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Estado de Minas ROMPIMENTO DE BARRAGEM

Brumadinho: t�cnica inovadora pode revitalizar natureza destru�da em dez anos

Mineradora ensaia uso da tecnologia vertical green para recuperar vegeta��o e manancial arrasados h� quase um ano pelo rejeito liberado por rompimento de barragem da Mina de Feij�o


postado em 12/01/2020 04:00 / atualizado em 12/01/2020 10:06

Trecho soterrado pelos rejeitos de minério de ferro começa a receber sementes para restabelecer a natureza, castigada após o desastre(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Trecho soterrado pelos rejeitos de min�rio de ferro come�a a receber sementes para restabelecer a natureza, castigada ap�s o desastre (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Mesmo um olhar atento e t�cnico tem dificuldade para identificar como era a natureza nos 275 hectares arrasados pela lama e os rejeitos de min�rio de ferro despejados pelo rompimento da Barragem B1, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Barrancas de ribeir�es, c�rregos chegando por brejos, bambuzais, matas. Tudo consumido e resumido numa �nica paisagem cor de terra vermelha. Mas um projeto pode abrir uma janela para o futuro e com aux�lio de v�rias tecnologias apontar como o Vale do Ribeir�o Ferro-Carv�o, soterrado por mais de 7 milh�es de metros c�bicos (m³) de rejeitos – no total foram liberados 10,6 milh�es de m³ –, poder� voltar a correr em meio a v�rzeas arborizadas, servindo de ber��rio a peixes e aplacando a sede de animais silvestres como fazia antes de 25 de janeiro, data do rompimento.

Essa janela para o futuro � um laborat�rio de cerca de 5 hectares, numa extens�o de 700 metros do Ribeir�o Ferro-Carv�o entre a ponte da estrada para Alberto Flores e a foz do manancial no Rio Paraopeba. O projeto utiliza essencialmente uma t�cnica chamada de vertical green e outras tecnologias, para possibilitar com m�nimo impacto e pr�ticas sustent�veis o reestabelecimento da natureza no trecho soterrado pelos rejeitos. O trabalho come�ou h� quatro meses e os resultados j� s�o animadores e podem representar uma forma de se revitalizar toda a bacia atingida pelo rompimento da barragem, ao longo de 9,6 quil�metros do Rio Paraopeba, aos p�s da Barragem B1.

Mas n�o � um processo simples e nem pode ser implantado a qualquer momento. Para se ter uma ideia, a Vale s� pode come�ar com o experimento depois que os bombeiros, que ainda trabalham nas buscas pelos corpos desaparecidos de 13 pessoas, exaurirem as possibilidades de encontrar qualquer vest�gio humano naquele trecho. O trabalho dos militares socorristas � priorit�rio sobre todos os demais que n�o sejam emergenciais. Com o sinal verde da corpora��o, � preciso remover com maquin�rio todo o rejeito depositado pelo rompimento.

“Foi contratada uma empresa de engenharia ambiental que sugeriu essa solu��o, com a t�cnica do vertical green para um experimento nessa �rea que tinha sido liberada. Nossa inten��o era testar para ver se ocorreria uma recupera��o ambiental satisfat�ria e at� agora os resultados parecem bons”, observa o gerente-executivo das obras de repara��o da Vale em Brumadinho, Rog�rio Bueno Galv�o. “Depois que removemos os rejeitos, passamos a implantar o processo de recupera��o de �reas degradadas com a estabiliza��o de barrancos, o restabelecimento de margens e a renaturaliza��o do Ribeir�o Ferro-Carv�o”, conta.

Fidelidade

Enquanto o terreno era liberado do rejeito, uma equipe de projetistas, munidos com imagens de sat�lite e outras refer�ncias, reproduziu com a m�xima fidelidade poss�vel cada curva, remanso e corredeira a ser restitu�da no tra�ado do Ribeir�o Ferro-Carv�o. Como n�o bastava apenas utilizar material ambientalmente sustent�vel, mas tamb�m capaz de resistir �s cheias, enxurradas e demais eventos naturais a que o manancial estaria sujeito, foram usados materiais geossint�ticos que estabilizaram o solo e ainda permitem a semeadura de esp�cimes nativas para o reflorestamento.

“Montamos as margens com paredes estruturadas com biomantas, redes e mantas que permitem segurar as sementes e tudo vai florir com estabilidade. Os tribut�rios, a �gua que percola pelo terreno e matas, todo esse sistema est� tendendo a um equil�brio similar �s condi��es anteriores”, aponta Galv�o.

Nada nesse processo pode ser feito sem o acompanhamento e libera��o dos �rg�os ambientais. “Tivemos de fazer um senso de cada �rvore que estava nessa �rea e repass�-lo para o Instituto Estadual de Florestas (IEF) para que fossem definidas quais poderiam ser suprimidas e quais deveriam ser mantidas por v�rios motivos, como por serem estruturas para ninhos etc. Com isso, levamos quatro meses realizando o senso”, afirma o gerente-executivo das obras de repara��o.

Testes definir�o amplitude do projeto

Ribeirão já passa por processo de draga para uma estação de tratamento, que devolverá a água mais pura(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Ribeir�o j� passa por processo de draga para uma esta��o de tratamento, que devolver� a �gua mais pura (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Se o vertical green ser� a solu��o a ser implantada em toda a �rea atingida at� a Barragem B1, isso ainda vai depender de testes, sobretudo os posteriores ao fim da esta��o chuvosa 2019/2020, ap�s o m�s de mar�o. No trecho que vai al�m da �rea de testes, onde o Rio Paraopeba foi engolido pela massa de rejeitos, as t�cnicas de recupera��o a serem utilizadas ser�o outras. De acordo com a Vale, nos primeiros dois quil�metros ap�s a foz do Ribeir�o Ferro-Carv�o, foram feitos trabalhos de batimetria que encontraram 225 mil metros c�bicos (m³) de rejeitos na calha. “Esse trecho j� est� sendo dragado e o material que � removido direcionado para a Esta��o de Tratamento de �guas Fluviais da Lajinha, constru�da com capacidade para 350 mil m³ e que depois devolve a �gua pura para o rio”, afirma o gerente-executivo das obras de repara��o da Vale em Brumadinho, Rog�rio Bueno Galv�o.

Mesmo o processo de dragagem precisa observar crit�rios r�gidos e foram estabelecidos pelos �rg�os ambientais e de controle, como Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) e o Minist�rio P�blico Estadual (MP), gatilhos t�cnicos para interromper o processo. “S�o v�rios gatilhos de monitoramento que interrompem o processo imediatamente quando h� ind�cios de impactos. S�o fatos como uma eleva��o muito acentuada de turbidez (satura��o da �gua por part�culas) ou uma mortandade de peixes. Foram seis meses para que os m�todos de dragagem e seus protocolos fossem aprovados. Ser� um progresso lento, mas at� julho de 2020 esperamos ter retirado tudo”, estima Galv�o.

T�cnicos da Funda��o SOS Mata Atl�ntica que estiveram na �rea do rompimento logo ap�s a trag�dia estimaram que uma recupera��o florestal plena levaria cerca de 10 anos. Contudo, para que os ecossistemas destro�ados pudessem voltar a uma harmonia plena, esse processo seria ainda mais longo, beirando um s�culo. A reportagem entrou em contato com a funda��o para saber se esse modelo prossegue com a utiliza��o das atuais t�cnicas empregadas. De acordo com a assessoria de imprensa da SOS Mata Atl�ntica, uma equipe t�cnica dever� retornar “� regi�o das bacias do Paraopeba e Alto S�o Francisco, afetadas pelos rejeitos, para an�lises comparativas da evolu��o dos indicadores de qualidade da �gua”.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), as obras do projeto vertical green se encontram em atraso. “Conforme a Vale, os atrasos ocorreram devido � exist�ncia de quatro dutos da Transpetro na �rea onde o projeto ser� instalado. � necess�rio um trabalho de envelopamento dos dutos, visando preservar a integridade dos mesmos. A previs�o do fim do envelopamento � 20 de janeiro, com a implementa��o do “concrete channel” em seguida. As obras est�o previstas para finaliza��o em fevereiro”, informou.

Em um primeiro momento, a Semad entende que a t�cnica “atende ao necess�rio para reconformar o curso h�drico e proteger o solo contra processos erosivos, por�m, trata-se de uma solu��o imediata, emergencial e tempor�ria, que dever� ser sucedida em momento posterior por outras a��es de recupera��o ambiental da �rea”, como o reflorestamento, que � parte dos projetos da mineradora.




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