'Algo muito grave ocorreu. Brumadinho n�o passar� em branco', diz diretor da Vale
Encontrar todos os desaparecidos, conter rejeitos e entender o desastre para evitar outros s�o desafios na mira da diretoria criada pela Vale para reparar efeitos da trag�dia, diz Marcelo Klein, que comanda as a��es
postado em 25/07/2019 06:00 / atualizado em 25/07/2019 10:38
O luto ainda n�o acabou, feridas est�o abertas e a dor n�o passa. Mas � preciso continuar e reconstruir. Seis meses depois do rompimento da Barragem 1 da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, o desafio � dar um passo � frente e retomar a vida num ambiente onde ela parece perdida. Com a principal inc�gnita para o desastre ainda sem resposta – as raz�es do colapso –, est�o em curso a��es de repara��o socioambientais e econ�micas na inten��o de dar respostas � trag�dia e sair da fase emergencial para a perene. O maior desafio est� posto: encontrar as 22 v�timas ainda desaparecidas.
O Corpo de Bombeiros caminha para 180 dias de buscas e outros mais de 150 profissionais est�o envolvidos no planejamento das opera��es. O diretor especial de Repara��o e Desenvolvimento da Vale, Marcelo Klein, ressalta que � preciso fechar o luto. “Apesar de 92% das v�timas terem sido localizadas, s� os 100% interessam”, diz. Esta semana, chegou ao Instituto M�dico-Legal (IML) de BH o �ltimo aparelho que faltava ser entregue: o Illumina, com tecnologia de ponta que permitir� fazer o sequenciamento do DNA de 137 segmentos de corpos que est�o no instituto e cuja identifica��o n�o foi poss�vel com equipamentos at� ent�o dispon�veis.
Com foco ainda na dor e na morte, o apoio psicossocial vai trabalhar com os atingidos agora a perspectiva de vida. “Os �rf�os v�o se tornar cidad�os de valor, o tempo vai cicatrizar as feridas e as fam�lias v�o abra�ar a perspectiva de continuidade e n�o ficar paralisadas na morte”, aposta Klein. Esse � um dos pontos das reuni�es semanais entre o diretor de repara��o, a presid�ncia e a diretoria executiva da Vale, dona da barragem que se rompeu em 25 de janeiro. Toda segunda-feira, Marcelo Klein abre o encontro da alta c�pula reportando andamentos da semana anterior. Outras duas agendas semanais incluem relat�rio sobre o andamento operacional e do suporte de atendimento a advogados e o setor financeiro.
Essa proximidade � destacada pelo executivo como a principal diferen�a no tratamento da trag�dia de Brumadinho em rela��o � condu��o do desastre da Barragem do Fund�o, em Mariana, operada pela Samarco. “Mais velocidade, poder de execu��o maior e criando alternativas que constituem vias de acesso aos indenizados para que consigam viver. Toda a Vale est� mobilizada na repara��o. Ningu�m � mais o mesmo depois de 25 de janeiro.”
Marcelo Klein participa de reuni�es semanais para avaliar as a��es (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Dentro de dois meses, outro desafio, dessa vez ambiental, ser� posto � prova: conter os rejeitos a serem carreados pela �gua das chuvas. Para enfrentar o per�odo chuvoso e impedir que sedimentos cheguem ao Rio Paraopeba, a Vale est� construindo um barramento filtrante, com capacidade para 750 milh�es de litros para comportar o material e liberar passagem apenas da �gua. A a��o integra o segundo pacote de obras de conten��o de danos ambientais, que come�ou com uma barreira na conflu�ncia do Ribeir�o Ferro-Carv�o com o Rio Paraopeba. A cortina de estacas met�licas est� pr�xima � nova ponte da estrada Alberto Flores. Tem 75 estacas de a�o, que formam uma barreira de 105 metros no rio. A estrutura cont�m os rejeitos, capta �gua e a bombeia at� a Esta��o de Tratamento de �gua Fluvial (Etaf), de onde � devolvida limpa ao rio. Tamb�m est� em in�cio a dragagem dos dois primeiros quil�metros do Paraopeba, para restituir a altura natural do leito.
Um conjunto de a��es com as comunidades de Pires, C�rrego do Feij�o e Parque da Cachoeira e trabalhos de grupos de apoio a vi�vas e crian�as est�o no radar da empresa. Em breve, estudo ambiental vai determinar a condi��o da Bacia do Paraopeba antes do rompimento, os danos causados e as propostas de a��es. Na mesma linha, s�o aguardados os resultados do levantamento socioecon�mico, que vai avaliar a constitui��o cultural e demogr�fica, para a��es de acolhimento e reconex�o de pessoas com uma vida normal. “Ficamos com receio de iniciativas redundantes e vazios de a��es em pontos cr�ticos. Por isso, � preciso preencher o tabuleiro e garantir todos os recursos”, afirma o diretor especial de Repara��o e Desenvolvimento, Marcelo Klein. A diretoria foi criada para dar respostas � trag�dia.
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Trag�dia de Brumadinho - Rompimento de rejeitos da Barragem 1 da Mina Feij�o (C�rrego Feij�o)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press )
Para ele, o ponto mais cr�tico � a satisfa��o da comunidade. “Numa comunidade t�o machucada � muito dif�cil falar em satisfa��o. H� a preocupa��o de que o que fazemos est� sendo percebido positivamente. A escuta social � muito importante. Escutar das pessoas o que falta, legitimar a demanda, entender o que a comunidade precisa e o que ainda n�o foi feito”, diz Klein.
“Uma das obriga��es � melhorar pol�ticas e pr�ticas da Vale. Assumir a responsabilidade e p�r uma lupa sobre o que est� ruim.” A autocr�tica sobre os erros vir� depois de conhecidas as causas da trag�dia, segundo o executivo da Vale. At� outubro, espera-se a conclus�o das investiga��es. “Saber por que se rompeu � interesse m�ximo para ter a��es de melhorias das outras barragens e opera��es de maneira geral. Algo muito grave ocorreu”, diz. “Brumadinho n�o passar� em branco.”