Entenda como foi a queda do avi�o no Bairro Cai�ara, em Belo Horizonte

Seis meses depois do susto pela queda de um avi�o de pequeno porte que interrompeu a tranquilidade da Rua Minerva, no Bairro Cai�ara, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, o terror em forma de explos�es, fogo e vidas perdidas voltou a assombrar os moradores da mesma rua, a apenas 100 metros do local do acidente de 13 de abril. Um avi�o com capacidade para quatro pessoas, incluindo o piloto, caiu em frente ao n�mero 308 da via, na esquina com a Rua Rosinha Sigaud. As duas trag�dias est�o separadas por 20 im�veis, sendo tr�s pr�dios residenciais, 15 casas e dois im�veis comerciais. Dessa vez, diferentemente do primeiro caso, quando a �nica morte ficou restrita a quem estava dentro do avi�o, a trag�dia causou tr�s mortes, sendo uma na aeronave e outras duas de pessoas que estavam em terra. O desastre ainda deixou outros tr�s ocupantes do avi�o em estado grave no Hospital Jo�o XXIII. Em ambos os casos, as aeronaves haviam acabado de decolar do Aeroporto Carlos Prates, que fica no vizinho Bairro Padre Eust�quio e tira o sono da popula��o local. Na rota de ontem, o plano de voo previa uma viagem at� Ilh�us, na Bahia, mas o percurso foi interrompido menos de um minuto depois da decolagem.

�s 8h14min03 o avi�o modelo SR 20, prefixo PR-ETJ, decolou da pista do Aeroporto Carlos Prates, cruzou a Avenida Dom Pedro II e alcan�ou os limites do Bairro Cai�ara. Nesse momento, ele fez um retorno brusco na pr�pria rota e caiu na Rua Minerva, em frente ao n�mero 308, exatos 21 segundos depois de levantar voo. Antes do choque no solo, abriu um paraquedas, que ficou esticado pela Rua Minerva e ainda atingiu tr�s ve�culos. Um deles � o Renault Logan onde a manicure Luciana Mota, de 37 anos, tinha acabado de entrar. Ela saiu da academia Biofit Cross e escutou a explos�o quando j� estava dentro do ve�culo, chegando a pensar a morreria queimada.



Al�m do carro dela, a aeronave acertou um Toyota Etios que estava vazio e pertencia � educadora f�sica Dardanya Oliveira, de 32 anos. Ela estava na mesma academia de que Luciana tinha acabado de sair. “Eu estava dentro da academia e corri para o fundo dela. A gente n�o conseguiu sair, por causa do fogo e da fuma�a na porta da academia”, diz ela. Dardanya conta que ficou em estado de choque e n�o conseguia nem responder o que tinha dentro de seu carro. “Foi muito desesperador, porque o fogo foi muito alto, teve muita gritaria”, diz ela. O pior aconteceu no Corsa que tamb�m foi destru�do pelas chamas. Dentro dele estavam dois vizinhos, moradores da Regi�o de Venda Nova, em BH, que estavam indo trabalhar em uma obra. Pedro Ant�nio Barbosa, de 54, e Paulo Jorge de Almeida, de 61, morreram no local do acidente. O corpo de um dos dois foi resgatado do lado de fora, ao lado de um poste, o que indica que ele conseguiu sair do carro, mas acabou vitimado pelas queimaduras. J� o corpo do colega ficou preso dentro do carro. Al�m dos �bitos dos dois, tamb�m faleceu na hora Hugo Fonseca da Silva, de 38 anos. Ele era um dos quatro ocupantes do avi�o e seu corpo foi encontrado em meio aos destro�os. Ele s� foi retirado depois da atua��o dos t�cnicos do Centro de Investiga��o e Preven��o de Acidentes Aeron�uticos (Cenipa), �rg�o vinculado ao Comando da Aeron�utica.

Os outros tr�s ocupantes do avi�o foram socorridos com vida e encaminhados ao Hospital Jo�o XXIII. S�o eles Allan Duarte de Jesus Silva, de 29, que pilotava o avi�o, Thiago Funghi Alberto Torres, de 30, que tamb�m era piloto, mas estava como passageiro, e Srrael Campras dos Santos, que seria o dono do avi�o. “No momento em que a gente chegou ao local havia duas v�timas na rua. Uma no meio da rua e outra na cal�ada. Depois do atendimento dessas duas, retiramos as v�timas mais pr�ximas aos ve�culos e conseguimos resgatar duas, por�m uma veio a �bito. As outras duas j� estavam em �bito em meio aos destro�os”, diz o tenente Leandro Gomes, do Corpo de Bombeiros. Quem tamb�m ajudou como p�de foi o motorista Guilherme Henrique, de 32 anos, que trabalha em uma locadora que fica na Rua Minerva. Ele conta que viu uma das duas v�timas descritas pelos bombeiros em chamas. “Tirei a minha pr�pria camisa para tentar abafar o fogo no corpo dele e pedi que ele rolasse no ch�o. Ele s� pedia por ajuda”, conta Guilherme.

Dados do avi�o

De acordo com informa��es da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac), a aeronave podia voar, mas n�o tinha autoriza��o para faze servi�o de t�xi-a�reo. Ainda est� sendo apurado que tipo de uso ocorria no momento do acidente. No cadastro da Anac, a aeronave consta como de propriedade da Helicon T�xi A�reo, empresa com sede na cidade de Colombo, no Paran�. No entanto, a opera��o estava em nome de Srrael Campras dos Santos, um dos feridos no acidente, que adquiriu a aeronave h� tr�s meses. O administrador da Helicon T�xi A�reo, Jairo Cardoso, informou que a aeronave foi vendida em 25 de julho para Srrael. "A venda consta de tr�s meses. A aeronave estava em bom estado", afirmou Jairo. A aeronave, que havia sido anunciada por R$ 500 mil num site de negocia��es, foi adquirida por R$ 450 mil, segundo o contrato de compra e venda. Em rela��o � documenta��o, a Inspe��o Anual de Manuten��o (IAM) e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) est�o v�lidos, ou seja, a aeronave estava apta a voar. A investiga��o ser� realizada pelo Cenipa, que � o �rg�o respons�vel pela apura��o e investiga��o de acidentes aeron�uticos.

Outro acidente

O que chama a aten��o � que o local onde a aeronave bateu fica a cerca de 100 metros do ponto onde outro avi�o saindo do Aeroporto Carlos Prates caiu h� seis meses, na mesma Rua Minerva, naquela oportunidade em frente ao n�mero 405. Na ocasi�o, a aeronave, de modelo franc�s, Socata ST-10 Diplomate, que tinha capacidade para quatro passageiros, bateu em um poste e arrastou parte da fia��o da Rua Minerva. Segundo uma testemunha, o avi�o desviou de um pr�dio antes de cair. O acidente matou o piloto, que era instrutor de voo, e estava sozinho no avi�o.