
A pr�tica virou a vida dela de ponta a cabe�a e ela deu um golpe definitivo na limita��o. Como ocorreu com Deanne, outras 936 pessoas com algum tipo defici�ncia tamb�m t�m a chance de buscar a supera��o por meio da pr�tica esportiva: o programa Superar, da Prefeitura de Belo Horizonte, atende alunos com restri��es f�sicas, visuais, intelectuais, auditivas, m�ltiplas e com autismo em 16 modalidades esportivas. Agora, o projeto fica tamb�m ao alcance de estudantes da Universidade federal de Minas Gerais (UFMG).
O novo n�cleo do Superar j� est� funcionando, gra�as a parceria do programa com o Departamento de Esportes da Escola de Educa��o F�sica, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, do Centro Esportivo Universit�rio (CEU) e do N�cleo de Acessibilidade e Inclus�o da federal. Na primeira fase de implanta��o do programa universit�rio, 20 alunos participar�o no CEU de aulas ministradas pelos alunos de educa��o f�sica da institui��o de ensino superior. S�o oferecidas 16 modalidades: atletismo, basquetebol, bocha regular, bocha paral�mpica, dan�a, futsal, goalball, jud�, nata��o, patina��o, r�gbi em cadeira de rodas, t�nis de mesa, voleibol sentado, parataekwondo, funcional e percuss�o.
Uma chance para que outros sigam o exemplo de Deanne. Ela foi apresentada em 2001 ao jud� como pr�tica esportiva em que poderia expandir suas limita��es. Dois anos depois, integrou o Superar a convite de Marcelo Mendes, t�cnico da equipe de esportistas da Associa��o dos Deficientes Visuais de Belo Horizonte (Adevibel). Em 2003, Marcelo foi integrar o projeto Superar e a convidou. Atualmente, ele � o gerente de Paradesporto da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e um dos respons�veis pelo programa que foi criado em 1994.
Em 2003 foi inaugurado o primeiro Centro de Refer�ncia Esportiva para a Pessoa Portadora de Defici�ncia, no Bairro Carlos Prates, na Regi�o Noroeste da capital. Com o espa�o dispon�vel para treinamentos, a equipe, composta por 10 deficientes visuais, passou a ter local e hor�rio para treinar com regularidade. “Adquiri a defici�ncia com 8 anos. At� os 19 anos, minha vida era escola e casa. N�o tinha vida social ativa. Hoje o jud� representa muito para mim. Fiz amizades e modifiquei minha vida. Por meio dele consegui a inclus�o”, relata.
O esporte encantou Deanne a ponto de ela se dedicar de tal forma aos treinos que a fez alcan�ar performances de alto rendimento. Foi convocada para a Sele��o Brasileira de Jud�. E o caminho da escola para casa, de casa para a escola ficou para tr�s. Ela ganhou asas e viajou o mundo para disputar competi��es nacionais e internacionais. Competiu nas paraolimp�adas de Pequim, em 2008, e Londres, em 2012. Nos jogos pan-americanos do Canad�, em 2015, e M�xico, em 2011. Representou o Brasil em tr�s mundiais de jud�: Turquia, em 2010, EUA, em 2014, e Coreia do Sul, em 2015. Disputou torneios abertos na Alemanha, em 2014 e 2016.
A defici�ncia pede algumas adapta��es para a pr�tica dos esportes, mas, os atletas mais que qualquer outro busca superar as limita��es. “O atleta com defici�ncia tem o mesmo compromisso do atleta de vis�o normal”, diz Deanne. O programa Superar, como destaca, foi fundamental em todas as etapas da carreira da jovem: “Desde quando comecei, ao integrar a sele��o e em toda etapa em que fui atleta de alto rendimento”.
Com trajet�ria exemplar, Deanne defende que o programa pode revelar atletas, mas a import�ncia vai al�m, pois se torna espa�o de socializa��o de pessoas com defici�ncia, que muitas vezes, estavam exclu�das de alguma maneira. “Ali � nosso lugar. O programa contribui para melhorarmos nossas habilidades. � fundamental para deficientes que est�o vindo a�. Al�m de ter a possibilidade de serem atletas de alto rendimento. Mas o objetivo principal do programa � a qualidade de vida para essas pessoas”, pontua.
Para se inscrever no Superar, o participante tem que ter idade superior a 6 anos e apresentar laudo de defici�ncia. “O programa tem objetivo de demonstrar a potencialidade da pessoa com defici�ncia, trabalhar a autoestima e a rela��o social. Como pol�tica p�blica, tem o prop�sito, de para al�m do atendimento, promover a forma��o e capacita��o”, diz o gerente de Paradesporto Marcelo Mendes.
O programa tem duas unidades de refer�ncia (Centro de Refer�ncia Esportiva para a Pessoa Portadora de Defici�ncia e Escola Municipal de Ensino Especial Frei Leopoldo) e sete n�cleos regionalizados: Col�gio Marconi, Clube Palmeiras, escolas estaduais de ensino especial Amaro Neves e Jo�o Moreira Salles, Associa��o de Deficientes Visuais de Belo Horizonte e Associa��o de Surdos. (MMC)
O programa em n�meros
- 2 centros de refer�ncia
- 7 n�cleos personalizados
- 16 modalidades esportivas
- 936 alunos inscritos
- 10 profissionais de educa��o f�sica
- 29 estagi�rios
- 1 m�dico
Para participar
- Ter acima de 6 anos de idade
- Apresentar laudo de defici�ncia.
- Informa��es:
- [email protected] e pelos
- telefones 3277-4546 e 3277-7681
Fonte: Secretaria Municipal de Esporte e Lazer
Enquanto isso... UFMG fora do Future-se
O Conselho Universit�rio da UFMG decidiu recomendar a n�o ades�o da universidade ao Programa Future-se, lan�ado pelo governo federal no m�s passado. Foram apresentados como argumentos para a posi��o a complexidade do tema, o pouco tempo para esclarecimentos, a falta de clareza, a inseguran�a jur�dica e a amea�a � autonomia universit�ria.
“Os eixos centrais da proposta, cujas a��es seriam delegadas a uma organiza��o social, n�o levam em considera��o os princ�pios que caracterizam as universidades p�blicas brasileiras: a articula��o entre ensino, pesquisa e extens�o, que busca a forma��o acad�mico-cient�fica de excel�ncia aliada a uma forma��o cidad�”, pontuou, em nota, o �rg�o m�ximo de delibera��o da federal, presidido pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
O texto lembra que o governo federal n�o anunciou ainda medidas para reverter o bloqueio de cerca de 30% imposto aos or�amentos das federais – no caso da UFMG, os cortes em custeio chegam a R$ 64,5 milh�es.