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Estado de Minas

Epidemia de doen�a transmitida pelo sexo avan�a e amea�a at� beb�s. Saiba como se proteger

Falta de prote��o nas rela��es sexuais provoca escalada da s�filis em Minas, inclusive na forma transmitida de m�e para filho. Vinte crian�as nascem contaminadas por m�s na BH


postado em 29/10/2019 06:00 / atualizado em 29/10/2019 07:45

Agentes da prefeitura de Belo Horizonte fazem campanha de prevenção contra a sífilis. Cidade registra média 5,5 casos da doença por dia (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 18/10/19)
Agentes da prefeitura de Belo Horizonte fazem campanha de preven��o contra a s�filis. Cidade registra m�dia 5,5 casos da doen�a por dia (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 18/10/19)


A doen�a � silenciosa, altamente contagiosa e pode trazer danos graves � sa�de. Transmitida durante uma rela��o sexual sem preservativos, at� mesmo no sexo oral e nas preliminares, a s�filis vem se alastrando rapidamente por Minas Gerais e na capital mineira, afetando at� beb�s, que j� nascem com a doen�a, transmitida pela placenta. De janeiro a agosto, foram registrados 8.235 casos de s�filis adquirida (confira quadro) no estado, o que equivale a uma m�dia de 1.029,37 por m�s, nada menos que 34,31 por dia. Em Belo Horizonte, somente nos primeiros sete meses do ano, �ltimo dado dispon�vel, foram 1.185 registros da enfermidade, m�dia de 5,5 por dia. Embora a melhora no diagn�stico, com disponibilidade de testes r�pidos, tenha influ�ncia nos n�meros, a escalada da doen�a, que alcan�a n�veis epid�micos, est� ligada � falta de prote��o durante as rela��es sexuais, apontam especialistas. Vale destacar que exames para detectar a enfermidade s�o oferecidos, gratuitamente, em todas as unidades b�sicas de sa�de.
 
A s�filis � mais uma doen�a a preocupar as autoridades de sa�de de Minas Gerais, que admitiram a ocorr�ncia de epidemia no estado em 2016. De l� para c� os n�meros s� aumentaram. Como o Estado de Minas mostrou na edi��o de 19 de outubro, o estado passou por m�dia de uma epidemia por ano desde 2009. Os principais desafios s�o a dengue e a contamina��o do v�rus Influenza, da gripe. Mas, h� tamb�m o retorno de outras  enfermidades que n�o eram vistas havia muito tempo, como o sarampo, que registra surto ativo neste momento no estado, e febre amarela, que castigou Minas em 2017 e 2018.
 
A s�filis � uma doen�a antiga, cur�vel desde o s�culo 20, com a difus�o da penicilina a partir da Segunda Guerra Mundial, mas vem avan�ando rapidamente. Al�m da forma adquirida – caracterizada pela transmiss�o por rela��o sexual sem camisinha com pessoa infectada, transfus�o de sangue contaminado ou por compartilhamento de agulhas e seringas infectadas, para uso de drogas –, h� tamb�m outras classifica��es da mol�stia. A que mais preocupa as autoridades de sa�de � a cong�nita, transmitida de m�e para filho, via placenta.
 
Somente nos primeiros oito meses deste ano, foram diagnosticados 1.336 casos, o que corresponde a 55% do total registrado no ano passado inteiro e m�dia de 5,56 por dia. Em Belo Horizonte, a concentra��o � quase quatro vezes maior. De janeiro a julho, foram 143 registros em 2019, m�dia de 20 por m�s.  Os casos em gestantes tamb�m s�o altos. Em Minas, s�o 2.514 diagn�sticos positivos, e 388 na capital mineira. “A s�filis cong�nita pode trazer consequ�ncias s�rias para o beb�. Desde malforma��es leves, sintomas da doen�a na crian�a, ou at� mesmo levar � morte”, afirmou Tatiane Sereguetti, infectologista da Secretaria Municipal de Belo Horizonte (SMSA).
 
O diagn�stico e tratamento da enfermidade s�o simples, mas, mesmo assim, viraram um desafio. Primeiro porque a doen�a avan�a silenciosamente no organismo e seu est�gio de agravamento causa s�rias complica��es cut�neas, �sseas, cardiovasculares e neurol�gicas, podendo levar inclusive � morte. Outro problema � que o combate esbarra na falta de preven��o. “Nos �ltimos anos, temos observado uma eleva��o expressiva no n�mero de casos no Brasil, no mundo. E em Belo Horizonte n�o � diferente. Conseguimos perceber algumas quest�es que influenciam, como a melhora do acesso ao diagn�stico, mas n�o explicam a epidemia como um todo”, comentou a infectologista. Diante da epidemia na cidade, a Secretaria de Sa�de vem investindo em campanhas de preven��o, com a distribui��o de panfletos informativos sobre o tema feitos no dia 18, e a intensifica��o da oferta de testes em suas unidades de sa�de.

Sexo sem prote��o


Uma das explica��es para o aumento vertiginoso dos casos de s�filis e outras doen�as sexualmente transmiss�veis � a mudan�a da cultura da popula��o. Grande parte das pessoas n�o se protege na hora da rela��o sexual, uma atitude perigosa. “A gente tem a quest�o da baixa ades�o da popula��o ao uso do preservativo, especialmente na pr�tica de sexo oral. Al�m da baixa oferta de exames na rotina do cuidado para todas as pessoas. Temos o car�ter da doen�a, que � altamente transmiss�vel, cr�nica e silenciosa.  �s vezes, a pessoa tem a doen�a e n�o sabe. E continua transmitindo”, alertou Tatiane Sereguetti.
 
A falta de conversa sobre sexo, principalmente entre pais e filhos, pode explicar a mudan�a de atitude dos jovens que se negam a usar preservativos. “A gente ainda tem um tabu de conversar sobre o assunto. � n�tida na gera��o de hoje a mudan�a sexual para a gera��o de 20 anos atr�s. Ent�o, � preciso se adequar. As pessoas que t�m um maior n�mero de parcerias, jovens, e principalmente o p�blico homossexual, pois � n�tido que a s�filis est� concentrada, principalmente, na rela��o entre homens, devem realizar exames periodicamente”, diz Jordana Costa Lima, superintendente de Vigil�ncia Epidemiol�gica da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG).

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

 
Mas isso n�o quer dizer que pessoas sexualmente ativas que estejam fora desses grupos n�o tenham que fazer exames para detectar a doen�a. Inclusive as que t�m rela��o est�vel, alerta Jordana. “Hoje, uma mulher casada se sente constrangida de pedir o exame ao marido. Essas s�o discuss�es que devemos ter na preven��o e na sociedade”, comentou.
 
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, ressalta que as pessoas est�o se arriscando ao n�o utilizar preservativos na rela��o sexual. A mudan�a na cultura, segundo ele, se deve ao fato de os jovens n�o terem vivido no per�odo de explos�o do HIV, transmissor da Aids. “�s vezes, as pessoas sabem que correm risco durante um ato sexual desprotegido e o negligenciam, assumem o risco. Por isso h� uma explos�o de s�filis. O tratamento do HIV, das hepatites, a evolu��o cada vez maior, permitindo uma vida saud�vel, embora n�o se tenha a cura, d�o �s pessoas certa tranquilidade. Isso ocasiona a exposi��o a contrair uma doen�a. De certa forma, o tiro sai pela culatra”, ressaltou.

Hist�rias de mist�rios


Causada pela bact�ria Treponema pallidum,  a s�filis tem origem desconhecida e pode ter sido documentada por Hip�crates na Gr�cia Antiga em sua forma terci�ria. Seria conhecida na cidade grega de Metaponto aproximadamente 600 a.C., e em Pompeia foram encontradas evid�ncias arqueol�gicas nos sulcos dos dentes de crian�as cujas m�es estavam contaminadas. H� duas teorias sobre seu surgimento. Uma defende que se trataria de uma doen�a americana trazida por Crist�v�o Colombo ou seus sucessores da Am�rica para a Europa. A outra � que a s�filis seria uma enfermidade antiga do Velho Mundo que sofreu muta��es que a tornaram mais contagiosa no s�culo 16, quando se espalhou pela Europa. Foi somente no s�culo 20 que se obteve um tratamento efetivo para a s�filis. Em dia 3 de mar�o de 1910, foi anunciado o sucesso de um novo medicamento contra a s�filis, descoberto pelo sorologista Paul Ehrlich, o salvarsan. Mas somente a partir da descoberta da penicilina e sua difus�o depois da Segunda Guerra Mundial foi poss�vel a cura efetiva da enfermidade. A penicilina � usada ainda hoje no tratamento. No caso de al�rgicos, as op��es s�o a doxiciclina e a tetraciclina.


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