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Estado de Minas PATRIM�NIO

Arquivo p�blico de Ouro Preto, criado em 1751, guarda rel�quias do Brasil Col�nia

Primeiro do tipo a ser instalado no pa�s, espa�o mant�m acervo raro de registros administrativos que detalham crescimento da cidade mineira


postado em 28/10/2019 06:00 / atualizado em 28/10/2019 07:25

Kátia Campos e Helenice de Oliveira, do Arquivo Público de Ouro Preto, destacam a relevância histórica da preservação do acervo(foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)
K�tia Campos e Helenice de Oliveira, do Arquivo P�blico de Ouro Preto, destacam a relev�ncia hist�rica da preserva��o do acervo (foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)


Um sobrado colonial localizado bem diante da Igreja S�o Francisco de Assis, no Centro Hist�rico, guarda acervo pioneiro no Brasil e fundamental para a hist�ria da cidade que, em 2020, vai festejar 40 anos como Patrim�nio da Humanidade. Com cerca de 2 mil livros, o Arquivo Hist�rico do Munic�pio de Ouro Preto re�ne documentos de meados do s�culo 18 aos dias atuais, com movimento crescente de interessados em pesquisas e consultas, conta a diretora do setor vinculado � Secretaria de Cultura e Patrim�nio, K�tia Maria Nunes Campos.

Foi num livro de ac�rd�os (leis locais) da antiga C�mara, contendo manuscritos do s�culo 18, que K�tia e sua equipe encontraram a “certid�o de nascimento” da institui��o dedicada exclusivamente � administra��o municipal: em 11 de agosto de 1751, os vereadores aprovaram a proposta “para organizar, manter e conservar a documenta��o produzida”, informa K�tia ao lado da coordenadora do setor, Helenice Afonso de Oliveira. A equipe se completa com a especialista em arquivologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Polyana Renata de Oliveira.

O secret�rio municipal de Cultura e Patrim�nio, Zaqueu Astoni Moreira, planeja a moderniza��o do arquivo, de forma especial a digitaliza��o dos documentos. Para tanto, ser� feita a capta��o de recursos. Outra iniciativa se refere � climatiza��o do acervo, para melhores condi��es dos livros, mapas, atas plantas e outros, al�m do desenvolvimento de programa de educa��o patrimonial, dando condi��es �s escolas de conhecer parte da hist�ria e visitar a institui��o muito mais antiga do que o Arquivo Nacional, de 1838, criado como Arquivo P�blico do Imp�rio.

O município, que em 2020 completará 40 anos do título de Patrimônio da Humanidade, captará recurso para digitalizar os documentos(foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)
O munic�pio, que em 2020 completar� 40 anos do t�tulo de Patrim�nio da Humanidade, captar� recurso para digitalizar os documentos (foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)
“O Arquivo de Ouro Preto foi o primeiro do g�nero, administra��o municipal, a ser criado formalmente no pa�s por um instrumento governamental. Os vereadores aprovaram a proposta do procurador Manoel da Costa Coelho. Talvez o zelo dos primeiros tempos explique porque Ouro Preto seja a �nica cidade brasileira a poder acompanhar, dia a dia, ano a ano, todas as sess�es j� realizadas desde a primeira delas, em 1711”, explica K�tia, formada em hist�ria e mestre e doutora em demografia, pela Faculdade de Ci�ncias Econ�micas da UFMG, com especializa��o em popula��es hist�ricas e urbanismo colonial.

Detalhes sobre a cidade

Na sala envidra�ada da chamada Casa de Gonzaga – refer�ncia a Tomas Antonio Gonzaga (1744-1810), que foi ouvidor de Vila Rica antes de se tornar inconfidente –, K�tia e Helenice mostram os documentos atraentes tanto pelas informa��es preciosas para pesquisadores como pela beleza pl�stica, com riqueza de detalhes, que n�o deixam ningu�m indiferente.

Exemplos est�o na planta topogr�fica de Vila Rica (1808), em tom s�pia; no Plano de Melhoramentos da Cidade de Ouro Preto (1892), que tra�a a reurbaniza��o de Vila Rica na tentativa de se manter como capital de Minas (em 1897, o “posto” foi ocupado por Belo Horizonte); e at� a planta de esgoto sanit�rio, com esta��o de tratamento que ficava na localidade de Barra e da qual h� resqu�cios.

Livro de Acórdãos traz manuscritos do século 18 e marca a 'data de nascimento' do órgão que preserva a história da evolução da cidade(foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)
Livro de Ac�rd�os traz manuscritos do s�culo 18 e marca a 'data de nascimento' do �rg�o que preserva a hist�ria da evolu��o da cidade (foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)
No fim do s�culo 19, a documenta��o colonial e do Primeiro Imp�rio (1822-1831) foi reunida para integrar o acervo de um arquivo hist�rico abrangendo toda Minas Gerais, mas, com a mudan�a da capital para BH, apenas poucos volumes ficaram em Ouro Preto.

Assim, o “corpo documental colonial da cidade” teve grande parte transferida para o Arquivo P�blico Mineiro (APM), em BH, vinculado � Secretaria de Estado da Cultura e Turismo. Entre a paisagem colonial, vista da janela do sobrado, e os documentos hist�ricos sobre a mesa, K�tia destaca a s�rie de tombos que atestam, passo a passo, o crescimento e a forma��o do casario e o tra�ado atual do Centro Hist�rico. “Dessa forma, � poss�vel acompanhar todas as pol�ticas urbanas e a evolu��o da regi�o, desde uma simples abertura de rua � urbaniza��o e desenho da Pra�a Tiradentes, ocorrida na d�cada de 1740.”

Sistema eleitoral do Imp�rio

“Em oposi��o � lacuna deixada pela documenta��o do s�culo 18, custodiada pelo APM, nosso acervo provincial do s�culo 19 � um tesouro de informa��es na administra��o dos conceitos de modernidade e ci�ncia, sendo not�veis as quest�es referentes a educa��o, industrializa��o, sanitarismo e sa�de”, explica a diretora, enquanto Helenice, graduada em hist�ria pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), ressalta outra s�rie importante e fartamente documentada referente ao sistema eleitoral e eleitores do per�odo imperial.

"Talvez o zelo dos primeiros tempos explique porque Ouro Preto seja a �nica cidade brasileira a poder acompanhar todas as sess�es j� realizadas, desde a primeira delas, em 1711"

K�tia Maria Nunes Campos, diretora do arquivo

Por meio do acervo, o interessado vai saber que Ouro Preto foi cidade pioneira em vacina��o, na cria��o de cavalos e oferta de touros selecionados, introdu��o de sementes melhoradas e rent�veis, abastecimento privado de �gua encanada, tratamento de esgoto (1860-1870), ilumina��o el�trica dom�stica e p�blica (a partir da cria��o da Escola de Minas, em 1876), sendo parcialmente instalada na d�cada de 1880 e urbanismo, com altera��o de leis construtivas e de retifica��o de ruas.

Os documentos atestam a modernidade. “Em 1897, j� se encontram refer�ncias de liga��es telef�nicas em uma min�scula rede restrita � c�pula governamental. O mundo do trabalho e servi�os � revelado pelas s�ries fiscais que abrangem as atividades econ�micas desde doutores aos mais simples vendedores de capim e linha, livres e escravos”, afirma K�tia.

40 anos de Patrim�nio da Humanidade

 

No ano quem vem, Ouro Preto, na Regi�o Central, vai comemorar os 40 anos do t�tulo de Patrim�nio da Humanidade – foi a primeira cidade do pa�s a receber a chancela, para um bem cultural, da Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e Cultura (Unesco) – e lembrar os 300 anos da Sedi��o de Vila Rica, que marca o nascimento de Minas Gerais, com a cria��o a Capitania de Minas e teve como expoente Filipe dos Santos (1680-1720). Lendas e fatos hist�ricos povoam a hist�ria de Filipe dos Santos e em seu livro Ouro Preto – um novo olhar, o professor de hist�ria da arte Alex Bohrer explica os acontecimentos.


Ouro Preto lançará campanha de arrecadação de recurso para digitalizar o acervo do arquivo(foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)
Ouro Preto lan�ar� campanha de arrecada��o de recurso para digitalizar o acervo do arquivo (foto: FRED BOTTREL/EM/D.A PRESS)
“Em 1720, o governo portugu�s prop�s a instala��o de casas de fundi��o em Minas. Isso gerou descontentamento geral entre os mineradores. Logo come�aram manifesta��es pelos arraiais da regi�o. O ponto alto da revolta aconteceu na Pra�a da Matriz de Cachoeira do Campo, onde Filipe dos Santos, um dos l�deres sediciosos, apregoava forte discurso contra o governo portugu�s. No adro da igreja foi preso e levado para Vila Rica, onde foi enforcado e esquartejado na presen�a do governador, o conde de Assumar.”

O autor explica que “ao contr�rio do que diz a hist�ria oficial, a tradi��o local conta que Filipe foi arrastado por cavalos pela Ladeira (atual Rua Padre Afonso de Lemos), onde foi esquartejado sem julgamento pr�vio. De qualquer forma, a pra�a principal de Cachoeira (local da pris�o e onde ficou exposta uma parte do corpo do condenado) hoje leva o nome de Filipe dos Santos”. E mais: “O Conde de Assumar, ap�s esse epis�dio, sugeriu ao Rei de Portugal a separa��o das Minas e S�o Paulo (que at� ent�o formavam uma s� capitania). Era o nascimento de Minas Gerais.


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