Crise das barragens: veja planos para que 1,2 mil voltem para casa em tr�s cidades
Macacos, Bar�o de Cocais e Itabirito ter�o muros de at� 20 andares para proteger moradores abaixo de represas e permitir que fam�lias retornem a moradias
postado em 25/09/2019 06:00 / atualizado em 25/09/2019 07:35
Primeira estrutura de conten��o a ser conclu�da deve ser a de Macacos, com previs�o de t�rmino at� dezembro (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Oito meses depois da trag�dia do rompimento da barragem da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Grande BH – e pela primeira vez desde o in�cio da crise das represas de rejeitos que se seguiu ao desastre –, pessoas retiradas de suas casas em tr�s cidades t�m a perspectiva de datas para tentar retomar suas rotinas. A mineradora Vale detalhou ontem projetos para estruturas de conten��o nas barragens B3/B4, em S�o Sebasti�o das �guas Claras (Macacos), distrito de Nova Lima, na Grande BH; Forquilhas I, II, III e IV, em Itabirito, na Regi�o Central; e Sul Superior, em Bar�o de Cocais, na mesma regi�o. As obras devem ficar prontas at� fevereiro de 2020, prazo para que toda a popula��o abaixo dessas conten��es, retirada de �reas evacuadas como medida de preven��o, possa voltar para suas moradias.
A empresa sustenta que as estruturas de conten��o ter�o a capacidade de reter o rejeito das barragens em caso de um cen�rio extremo de rompimento. Pelos planos da mineradora, a primeira obra a ser conclu�da ser� em Macacos, em dezembro. Por�m, pessoas que viviam em �rea entre a barragem e o muros de conten��o, especialmente em Bar�o de Cocais, s� poder�o retornar depois de conclu�do o descomissionamento completo das represas de rejeitos. O prazo dado pela companhia para a conclus�o desse processo – que representa a descaracteriza��o do reservat�rio, a retirada do rejeito e a revegeta��o da �rea, � de at� cinco anos.
Depois do rompimento na Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, e com o aumento do n�vel de risco em barragens da Vale em Macacos, Bar�o de Cocais e Itabirito – que chegaram ao m�ximo na escala de emerg�ncia –, 1,2 mil pessoas foram retiradas de suas casas nesses munic�pios. No distrito de Nova Lima, 107 fam�lias tiveram que sair �s pressas de suas moradias e est�o hospedadas em hot�is, pousadas e casas de parentes desde 16 de fevereiro; outras 18 fam�lias est�o vivendo em casas alugadas pela empresa. Em Bar�o de Cocais s�o 196 fam�lias fora de suas casas desde 8 de fevereiro. Em Itabirito, 12 pessoas est�o em moradias provis�rias e casas de parentes desde 23 de mar�o. Somam-se a elas os desalojados de Brumadinho, onde 115 fam�lias e 12 pessoas continuam em moradias provis�rias, nas quais vivem desde 25 de janeiro, quando ocorreu o rompimento da barragem Mina C�rrego do Feij�o.
Estradas e revegeta��o
As obras de conten��o anunciadas ontem nas tr�s cidades consumir�o R$ 1,5 bilh�o, com previs�o de conclus�o at� fevereiro de 2020. As barragens nesses munic�pios fazem parte do pacote or�ado em R$ 7,1 bilh�es para descaracteriza��o de nove represas de rejeitos que atingiram o n�vel de seguran�a 3, o mais alto na escala de risco. A empresa informou que, para fazer as tr�s interven��es, est� construindo acessos, sob a justificativa de desviar o tr�fego de caminh�es do interior das comunidades vizinhas e reduzir o transtorno para moradores. Os muros de conten��o podem ser eliminadas depois do processo de descomissionamento dos reservat�rios de rejeitos, segundo a companhia, que sustenta que �reas desmatadas no processo ser�o recuperadas
“A Vale est� desenvolvendo tr�s projetos de conten��o com as barragens que est�o em n�vel 3, n�vel de alerta que exigiu a evacua��o de territ�rios em Bar�o de Cocais, Macacos e Itabirito. A conten��o vai ser uma grande estrutura f�sica para garantir, em caso extremo de rompimento das barragens, que todo o material seja contido, reduzindo bastante o per�metro do impacto, tanto ambiental quanto social”, disse o diretor especial de Repara��o e Desenvolvimento da mineradora, Marcelo Klein. A empresa garantiu n�o haver risco para a popula��o no momento. “Temos a garantia de que, com essas obras conclu�das, moradores das comunidades poder�o retornar para suas casas”, acrescentou.
(foto: Arte EM)
As obras de conten��o consistem em anteparos, grandes muros, feitos de concreto rolado ou de pedras sobrepostas. “Funcionam como uma barreira f�sica, como se fossem uma grande parede para conter o material caso a barragem se rompa”, afirmou o diretor.
Monitoramento
O diretor destacou que foram elevados os patamares de alerta de nove barragens da companhia para o n�vel 3, o mais alto da escala, o que levou ao refor�o no monitoramento sobre as estruturas. Foram instalados nessas represas piez�metros, c�lulas rob�ticas e radares que detectam pequenos movimentos. “At� a constru��o da conten��o, a seguran�a est� sendo garantida pelo monitoramento, 24 horas por dia, de qualquer desvio que a barragem possa oferecer”, afirmou.
Klein garantiu que os muros de conten��o, em caso de rompimento, garantir�o a seguran�a da comunidade e possibilitar�o o retorno de grande maioria das pessoas que est�o fora de suas casas. “O ponto cr�tico s�o as pessoas, em Bar�o de Cocais, que est�o entre a barragem e a obra de conten��o. Elas ter�o, de fato, que esperar a descaracteriza��o completa. S�o obras que demoram entre tr�s e cinco anos”, disse.
Plano de repara��o
Acessos foram abertos para chegada � �rea em obras. Vale diz que haver� recomposi��o vegetal (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
A empresa apresentou ontem tamb�m planos de desenvolvimento de territ�rios afetados nos tr�s munic�pios. Depois do rompimento da barragem da Mina C�rrego do Feij�o, foram apresentados dois balan�os de a��es de compensa��o. O primeiro, feito em maio, se concentrou em Brumadinho, com o objetivo de que o rejeito da barragem liberado pelo rompimento da Mina C�rrego do Feij�o n�o continuasse contaminando o Rio Paraopeba. A empresa informou que segue com as a��es de monitoramento da qualidade da �gua na bacia hidrogr�fica. Foram realizadas cerca de 3 milh�es de an�lises da �gua. Atualmente, s�o 67 pontos de monitoramento.
O segundo balan�o sobre os territ�rios evacuados foi apresentado ontem. “Em Brumadinho, falamos em repara��o. Nos que sofreram impactos, falamos em compensa��o”, disse Marcelo Klein. A empresa promete desenvolver a��es nesses locais com base nos eixos mobiliza��o e capacita��o de comunidades, gera��o de ideias e execu��o de projetos. A previs�o � de que R$ 190 milh�es sejam destinados a desenvolver os planos nos pr�ximos tr�s anos. N�o foi informado o valor que cada cidade receber�. A inten��o, sustenta a companhia, � potencializar as voca��es econ�micas de cada munic�pio.