
"O professor � meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo". Impulsionado por esse canto, centenas de pais e estudantes dos col�gios Santo Agostinho Central (Avenida Amazonas) e Loyola sa�ram �s ruas da Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta ter�a-feira (22), para protestar contra o cancelamento da prova de portugu�s ocorrido no �ltimo dia 7. O exame contava com um texto do escritor Greg�rio Duvivier e foi apontado por outros pais como partid�rio e como tentativa de moldar os alunos ideologicamente.
O ato come�ou na porta do Santo Agostinho por volta das 17h. De l�, o p�blico subiu at� a Avenida do Contorno, onde o manifesto terminou em frente ao Loyola, com um abra�o simb�lico. Um carro de som acompanhou os envolvidos.

A mensagem dos pais e estudantes era clara: a favor da liberdade dos professores em sala de aula. "A ideia partiu de um grupo de m�es do Col�gio Loyola, que s�o amigas de m�es de alunos do Col�gio Santo Agostinho. � um sinal de apoio �s duas escolas por todas as repress�es que ambas sofreram", explica Cl�udia Guimar�es Costa, de 47 anos, professora, bi�loga e m�e de uma aluna do Santo Agostinho.
A caminhada seguiu da Amazonas e chegou at� a Contorno por meio da Rua Araguari. A estudante Manoela Vilas Boas, autora de uma carta de rep�dio ao cancelamento da prova de portugu�s do Loyola, que teve centenas de assinaturas, estava presente � ocasi�o.
"A gente est� aqui hoje em defesa da educa��o, da liberdade em sala de aula e dos professores, principalmente. Quando a gente recebeu a prova, nunca esper�vamos que teria tanta repercuss�o. � uma coisa absurda", contou a adolescente de 17 anos.
Ela discursou para os presentes ao final do protesto e deixou claro a necessidade de debate entre os estudantes dos dois col�gios. A adolescente defendeu, ainda, uma escola cada vez mais livre para um pa�s mais justo, menos racista e sem homofobia.

"Esse jovens de 16 e 17 anos podiam votar ano passado. Ent�o, eles t�m condi��o de ler e interpretar um texto criticamente. Confiamos totalmente nos professores da escola", ressalta Gabriela Duarte, 50, m�e de um aluno do segundo ano do Ensino M�dio do Loyola, justamente a turma que recebeu a prova com o texto de Duvivier.
O ato reuniu representantes do Santo Agostinho em raz�o de uma a��o movida contra o col�gio no ano passado. O documento pedia indeniza��o aos alunos da 3ª � 6ª s�rie do Ensino Fundamental pela escola adotar, supostamente, linha pedag�gica baseado em “ideologia de g�nero” nas salas de aula.
O caso teve in�cio em julho do ano passado, quando 84 respons�veis por alunos enviaram uma notifica��o extrajudicial � Sociedade Intelig�ncia e Cora��o (SIC), que � mantenedora das unidades do Col�gio Santo Agostinho (BH, Contagem e Nova Lima), na pessoa de seu presidente, o frei Pablo Gabriel Lopes Blanco, e tamb�m de tr�s diretores.
Escola sem partido
O projeto de lei 274/2017, conhecido como Escola Sem Partido, tamb�m foi alvo dos protestos dos estudantes e pais nesta ter�a em BH.
O texto est� em tramita��o na C�mara de BH e passou em primeiro turno neste m�s. Para o vereador Gilson Reis (PCdoB), presente ao protesto, no entanto, a mat�ria n�o deve ir a plen�rio neste ano.
"Para ir pro segundo turno, ele passar� por tr�s comiss�es. Cada uma delas pode ficar com o projeto por cerca de 100, 150 dias. Fora os requerimentos que voc� pode protocolar. Eu acredito que esse projeto ter� muitas dificuldades", analisa.