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Estado de Minas

Conhe�a a festa de 'expuls�o de Jo�o-do-Mato', rito tradicional da Comunidade dos Arturos

Ao som c�nticos de sofrimento e liberta��o, evento celebra solidariedade entre os negros outrora escravizados em Minas Gerais


postado em 14/12/2019 13:02

(foto: Leandro Couri/EM)
(foto: Leandro Couri/EM)
Os Arturos, comunidade quilombola situada no bairro Jardim Vera Cruz, em Contagem, realizam no dia de hoje uma de suas mais tradicionais celebra��es, que remetem aos tempos da escravid�o. Segundo a lenda, se at� a passagem do dia 23 para 24 de dezembro o escravo n�o capinasse sua ro�a, o “Jo�o do Mato” ali amarrava seu cavalo e era o sinal de que aquele era um “escravo pregui�oso” e nada ali prosperaria, explica o atual patriarca da comunidade “seu” M�rio Braz da Luz, de 86 anos. O simbolismo da solidariedade entre os escravos se revela no mutir�o reunindo homens e mulheres que seguem em dire��o aos ro�ados, com suas foices e enxadas, entoando c�nticos de sofrimento e liberta��o, para que nenhum ro�a fique submetido ao “Jo�o do Mato”.

O rito agr�rio que consiste na expuls�o do Jo�o-do-mato, que � s�mbolo com caracter�sticas humanas da vegeta��o que nasce sem ser semeada (erva daninha) e deve ser destru�da. Nesse rito os capinadores v�o realizando seu trabalho em mutir�o, entoando as cantigas alegres ou os lamentos da vida di�ria - numa lembran�a dos tempos de cativeiro. O Jo�o-do-mato aparece quando a capina vai chegando ao final. Com as enxadas levantadas, os capinadores entoam a cantiga de expuls�o: o Jo�o-do-mato passa entre as enxadas e sai das terras capinadas em busca de �rea em que o servi�o do homem n�o interferiu na natureza. O rito configura o valor da enxada no trabalho e sobre o mal sobre a pregui�a, mantendo o ciclo da vida como um rito de constante renova��o.

O ritual foi conduzido pelo patriarca da comunidade “seu” M�rio, que neste ano assumiu a tradi��o em uma cadeira de rodas e est� se recuperando de grave problema de sa�de que o levou por algumas semanas ao CTI do hospital municipal de Contagem.

A comunidade negra Arturos descende de Camilo Silv�rio da Silva que, em meados do s�culo XIX, chegou ao Brasil num navio negreiro vindo de Angola. Do Rio de Janeiro, Camilo foi enviado a Minas Gerais para trabalhar num povoado situado na Mata do Macuco, antigo munic�pio de Santa Quit�ria, hoje Esmeraldas. Neste povoado, trabalhou nas minas e como tropeiro nas lavouras. Casou-se com uma escrava alforriada chama Felismina Rita C�ndida. Dessa uni�o nasceram seis filhos.

Entre os irm�os, Artur Camilo Silv�rio foi o que mais prosperou. Nasceu em 1885, �poca da Lei do Ventre Livre e casou-se com Carmelinda Maria da Silva. Os dois tiveram 10 filhos e vieram morar em Contagem, na localidade conhecida ent�o conhecida como Domingos Pereira, onde adquiriram a propriedade na qual ainda vivem seus descendentes.

Hoje, em sua quinta gera��o, fazem parte da comunidade 80 fam�lias, cerca de 500 pessoas. A comunidade oferece um retrato da identidade cultural e das tradi��es dos negros africanos trazidos para o Brasil no per�odo escravagista, bem como da miscigena��o com a cultura portuguesa, que deu origem a um sincretismo que ora se comemora isoladamente, ora em companhia das comunidades que vivem a seu redor.

Entre as celebra��es dos Arturos, destacam-se o Batuque, a festa da capina denominada "Jo�o do Mato", a folia de Reis, a Festa da Aboli��o da Escravatura e, principalmente, o Reinaldo de Nossa Senhora do Ros�rio, festa popularmente conhecida como Congado. Eles tamb�m formam o grupo art�stico Arturos Filhos de Zambi (deus dos negros da na��o banto) que trabalha percuss�o, dan�a afro e teatro em torno da hist�ria dos negros.


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