
Charme dos anos 1950, esp�rito empreendedor, mais a tecnologia do s�culo 21: a soma est� na Pra�a Sete, no Centro de Belo Horizonte, e se multiplica por 25 andares, em plena restaura��o, para sediar o P7 Criativo – Ag�ncia de Desenvolvimento da Ind�stria Criativa de Minas Gerais. Logo na entrada, na Rua Rio de Janeiro, encanta os olhos o revestimento de pedra lioz rosa, um convite a conhecer, em cada espa�o, outros elementos preservados, incluindo tijolos de vidro, tacos de peroba, painel do artista pl�stico mineiro M�rio Sil�sio (1913-199), azulejos, cer�mica e lumin�rias. Conhecida como “pr�dio do antigo Bemge”, a edifica��o de 1953, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) e tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico de Art�stico (Iepha-MG) se encontra em fase final de obras, com previs�o de t�rmino em dezembro.
A equipe do Estado de Minas conferiu o andamento dos servi�os iniciados em fevereiro do ano passado para transformar a constru��o de 17 mil metros quadrados em s�mbolo da economia criativa nas Gerais. O movimento de engenheiros e oper�rios � constante em todos os pavimentos, mas quem trabalha, agora, no 24º, no qual ficar�o o audit�rio e �rea de conviv�ncia tem vis�o privilegiada. � o caso do alpinista Fabiano Pereira da Silva, empenhado, com mais tr�s profissionais da �rea de alpinismo industrial, a cuidar da limpeza da fachada.
A 80 metros de altura, Fabiano v� a cidade e elogia: “� bem bonita daqui de cima. Na verdade, gosto mesmo � das alturas”, conta o alpinista, que pode ver grande parte da Serra do Curral, um dos cart�es-postais da capital, a Avenida Afonso Pena, bem � frente, um recorte do Bairro da Lagoinha, e, ao longe, a Serra da Piedade, no munic�pio vizinho de Caet�. No terra�o, um andar acima, onde ficar� o restaurante, o panorama ser� de 360 graus – sem d�vida, um espet�culo � parte para moradores e visitantes. Vale destacar que todas as esquadrias das janelas foram substitu�das por modelos em alum�nio, seguindo o desenho original da fachada.

Criado em 2016 como associa��o sem fins lucrativos, o P7 Criativo resulta da articula��o institucional entre Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Servi�o de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), Funda��o Jo�o Pinheiro e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econ�mico, Ci�ncia, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes). Segundo os coordenadores, o P7 tem a miss�o de promover neg�cios que t�m a criatividade, a inova��o e o conhecimento como ingredientes fundamentais para a gera��o de valor, “e trabalha para formar uma comunidade ativa de empresas, empreendedores e profissionais nas �reas audiovisual, moda, software e tecnologia da informa��o, design, comunica��o, arquitetura, games, m�sica, pesquisa e desenvolvimento, arte, cultura e gastronomia. A reforma tem o custo de R$ 45,7 milh�es, sendo R$ 28,5 milh�es da Codemge e R$ 17,2 milh�es do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES).
Preserva��o
Na visita guiada, os rep�rteres puderam ver a condu��o do projeto a cargo da Construtora Santa B�rbara e acompanhamento dos t�cnicos do Iepha. Se quem passa na rua v� os brises originais, em laje de concreto armado, os quais foram pintados novamente na cor branca, l� dentro est�o as surpresas: a recupera��o dos ambientes com revestimento em pedra lioz (paredes da recep��o e do hall dos elevadores), aproveitamento de tacos de madeira peroba originais, que, removidos cuidadosamente, passaram por triagem, receberam tratamento e foram reinstalados no terceiro andar. Nesse espa�o, ficar� o Memorial Pra�a Sete, espa�o de cultura e hist�ria aberto a toda a popula��o, assim como a Biblioteca Digital, a primeira de Minas, no 9º andar.
A luminosidade natural banha os espa�os pelas vidra�as e pelos pain�is de tijolo de vidro originais, igualmente recuperados, conforme aponta a estagi�ria de engenharia civil Gabriela Souto, da equipe de fiscaliza��o da Codemge e que traz nas m�os um grande n�mero de chaves de diferentes cores. Nos banheiros, uma revela��o: segundo os coordenadores da obra, a reforma exigiu que fossem encomendados a uma f�brica de azulejos a produ��o do revestimento branco no tamanho 15 x 15 cent�metros, como o usado na constru��o original, por n�o serem encontrados mais � venda no mercado.
Embora com todas as “bossas” dos anos 1950, o pr�dio tem ess�ncia high-tech. No 24º andar, o audit�rio com capacidade para 100 pessoas recebeu novas instala��es el�tricas, luminot�cnicas e de �udio e v�deo, al�m de condicionamento ac�stico com piso que abafa os ru�dos, paredes com isolamento e portas ac�sticas. Como apoio do audit�rio, uma �rea de foyer e coffe-break. Na �rea do foyer, foi mantido o painel do artista M�rio Sil�sio, restaurado e com ilumina��o adequada. No �ltimo andar, privilegiado pela vista do hipercentro de BH, foi colocado um novo painel de azulejos do artista pl�stico mineiro Alexandre Mancini, que se notabilizou justamente pelas obras em edif�cios p�blicos, algumas delas em Belo Horizonte.
Economia criativa

O projeto da sede do P7 foi tombado, em 2016, pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG). Conforme os especialistas, a obra se tornou refer�ncia dos conceitos do modernismo pela quebra das formas f�sicas tradicionais, usando o modelo de esquina a 45º, “que ameniza os �ngulos agudos com o arredondamento da quina obl�qua”. Em nota da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), h� uma posi��o do arquiteto e urbanista S�rgio Myssior, que participou da elabora��o do projeto de restauro do edif�cio e disse que a arquitetura tem tudo a ver com a economia criativa. “Esse conceito est� diretamente relacionado com a cidade criativa, na medida em que se trabalham todos os aspectos da criatividade com o capital intelectual aplicados � nossa realidade, urbana, social, ambiental e cultural”.
Os coordenadores informam que s�o previstos andares de coworking, salas multiuso, centro de p�s-produ��o audiovisual, audit�rio, laborat�rio aberto para experimenta��o e prototipa��o de produtos e 11 andares dispon�veis para empresas que integram a ind�stria criativa de Minas. A acessibilidade foi contemplada. A expectativa � que, a partir de 2020, o P7 tenha uma nova casa e ocupe, junto com a ind�stria criativa do estado, um espa�o no cora��o da capital mineira, de forma a valorizar ainda mais o Centro da cidade. Se o Brasil est� entre os pa�ses que mais produzem neg�cios criativos, Minas � um dos estados com forte participa��o nesse mercado. Estudos de viabilidade do projeto indicam que, quando em pleno funcionamento, o P7 Criativo tende a gerar mais de 1,6 mil empregos diretos e 8 mil indiretos, al�m de R$ 113 milh�es em movimenta��o econ�mica.