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Estado de Minas CENAS DE BH

A casa assombrada por lendas: o enigma estacionado em uma garagem do Prado

Carro de 1951 em garagem agu�a imagina��o de vizinhos. Dono, que n�o vai � casa h� tempos, teria recusado R$ 60 mil pelo ve�culo


postado em 27/11/2019 06:00 / atualizado em 28/11/2019 11:19

Sob sol e chuva, Plymouth inglês se encontra deteriorado. Mesmo assim, segue despertando cobiça de colecionadores(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Sob sol e chuva, Plymouth ingl�s se encontra deteriorado. Mesmo assim, segue despertando cobi�a de colecionadores (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


A morte da mulher foi a devasta��o final. Depois disso, a casa aos poucos foi se tornando ru�nas. O carro, um cl�ssico Plymouth norte-americano de 1951, vai se desfazendo em ferrugem no jardim. Nada mais importava na vida do homem apaixonado e solit�rio. Essa atmosfera enigm�tica do im�vel de n�mero 87 da Rua Turfa, no Bairro Prado, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, se tornou um terreno f�rtil para abastecer hist�rias que circulam pela internet, dando desfechos diversos para o enredo por tr�s da moradia de arquitetura ferrovi�ria inglesa da primeira metade do s�culo passado. Contudo, o im�vel nunca abrigou tal hist�ria de amor e se encontra inventariado, bem como o ve�culo que atrai colecionadores de toda a capital. O morador, conhecido como “senhor William”, n�o tem mais sa�de para viver na constru��o, que n�o tem �gua nem luz e, por isso, aguarda decis�o judicial para poder ser vendida e por fim passar a habitar apenas a mem�ria de quem passa por l�.

A t�cnica em edifica��es Adriana Peixoto, de 52 anos, passa nos �ltimos 30 anos pela porta da casa no seu rotineiro trajeto at� a sua casa, a dois quarteir�es. De acordo com ela, o morador nunca foi dos mais soci�veis e o carro, uma antiguidade cobi�ada por colecionadores atuais, nunca saiu do jardim. “Lembro-me de que ele era um senhor mais alto e obeso, que s� deixava a cara aparecer da janela de vitral da porta. N�o cumprimentava os vizinhos e a gente s� o via saindo com uma sacolinha de supermercado na m�o. Da casa para o supermercado. Do supermercado para a casa”, recorda.

Um vizinho de 50 anos, que � funcion�rio p�blico e pede para n�o ser identificado, conta com mais detalhes a vida na casa do n�mero 87. “Quando era pequeno, lembro-me de que tinha uma oficina de m�quinas de costura nos fundos dessa casa. Naquele tempo, era um neg�cio muito lucrativo, porque era a tecnologia da �poca. E muito cara a manuten��o. Da� o pai sumiu e ficou morando s� esse filho, chamado William. Um homem perturbado, com sofrimento mental. A casa e o carro acabaram desde ent�o. Nunca foram cuidados. Tem mais de um ano que ele sumiu de vez”, conta o funcion�rio p�blico.

O aposentado Roberto Alves Ferreira, de 76, vive h� 30 anos na regi�o e tamb�m conta que a casa e o carro se arruinam desde ent�o. “O morador nunca teve cuidado com a moradia e nem com o ve�culo. Isso que vemos hoje j� vinha aos poucos, ao longo dos anos. O dono da casa que conheci, esse senhor William, s� ficava aqui durante o dia. Quando ca�a a tarde, ia embora. N�o tem como morar nessa casa, porque nem �gua e luz tem”, afirma o aposentado. Outro vizinho, de 48 anos, pede para n�o se identificar e conta que se lembra muito bem da fam�lia que vivia no n�mero 87 da Rua Turfa. "Eram pessoas de posse. O pai tinha um palet� marrom e era um homem elegante. Descia do �nibus aqui embaixo, na Rua Platina, e vinha caminhando at� a casa. Mas morreu ele, a mulher e ficou s� o filho. Esse William. Uma pessoa reclusa, parecia at� ter sofrimento mental. Ofereci a ele ajuda, mas ele nunca quis”, conta.

O ass�dio de colecionadores


Uma das atra��es � o carro estacionado dentro do jardim, um cl�ssico de 1951. “Todo dia aparece um colecionador aqui. Tiram fotografias do ve�culo, ficam reparando os detalhes originais. Teve um senhor que viu uma mat�ria em uma revista sobre o carro e veio aqui. Ofereceu R$ 60 mil no carro e o William n�o quis. Um dia desses, at� ofereci uma lona para ele cobrir o carro, para que n�o entre �gua da chuva, mas ele n�o quis. Agora, ele acabou sumindo, ningu�m mais d� not�cia dele", conta.

No momento, um gato preto é o único morador do imóvel. Felino se abriga da chuva debaixo do chassi do carro(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
No momento, um gato preto � o �nico morador do im�vel. Felino se abriga da chuva debaixo do chassi do carro (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


Aos poucos, a casa de n�mero 87 se acaba, algo que ocorre com outras moradias do Prado, um bairro residencial tradicional de Belo Horizonte. Mas o que mais chama a aten��o � mesmo o carro Plymouth azul, de 1951 e placa ainda amarela, que foi abolida em 1999, mas que ainda exibe a identifica��o AD-8223, de Belo Horizonte. O ve�culo � devorado pela ferrugem e tem todos os vidros do para-brisa e das portas dianteiras quebrados. Um adesivo da BH FM, r�dio de 1977 extinta na d�cada de 1990, atesta os �ltimos usos do ve�culo. Os estofados de seus bancos originais se partiram e o forro do teto se desprendeu, pendendo do alto como uma cortina clara e aveludada. O volante branco com textura para o agarre dos dedos est� completamente mofado e se deteriora com a exposi��o �s intemp�ries. As portas n�o t�m mais fechaduras e ficam entreabertas.

Morador adotivo


O �nico habitante do im�vel � um gato preto de olhos verdes que escolheu o velho Plymouth para ser sua moradia. N�o passa fome nem necessidades, pois a vizinhan�a, solicitamente, abastece uma vasilha com �gua abaixo do radiador e tamb�m uma panelinha com ra��o de qualidade. Pregui�osamente o felino se esgueira sob o chassi do cl�ssico ingl�s para se abrigar da chuva e explora a sucata abandonada.

Uma pilha de tijolos sob uma das janelas demonstra uma ideia abandonada de reforma do im�vel. A tinta azul das paredes se tornou desbotada e se desprende da alvenaria. Das luzes que iluminavam a fachada s� restaram as lumin�rias antigas e impregnadas de ferrugem. O telhado de cer�mica italiana progressivamente cede � medida que os caibros se rendem ao mofo, cupins e apodrecimento. Em seu lugar se alastra uma vegeta��o de cactos. As plantas de espinhos povoam quase toda a cobertura e sustentam at� ninhos de bem-te-vis. O pequeno avarandado, onde se podia antigamente sentar e admirar o movimento da rua pelos muros baixos, na linha da cintura, se tornou canteiro de matagal e at� flores selvagens pioneiras.


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