumentado ao longo do tempo, mas a Cemig vem intensificando as inspe��es e verifica��es para neutralizar e minimizar as fraudes. Elas causam um preju�zo para a empresa e a sociedade. A estimativa � de que a conta poderia ficar 5% mais baixa, caso n�o houvesse esse tipo de liga��o irregular”, explicou Armando Fernandes Rocha, engenheiro de controle de perdas comerciais da Cemig.
Na tentativa de coibir a pr�tica, somente nos seis primeiros meses de 2019, 115 mil medidores de energia passaram por vistoria. Em 34 mil foram encontradas irregularidades. “A Cemig tem um centro de intelig�ncia que monitora todos os clientes. Ent�o, em caso de qualquer anomalia ou situa��o que gera alerta, enviamos equipe a campo”, informou o engenheiro.
Ontem, irregularidades voltaram a aparecer em vistoria e fiscaliza��o feitas pela Cemig no Hipercentro de Belo Horizonte com foco em cerca de 200 medidores, entre estabelecimentos comerciais e residenciais da regi�o. Uma delas foi flagrada na Rua Curitiba, onde os t�cnicos n�o encontraram o rel�gio de medi��o de consumo de uma barbearia. De acordo com a assessoria de imprensa da Cemig, oficialmente o local estava desligado desde dezembro de 2018. Na manh� de ontem, os t�cnicos encontraram uma liga��o direta, sem a presen�a do rel�gio.
O respons�vel pela barbearia, Jos� Luiz de Andrade, disse que desconhece a situa��o e n�o sabe do paradeiro do equipamento. Segundo ele, as contas chegam normalmente e, por isso, vai procurar saber o que ocorreu. A Cemig cortou a energia do estabelecimento e, de acordo com a companhia, o fornecimento s� ser� retomado depois que o respons�vel pagar o que era devido conforme uma m�dia de at� 36 meses a ser considerada no per�odo em que o consumo era regular.
Outras irregularidades tamb�m foram flagradas no Hipercentro, como em um restaurante da Rua dos Caet�s em que a fraude foi praticada ainda na parte subterr�nea da estrutura da Cemig. Al�m do pagamento do que foi furtado com base em uma m�dia do per�odo de consumo regular, o “gato” pode levar a outras penas. Ele � considerado crime, de furto, pun�vel pelo artigo 155 do C�digo Penal. A pena varia de um a oito anos de reclus�o, de acordo com as caracter�sticas do crime, al�m de multa.
RISCO DE MORTE
O problema vai ainda al�m do crime e das perdas financeiras para a companhia e para a popula��o. As liga��es clandestinas podem levar risco aos pr�prios infratores e a terceiros. H� registros de pessoas que perderam a vida ou sofreram queimaduras graves ao tentar fazer “gatos”. “Qualquer interven��o no sistema el�trico da Cemig � um risco muito grande. A pessoa inabilitada que atua nos padr�es de energia ou na rede pode vir a ser mutilada, sofrer queimaduras e at� morrer. J� temos casos registrados de �bitos de pessoas que tentavam fazer liga��o clandestina”, comentou o engenheiro.
LIGA��ES IRREGULARES
Ano Inspe��es Irregularidades
2017 99 mil 55 mil
2018 185 mil 75 mil
2019*115 mil 34 mil
*Janeiro a junho
Fonte: Cemig