
Na conscientiza��o para a preven��o contra o c�ncer de pr�stata, as campanhas destacam o “novembro azul”. Mas, em termos de clima, para muitas cidades mineiras, especialmente na Regi�o Norte, at� agora o m�s tem mais cara de “novembro vermelho”. Ap�s mais de seis meses de estiagem prolongada, existia a expectativa do retorno das chuvas em todo o estado neste m�s, para a recupera��o dos mananciais. No entanto, o pouco que caiu do c�u ainda n�o foi nem de longe o bastante. Das 35 comunidades atendidas pela Copasa com racionamento de �gua declarado, como mostrou ontem o Estado de Minas, pelo menos em 21 a restri��o no abastecimento foi adotada na primeira quinzena deste m�s.
O quadro � severo no Norte de Minas, que historicamente sofre com as estiagens prolongadas. De acordo com o superintendente de Opera��o Norte da Copasa em Montes Claros, Roberto Botelho, houve queda dos recursos h�dricos de 60% em alguns munic�pios da regi�o. Em alguns. mananciais que eram usados para o abastecimento das sedes urbanas secaram completamente. O drama ocorre nos munic�pios de Curral de Dentro, Divisa Alegre e Crist�lia, onde a popula��o enfrenta o racionamento de �gua. Em dezenas de comunidades rurais, moradores s�o atendidos por caminh�es-pipa.
Para manter garantir o atendimento da popula��o, a Copasa vem recorrendo a po�os tubulares. Por�m, com o atraso na chegada das chuvas, as reservas subterr�neas tamb�m diminu�ram na Regi�o Norte, como se verifica em Montes Claros e em Varzel�ndia, onde “v�rios po�os profundos est�o com vaz�o nula”, informa Botelho.
Por essa e outras raz�es, a partir de amanh� os 404,8 mil habitantes de Montes Claros come�am a receber �gua em dias alternados. O principal motivo do rod�zio adotado pela Copasa � que a Barragem do Rio Juramento, respons�vel por 60% da �gua distribu�da na cidade, est� com 13,3% da capacidade. Al�m disso, o Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam) decretou situa��o de escassez h�drica do Rio Pacu�, no munic�pio de Cora��o de Jesus, onde tamb�m � feita a capta��o de �gua para Montes Claros. De acordo com o Igam, o Pacu� teve redu��o de 70% da vaz�o normal nos �ltimos meses.
Roberto Botelho salienta que as previs�es eram que a esta��o chuvosa teria in�cio no Norte de Minas no fim de setembro, com volumes mensais pr�ximos da m�dia hist�rica. “Entretanto, o volume acumulado de 1º de outubro at� hoje (ontem) � de cerca de 40% da m�dia hist�rica”, informa. Segundo ele, no per�odo foram registrados em Montes Claros 47 mil�metros de chuvas, ou 15% dos 325 mil�metros do mesmo per�odo do ano passado.
“O atraso no in�cio da temporada de chuvas tem provocado queda acentuada na capacidade de produ��o dos mananciais, tanto superficiais quanto subterr�neos, ocasionando s�rios problemas no abastecimento de �gua em v�rias cidades e localidades do Norte de Minas”, salienta o superintendente de Opera��o Norte da Copasa. Al�m de Montes Claros, afirma, a companhia adotou restri��o em mais 10 sistemas de abastecimento da regi�o.
E o quadro pode piorar mais ainda nos pr�ximos dias, pois as previs�es indicam que chuvas mais intensas, capazes de recuperar os mananciais de superf�cie e o len�ol fre�tico somente dever�o ocorrer nessa parte do estado nos meses de dezembro e janeiro.
Devido � estiagem prolongada, a Barragem do Bico da Pedra, no Rio Gorutuba, no munic�pio de Jana�ba, est� com pouco mais de 10% da sua capacidade. No in�cio desta semana, o Igam decretou situa��o de escassez h�drica no reservat�rio, determinando tamb�m redu��o do uso da �gua para as diversas finalidades.
Mais de 90% dos mananciais secos
“Ap�s seis, sete, oito meses de seca, se chuvas se atrasam mais ainda os impactos s�o muito grandes. Essa � a realidade que estamos presenciado. Chegamos a um patamar muito cr�tico no Norte de Minas. Mais de 90% dos nossos recursos h�dricos est�o secos. A realidade � triste mesmo”, afirma o professor e doutor em engenharia agr�cola Fl�vio Pimenta de Figueiredo, do Instituto de Ci�ncias Agr�rias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Montes Claros.
Ele lembra que a temporada de chuvas no Norte do estado tivesse chegado h� pelo menos 15 dias, o reservat�rio do Rio Juramento n�o estaria com um volume t�o baixo como se encontra. “Atualmente, a Barragem de Juramento est� com pouco mais de 13% da capacidade. No mesmo per�odo do ano passado, acumulava 35%”, compara.
Contudo, ele destaca que h� previs�o de que as chuvas v�o come�ar no Norte de Minas a partir deste fim de semana, com a perspectiva de serem registrados cerca de 500 mil�metros at� meados de janeiro. “O desafio � segurar a �gua. S� vamos resolver o problema da falta d �gua quando se permitir que toda chuva que cai se infiltrem na terra para recarregar ao aqu�feros fre�ticos e, consequentemente, perenizar os rios”, opina o especialista.
M�s de alerta
Conforme levantamento do Estado de Minas, dos 35 sistemas de abastecimento da Copasa que est�o em racionamento, em 21 a restri��o foi determinada neste m�s. A situa��o ocorreu nos munic�pios de Montes Claros, Taiobeiras, Curral de Dentro, Lontra, Divisa Alegre, Capit�o En�as, todas no Norte de Minas; Pot� (Vale do Mucuri); Campanha (Sul de Minas); Belo Oriente (Vale do A�o); Tarumirim, Virgin�polis, Santa Efig�nia de Minas (Leste de Minas); e Pedra Azul (Vale do Jequitinhonha). Tamb�m neste m�s, a Copasa anunciou rod�zio nas comunidades de Top�zio (em Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri); S�o Sebasti�o de Bra�nas, Bom Jesus do Bagre e Perp�tuo Socorro (todos em Belo Oriente, no Leste de Minas); no Barro Industrial e Ipaba de Para�so (em Santana do Para�so); em Edgar de Melo (Itanhomi) e em Vale Verde de Minas (Ipaba), as tr�s �ltimas no Vale do Rio Doce.