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Estado de Minas DESAFIO BIKE BH

Biciclet�rios ineficientes barram integra��o com �nibus em BH; entenda

Falta de infraestrutura adequada e inseguran�a em esta��es de �nibus e metr� desestimulam o transporte intermodal em Belo Horizonte


postado em 16/09/2019 06:00 / atualizado em 30/09/2019 11:21

Na Estação São Gabriel, bicicletário fica na área externa, o que desestimula o uso pelos passageiros(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Na Esta��o S�o Gabriel, biciclet�rio fica na �rea externa, o que desestimula o uso pelos passageiros (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Se a infraestrutura de pistas exclusivas para bikes ainda � um desafio em Belo Horizonte pela falta de manuten��o e pela expans�o n�o ter avan�ado de acordo com as metas do Plano de Mobilidade por Bicicleta de Belo Horizonte (PlanBici), como mostrou nosso teste pelos 90km de ciclovias de BH, um quesito mais f�cil de ser resolvido tamb�m est� estagnado.

Das seis esta��es de integra��o de �nibus da capital, apenas tr�s t�m biciclet�rios, enquanto as restantes usam um sistema de paraciclo, no qual a bike s� fica travada em uma �rea que n�o necessariamente est� dentro das esta��es. Situa��es como esta prejudicam muito o uso do chamado sistema intermodal, aquele no qual h� integra��o de bicicletas com transporte p�blico, com o uso de cada tipo de meio de locomo��o de acordo com o perfil do deslocamento.

Na �nica esta��o de BH onde h� o m�nimo de infraestrutura, a Vilarinho, na Regi�o de Venda Nova, o biciclet�rio fica sempre lotado, o que demonstra o interesse dos usu�rios pelo transporte intermodal. O grande diferencial � que nesse caso o espa�o � mantido pelo shopping integrado ao terminal que tem as op��es de �nibus e metr�. Em visita feita pela reportagem durante a semana, em hor�rio comercial, foi poss�vel constatar que o biciclet�rio estava lotado, enquanto o estacionamento para motos ao lado tinha dezenas de vagas ociosas.

  • Esta��es de �nibus de BH com biciclet�rio
  • Vilarinho
  • Venda Nova
  • Barreiro

  • Esta��es de �nibus de BH com paraciclo (local para fixar bikes)
  • Diamante
  • Pampulha
  • S�o Gabriel

  • Hor�rios para entrar com bicicleta em �nibus de BH (somente Move)
  • Segunda a sexta: ap�s �s 20h
  • S�bado: A partir das 14h
  • Domingo e feriado: o dia inteiro

Apesar do bom exemplo de um espa�o adequado para as bikes, os ciclistas enfrentam uma situa��o curiosa nas passarelas de acesso � Esta��o Vilarinho e ao shopping. Apesar da estrutura adequada para estacionar bikes, na rampa de acesso ao estacionamento h� placas indicando que � proibido entrar com uma bicicleta. Na �rea destinada aos pedestres com acesso pela esquina da Avenida Vilarinho com a Rua das Macieiras, outra placa tamb�m pro�be as magrelas, aumentando a confus�o.

Bicicletário em shopping de Venda Nova integrado às estação do Move e do metrô é mais concorrido que área para motos(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Biciclet�rio em shopping de Venda Nova integrado �s esta��o do Move e do metr� � mais concorrido que �rea para motos (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O estagi�rio Adilson Carlos de Oliveira J�nior, de 22 anos, morador do Bairro S�o Jo�o Batista, em Venda Nova, usa com frequ�ncia o biciclet�rio do shopping. Ele pedala de casa para a faculdade, no Bairro Rio Branco, tamb�m em Venda Nova, e mant�m o mesmo transporte da faculdade para a Esta��o Vilarinho, onde estaciona a bicicleta. De l�, segue de metr� at� a Esta��o Central, trabalha no per�odo da tarde e volta para Venda Nova de metr� ao fim do dia, de onde segue para casa com a bicicleta. “Acho muito pr�tico, porque economizo tempo e tamb�m economizo financeiramente. Em 10 minutos, chego aqui e gasto esse mesmo tempo para voltar para casa de noite”, afirmou.

  • O que � transporte intermodal?
  • A integra��o entre dois meios de transporte diferentes � chamada de intermodal. No caso das bicicletas, a conex�o pode ser feita com o trajeto de casa at� uma esta��o pedalando, e o restante do caminho usando um �nibus ou metr�. Para isso, o terminal precisa oferecer uma estrutura chamada biciclet�rio, onde o ciclista pode trancar sua bicicleta com seguran�a, para pegar de volta no retorno.

  • O que � um biciclet�rio?
  • � uma estrutura fechada espec�fica para o estacionamento de bicicletas, com suportes onde as bikes s�o fixadas com cadeados, chamadas de paraciclos. Os biciclet�rios mais modernos podem contar com ferramentas de reparo, bebedouros, bombas para encher pneus, entre outras facilidades.

  • O que � um paraciclo?
  • � a estrutura onde a bicicleta � travada, que n�o necessariamente precisa estar dentro de um ambiente fechado

Na Esta��o Pampulha, inaugurada h� pouco mais de cinco anos para a Copa do Mundo, n�o h� um biciclet�rio estruturado, apenas paraciclos antes da catraca com acesso pela Avenida Portugal. Mesmo cen�rio da Esta��o Diamante, no Barreiro, onde a estrutura para bicicletas fica do lado de fora da esta��o. “O ideal � uma estrutura que fique protegida dentro da esta��o ou ent�o com alguma pessoa por conta fazendo a seguran�a”, diz o gar�om Vanderley Ferreira, de 41, que j� teve bicicleta, mas acabou desistindo de usar e � passageiro da Esta��o Diamante.

Passarela de acesso ao metrô, Estação Vilarinho e shopping em Venda Nova, onde há bicicletário, proíbe passagem de bikes(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Passarela de acesso ao metr�, Esta��o Vilarinho e shopping em Venda Nova, onde h� biciclet�rio, pro�be passagem de bikes (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Na Esta��o Barreiro, o espa�o � bem maior, por�m, o biciclet�rio tamb�m fica na entrada da esta��o, sem uma seguran�a. Os ciclistas encontram uma bomba para os pneus, mas as ferramentas disponibilizadas em uma pequena esta��o de reparo foram arrancadas por v�ndalos. J� na Esta��o S�o Gabriel, o biciclet�rio fica ao ar livre, ao lado do terminal metropolitano, o que dificulta o acesso para usu�rios do Move municipal ou do metr�. A reportagem encontrou bicicletas presas na passarela que liga os dois terminais do Move, o que indica que bastaria o m�nimo de estrutura para atrair ciclistas.

(foto: Arte Soraia Piva/EM/DA Press)
(foto: Arte Soraia Piva/EM/DA Press)


Transporte intermodal tem grande demanda

Carlos Edward Campos, integrante da Associa��o dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo), destaca que o potencial do investimento em estruturas para permitir o acondicionamento das bikes nas esta��es e, consequentemente, a pr�tica intermodal, tem um potencial muito grande de atra��o de ciclistas. “O custo � muito baixo e o impacto vai ser enorme, porque existe uma demanda reprimida muito grande para essa utiliza��o. Voc� v� que as vezes a pessoa deixa a bicicleta em local inseguro, amarrado na grade da esta��o, com risco de roubar a bicicleta, porque precisa”, afirmou.

Para o consultor em transporte e tr�nsito Silvestre de Andrade, do ponto de vista de transporte a bicicleta � complementar, ela precisa se integrar aos meios de transporte p�blicos de massa. “As viagens curtas podem ser feitas com bicicleta. Voc� sai da sua casa e vai ao terminal de �nibus ou metr� deixando a sua bicicleta. Essa � a grande fun��o dela. Voc� amplia o raio de influ�ncia daquela esta��o.”

A designer gráfica e artista plástica Bruna Caldeira usa bike dobrável elétrica e ônibus para reduzir gasto com transporte(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A designer gr�fica e artista pl�stica Bruna Caldeira usa bike dobr�vel el�trica e �nibus para reduzir gasto com transporte (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A designer gr�fica e artista pl�stica Bruna Caldeira, de 35 anos, tem uma bike dobr�vel el�trica e costuma us�-la no trajeto entre o Bairro Floresta e a Escola Guignard, no Magabeiras. Em vez de pegar dois �nibus, ela pedala at� a Avenida Afonso Pena e entra em um coletivo at� o alto da avenida, de onde segue para seu destino. “Com o uso da dobr�vel, economizo uma passagem, o tempo de espera, o deslocamento e paradas as do �nibus. Esse tempo � bem maior do que ir pedalando at� o ponto do segundo �nibus. Al�m disso ganho em sa�de, humor e qualidade de vida.”

"Se aparecer o recurso, a gente consegue implementar, porque temos um projeto que conseguimos avan�ar para todas as esta��es"

Eveline Trevisan, coordenadora de Sustentabilidade e Meio Ambiente da BHTrans

A coordenadora de Sustentabilidade e Meio Ambiente da BHTrans, Eveline Trevisan, justifica a falta de melhorias nos biciclet�rios das esta��es pela falta de recursos. Mas, nesse ponto, ela diz que existe uma possibilidade de financiamento no valor de R$ 800 mil para implantar a estrutura necess�ria nas esta��es, que deveria estar pronta no ano passado, segundo as metas do Plano de Mobilidade por Bicicleta de Belo Horizonte (PlanBici). “Encaminhamos essa solu��o para avalia��o da prefeitura, mas ainda n�o temos uma resposta definitiva. O ideal � que a gente tenha um biciclet�rio fechado, com bebedouro, um conforto na hora de deixar sua bicicleta, com sala fechada e controle de acesso”, diz ela.

Diferentemente de outras a��es mais complexas, como a constru��o de ciclovias, a meta dos biciclet�rios � mais f�cil de ser implementada com a disponibilidade de recursos. “Se aparecer o recurso, a gente consegue implementar, porque a gente tem, ainda que n�o seja um projeto executivo, um projeto simples, que conseguimos avan�ar para todas as esta��es”, afirmou.

Integra��o pode atrair passageiros

A necessidade de investimentos para aumentar o n�mero de ciclistas em BH � discutida em um momento que o sistema de �nibus da capital mineira busca ser mais atrativo para aumentar o n�mero de passageiros. Dados do transporte p�blico dispon�veis no site da BHTrans mostram uma diminui��o acentuada do n�mero de pessoas transportadas nos �ltimos cinco anos.

Na Estação Barreiro, alguns equipamentos de manutenção de bicicletário foram vandalizados(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Na Esta��o Barreiro, alguns equipamentos de manuten��o de biciclet�rio foram vandalizados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Em 2014, foram 448,3 milh�es de passageiros. O total caiu para 372,7 milh�es em 2018, uma redu��o de 16,87%. Em agosto, quando o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra/BH) lan�ou um aplicativo de celular para os passageiros dos coletivos de BH, o presidente da entidade, Joel Paschoalin, disse que o sistema precisa de mais passageiros, j� que nos �ltimos cinco anos a queda de pessoas transportadas � muito grande.

"O custo (do transporte intermodal) � muito baixo e o impacto � enorme, porque existe uma demanda reprimida muito grande para esse uso"

Carlos Edward Campos, integrante da BH em Ciclo

Para Carlos Edward Campos, da BH em Ciclo, esta � uma �tima oportunidade para as empresas aproveitarem o momento e colocarem em pr�tica os investimentos necess�rios para trazer mais usu�rios ao sistema. “Se eles est�o precisando de passageiros, est� aqui uma boa demanda de passageiros reprimida, porque n�o tem onde deixar sua bicicleta. Com investimento baixo e uma possibilidade de retorno alta”, disse.

Tamb�m da BH em Ciclo, Marcos Gomes acrescenta que a BHTrans deveria fomentar essa mobiliza��o, incentivando as empresas a implementarem as medidas. “Seria muito f�cil e � muito barato. A gente enxerga como uma sa�da a integra��o de dois modais para resolver esse problema na cidade.”

Usu�rios cobram exemplo de incentivo

O ciclista Breno Bizinoto, que participou da elabora��o do Plano de Mobilidade por Bicicleta de Belo Horizonte (PlanBici), diz que faz sentido que as empresas busquem esse investimento, mas o normal a se esperar de organiza��es que visam lucro � atuar apenas quando j� existe alguma coisa em andamento e funcionando. “Quem tem que ter o pensamento ativo para a elabora��o dessas ideias � o poder p�blico. Parece arriscado propor a cria��o de uma estrutura para uma quantidade de ciclistas que ainda nem existe, mas a hist�ria j� nos mostrou que quando se cria a oportunidade de um bom uso, os usu�rios aparecem.”

Consultor em transporte e tr�nsito, Silvestre de Andrade pontua que em um esquema de concess�o de servi�os, que � o caso do transporte p�blico em BH, os custos das empresas s�o definidos com base em um contrato e a amplia��o dos investimentos normalmente gera contrapartidas. “Se voc� imp�e custos extras ao prestador do servi�o, voc� precisa reequilibrar a quest�o de alguma forma. E no caso dos �nibus as empresas s�o remuneradas pela tarifa. Se for uma iniciativa pr�pria deles, tudo bem, � iniciativa deles e ponto. Mas por quest�es legais quando o custo aumenta tem que haver um reequil�brio.”

População prefere parar bikes em passarela coberta que dá acesso à Estação São Gabriel(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Popula��o prefere parar bikes em passarela coberta que d� acesso � Esta��o S�o Gabriel (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A avalia��o da coordenadora de Sustentabilidade e Mobilidade da BHTrans, Eveline Trevisan, � que seria �timo se as empresas se mobilizassem para assumir o investimento dos biciclet�rios. “� um jeito de chamar o ciclista para a integra��o com o �nibus”, afirma. Mas n�o h� conversas nesse sentido entre a BHTrans e o Setra, segundo ela, porque as tratativas n�o s�o t�o simples.

O Shopping Esta��o, respons�vel pelo biciclet�rio na Esta��o Vilarinho, informou que a estrutura segue os padr�es estipulados em lei e que a quantidade de vagas atende � demanda do p�blico. Por�m, informou que est� investindo para implantar nova sinaliza��o e tamb�m est� estudando o aumento de vagas. J� o Setra/BH informou que vem fazendo estudos n�o s� para a melhoria do modal bicicleta, mas tamb�m para integrar todos os outros modais.


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