Megaopera��o combate 'gatos' de �gua e luz em 40 im�veis da Grande BH
Fraudes foram detectadas no Vale das Ac�cias, em Ribeir�o das Neves; mais de 70 agentes da Copasa, Cemig, Pol�cia Civil e Pol�cia Militar participam da a��o.
Viaturas da PM a caminho da opera��o em Ribeir�o das Neves (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Uma opera��o deflagrada na manh� desta ter�a-feira (2/2) pelo Minist�rio P�blico, pela Pol�cia Civil de Minas Gerais, com o apoio da Pol�cia Militar, mira os chamados "gatos", fraudes no abastecimento de �gua e energia el�trica em 40 imoveis do Bairro Vale das Ac�cias, em Ribeir�o das Neves, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo informa��es da Copasa e da Cemig, as fraudes envolvem resid�ncias, estabelecimentos comerciais, s�tios de eventos e at� ind�strias.
No caso da subtra��o de �gua, a Copasa suspeita de que os desvios s�o praticados pela Associa��o de Propriet�rios de �gua do Vale das Ac�cias (Apro�gua).
A entidade proporcionaria aos donos de lotes e resid�ncias do bairro a op��o de pagar uma taxa fixa, de baixo custo, pelo abastecimento livre.
Com isso, as perdas financeiras registradas pela Copasa na localidade teriam chegado a 86%. Ou seja: a cada 100 litros de �gua enviados, apenas 14 eram pagos.
Os artif�cios de capta��o ilegal impressionam pela sofistica��o: de acordo com a Copasa, a Apro�gua teria instalado uma adutora de 150 mil�metros de di�metro no subsolo. A estrutura � capaz de desviar de 9 a 10 litros de �gua por segundo. Isso significa que, em apenas um minuto, a perda � de quase 600 litros de �gua.
Segundo dirigentes da companhia, a pr�tica contribui para agravar a falta de �gua em Ribeir�o das Neves. O desabastecimento na cidade � frequente, motivando at� mesmo protestos da popula��o.
"Essa investiga��o teve in�cio a partir das paralisa��es recentes nas BRs organizadas por pessoas com abastecimento prejudicado. E n�o tinha por que isso acontecer, pois h� muita �gua na regi�o. A Copasa produz �gua suficiente para todos, mas o �ndice de perda � muito elevado. A Copasa ent�o identificou que essa �rea � uma das principais que apresentam perda de �gua. E o motivo � a fraude, o furto de �gua. Isso prejudica o sistema de abastecimento como um todo", afirma Jos� Cl�udio Ramos, Gerente Mtropolitano Oeste da Copasa
"Identificamos aqui, hoje, que h� muitas liga��es clandestinas. H� operadores internos da rede fazendo uso de forma irregular, n�s constatamos isso. Tem im�veis que fazem o uso de forma indiscriminada, at� s�tios de festas. E isso provoca uma altera��o enorme no sistema de distribui��o. Com isso, muitas pessoas ficam prejudicadas, motivo das manifesta��es recentes", complementou.
O gestor estima que 57% de toda a �gua enviada a Ribeir�o das Neves � desviada por gatos. O preju�zo financeiro desse tipo de crime � empresa em todo o estado chega a R$ 13,5 milh�es mensais.
Energia el�trica
T�cnicos da Cemig analisam rel�gio (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
No Vale das Ac�cias, a Cemig investiga irregularidades em 50 locais. Dois "gatos" foram confirmados esta manh� logo na entrada do bairro.
As irregularidades foram desmontadas e os equipamentos com sinais de interven��o foram lacrados e enviados para laborat�rio, onde passar�o por avalia��o, conforme determina a Resolu��o 414/2010 da Aneel.
O engenheiro da Cemig Armando Rocha alerta que o furto de energia encarece a tarifa para os consumidores mineiros, que poderia ser mais barata n�o houvesse fraudes.
“O preju�zo � compartilhado entre a Cemig e a comunidade. � como se fosse um condom�nio com 10 moradores, e um deles n�o pagasse corretamente. A taxa ficaria mais alta para os nove que s�o corretos. Esse delito causa tamb�m transtornos � popula��o, pois sobrecarrega a rede de distribui��o, compromete a qualidade do fornecimento de energia da regi�o onde ela est� localizada, e ainda amea�a a seguran�a da vizinhan�a", diz o engenheiro.
A Cemig estima que o preju�zo causados anualmente pelas fraudes em Minas gira em torno de R$ 400 milh�es.
O furto de �gua e energia � crime previsto no c�digo penal e pode resultar em at� 8 anos de pris�o.
Mais crimes na mira
Dirigentes da Copasa e da Cemig informaram que haver� desdobramentos da Opera��o Impacto, que deve apurar outros crimes relacionados � investiga��o de hoje.
Nesta ter�a-feira, por�m, o foco principal era a constata��o dos gatos de �gua e luz.
A a��o deflagrada esta manh� mobilizou 23 agentes da Cemig - entre engenheiros t�cnicos, supervisores e empregados da seguran�a patrimonial - al�m de 47 funcion�rios da Copasa, encarregados da supress�o de gatos e recomposi��o de pavimentos.
Cinco viaturas com integrantes PM, da Pol�cia Civil e do Minist�rio P�blico tamb�m foram deslocadas a Ribeir�o das Neves.
Apro�gua nega 'gatos'
Diretor da Apro�gua nega irregularidades (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Questionado pelo Estado de Minas, o diretor da Apro�gua, Ant�nio Bento dos Santos, negou as irregularidades apontadas pela Copasa. Segundo o dirigente, a associa��o existe desde 1990, est� devidamente documentada e atua de forma legal.
Santos alega que a entidade oferece abastecimento oriundo de um po�o artesiano e que as liga��es feitas nesse po�o podem conter "gatos" derivados por outras pessoas, n�o pela Apro�gua.
As taxas pagas pelos associados - cerca de 30, no total - seriam referentes ao rateio da manuten��o da estrutura de atendimento.
Ele afirma que a entidade foi criada por empres�rios e moradores da regi�o e acusa a Copasa de prestar um mau servi�o.
"H� quatro dias n�o tem �gua por aqui. N�s � que temos ficar fornecendo baldes �s casas da regi�o, que nem s�o nossas associadas, para atividades simples, como fazer comida", argumentou.