Seis meses ap�s a trag�dia, governo anuncia obras e Brumadinho homenageia v�timas
Em culto ecum�nico, fam�lias e amigos lembram os mortos e desaparecidos no rompimento da barragem da Mina C�rrego do Feij�o. Zema anuncia ordem de servi�o para asfaltamento de 3,17 quil�metros entre o Instituto Inhotim e a MG-040
postado em 26/07/2019 06:00 / atualizado em 26/07/2019 08:17
Pouco depois do hor�rio do rompimento, a cidade fez um minuto de sil�ncio pelas v�timas, celebradas ainda em culto ecum�nico realizado no marco zero (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Falta um pai, uma m�e, marido, esposa, filho, irm�o ou irm�. Fam�lias despeda�adas compartilharam ontem seu luto nas homenagens �s v�timas do rompimento da barragem 1 da Mina C�rrego do Feij�o, seis meses depois da trag�dia em Brumadinho. O governador Romeu Zema foi � cidade e se solidarizou com as v�timas, embora n�o tenha comparecido ao evento no marco zero. Logo depois de familiares e amigos chorarem seus entes queridos no marco zero, ele chegou ao Espa�o Aurora, onde anunciou obras para incrementar o turismo no munic�pio e ressaltou que a minera��o no estado vai continuar.
No marco de Brumadinho, na entrada da cidade, na ponte sobre o rio, centenas de pessoas compartilharam abra�os e solidariedade, para n�o deixar no esquecimento as 248 v�timas localizadas e as 22 pessoas ainda n�o encontradas. Coral de adolescentes, culto ecum�nico e barquinhos soltos no Rio Paraopeba integraram as homenagens. Tamb�m foram lembrados os jogadores e torcedores dos times de futebol local mortos na trag�dia.
�s 12h40, pouco depois do hor�rio do rompimento, houve 1 minuto de sil�ncio. Na sequ�ncia, sob versos de m�sica, bal�es brancos e vermelhos soltos no c�u marcaram a homenagem de familiares, amigos e moradores de Brumadinho. Uma chamada fez a leitura dos nomes de cada uma das 270 v�timas. Seis meses depois da trag�dia, resta um luto ainda em curso e uma dor que n�o tem hora para acabar, em momentos de espera que se arrastam ao longo dos meses.
"Um sentimento inexplic�vel", diz Let�cia (D), que perdeu a m�e (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Familiares de v�timas localizadas e n�o localizadas se re�nem todos os dias �s 3h para rezar pelos desaparecidos e pedir que sejam encontrados. Nesse grupo, est� Juliana Fonseca, de 40 anos, que perdeu cunhado, quatro primos e a m�e dos tr�s enteados. Todos foram encontrados. “Nenhuma fam�lia merece esperar. Precisamos enterrar, para fechar o ciclo da espera”, afirmou em l�grimas. “No in�cio, esper�vamos que os parentes ligassem dizendo que estavam bem. Depois, que os hospitais ligassem dizendo que estavam feridos, mas vivos. Agora, o IML (Instituto M�dico- Legal).”
O coral chamou a aten��o de quem estava presente � homenagem. O grupo de adolescentes, do Instituto Adventista Paranaense, chegou h� cerca de uma semana em Brumadinho para apoiar as fam�lias e participar ontem das homenagens. Os jovens ficaram emocionados e tamb�m se renderam ao choro. “Conseguimos sentir a dor das pessoas”, disse Isabelle dos Santos, de 15 anos. “As v�timas tinham muita coisa para viver. E n�o foi s� a vida delas que acabou, mas as de familiares e amigos. A gente se coloca no lugar de cada um”, completou a amiga Luana Dorl, de 14. “Viemos para trazer abra�os e sorrisos, que faltam na cidade.”
Investimentos
Depois do ato em homenagem aos mortos, o governador Romeu Zema chegou a Brumadinho para anunciar investimentos na cidade e sobrevoar a �rea atingida. O governador n�o compareceu ao marco zero, onde ocorreram as homenagens �s v�timas. Ele disse que se solidariza com elas e garantiu que o desfecho ser� diferente do que ocorreu em Mariana, onde se rompeu a Barragem do Fund�o, da Samarco, em 2015, citando o trabalho de diversos �rg�os governamentais.
O governador anunciou ordem de servi�o para uma demanda antiga dos moradores de Brumadinho: a constru��o de uma liga��o asf�ltica de 3,17 quil�metros entre o Instituto Inhotim, maior museu a c�u aberto do mundo, e a MG-040. Al�m da estrada, ser� erguida uma ponte de aproximadamente 240 metros de extens�o sobre o Rio Paraopeba. De acordo com o governo de Minas, as interven��es v�o gerar 200 empregos diretos.
Dona Malvina, m�e de uma das v�timas, � amparada por estudante (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Zema informou que a liga��o de Inhotim � 040 visa desafogar o tr�nsito na �rea Central da cidade. “Ser� criada uma via prop�cia � instala��o de hot�is, restaurantes e outras instala��es que ajudem o turismo”, disse. A ordem de servi�o deve ter in�cio na semana que vem. A via come�ar� na Faculdade Asa (entroncamento com a MG-040), segue pela al�a Norte e desemboca em Inhotim. O prazo estimado de conclus�o � de um ano e meio.
O governador falou ainda sobre o futuro econ�mico do estado. “Minas Gerais � um estado minerador. Essa atividade continuar� existindo e ser� seguro e ambientalmente respons�vel. Serei o �ltimo governador do estado que enfrenta esse tipo de trag�dia”, afirmou. “Temos que olhar o futuro. Fazer de Minas um estado que concilie essa atividade com o desenvolvimento e o meio ambiente. Brumadinho est� recebendo hoje (ontem) apenas sua primeira compensa��o. Muitas vir�o ainda.”
Sa�da sustent�vel da crise
Um trabalho junto �s secretarias de turismo, sa�de, educa��o e assist�ncia social para aplicarem recursos em a��es mais robustas em termos de capacita��o de pessoal e atendimento � popula��o � uma das a��es na busca de se deixar um legado estruturante para Brumadinho. Para o diretor Especial de Repara��o e Desenvolvimento da Vale, Marcelo Klein, a grande li��o da trag�dia � a compreens�o dos impactos da minera��o e de que para ter licen�a de operar deve haver um n�vel de comunica��o e transpar�ncia com a comunidade. Al�m disso, apesar de ser um eixo da vida moderna, deve ser feita de forma sustent�vel, com refor�o de seguran�a operacional. “Quase 400 pessoas foram chamadas a atuar na repara��o. Estamos conseguindo sair da crise para uma condi��o sustent�vel”, disse.
Para Marcelo Klein, diretor de Repara��o da Vale, a grande li��o da trag�dia � de que deve haver transpar�ncia (foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 26/6/19)
A diretoria foi criada oficialmente em 18 de abril para responder por todas as a��es de recupera��o social, humanit�ria, ambiental e estrutural que est�o sendo feitas em Brumadinho e nos munic�pios ao longo do Rio Paraopeba at� a represa de Retiro Baixo, e ainda nas cidades cuja popula��o teve de ser evacuada devido � eleva��o do n�vel de alerta das represas que abrigam.