
De dentro da trama de uma rede biodegrad�vel sobre o solo e nos espa�os das arma��es de a�o que seguram barrancos despontam folhas de capim, flores e at� brotos de �rvores. Aos poucos, o verde volta a dominar a �rea de cinco hectares entre a estrada de Alberto Flores e o Rio Paraopeba, que estava tomada pelos rejeitos desde o rompimento da Barragem B1, da Mina C�rrego do Feij�o, que inundou o Ribeir�o Ferro-Carv�o com mais de 10 milh�es de metros c�bicos de res�duos de min�rio de ferro.
Esse trecho piloto, identificado pela mineradora Vale como Marco Zero � um laborat�rio com t�cnicas de recupera��o ambiental que poder� servir de base para boa parte dos 9,6 quil�metros do ribeir�o que foram devastados com o rompimento e 2 quil�metros do Rio Paraopeba, como mostrou ontem, com exclusividade, a reportagem do Estado de Minas. Hoje, os trabalhos s�o intensos, com maquin�rio e cerca de 60 oper�rios em campo, num projeto que j� dura cinco meses.
O Programa Marco Zero busca a reconstitui��o das condi��es originais do Ribeir�o Ferro-Carv�o e a revegeta��o com plantas nativas das matas ciliares. A previs�o de conclus�o do projeto-piloto � at� fevereiro deste ano. Os investimentos no programa est�o dentro dos recursos que v�m sendo aplicados nas obras emergenciais de conten��o em Brumadinho, que devem chegar a R$ 1,8 bilh�o at� 2023.
Um dos grandes desafios do projeto era a reconstitui��o do tra�ado do ribeir�o. A Vale retirou 130 mil m³ de rejeitos do trecho e, com base em levantamentos topogr�ficos e consultas aos hist�ricos de fotografias de sat�lites, o curso original do ribeir�o foi demarcado. Utilizando a tecnologia green wall, um sistema patenteado para a recupera��o de cursos d'�gua e matas ciliares, a Vale refez o canal do ribeir�o, com rochas ao fundo e paredes de biomantas revegetadas. Ap�s a reconstru��o do canal, a �rea do entorno foi reaterrada, recuperando sua topografia original.
A revegeta��o da �rea ser� executada em tr�s fases. A primeira ocorreu ap�s a reconstru��o do canal do leito do Ribeir�o Ferro-Carv�o. Parte da superf�cie j� foi coberta por um tipo de solo vegetal f�rtil, esp�cies rasteiras selecionadas e hidrossemeadas (t�cnica de semeadura com aux�lio de �gua). Em seguida, biomantas naturais, compostas de fibra de coco, foram instaladas por cima da camada semeada para proteger as sementes de p�ssaros e da chuva.
Na segunda fase, ser� plantada vegeta��o de m�dio porte, que vai propiciar condi��es favor�veis para a execu��o da terceira e �ltima etapa, que � o plantio de esp�cies nativas da regi�o. As esp�cies nativas a serem utilizadas est�o sendo definidas, bem como a origem delas. “A Vale refor�a que realizou o invent�rio florestal da �rea, onde cada indiv�duo (planta) foi cadastrado, catalogado e etiquetado e que, em conjunto com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), tamb�m executou uma avalia��o criteriosa das esp�cies atingidas. Existem ainda tentativas de recuperar �rvores que correm risco de fenecer. Nesses casos, as plantas est�o sendo cuidadas e monitoradas”, informou a empresa.
Todo o processo de revegeta��o leva tempo e sofre influ�ncia direta de fatores externos, como o clima e o pr�prio ciclo natural de crescimento, desenvolvimento das plantas e do bioma.
As atividades de dragagem dos rejeitos nos primeiros dois quil�metros do Rio Paraopeba ap�s a conflu�ncia com o Ribeir�o Ferro-Carv�o complementam as a��es do Projeto Marco Zero. “Nos 400 metros iniciais, a Vale j� removeu 59 mil m³ de rejeitos. O material removido na dragagem � armazenado e desidratado em grandes bolsas geot�xteis. A �gua drenada dessas bolsas � bombeada para uma esta��o de tratamento e retorna dentro dos padr�es legais determinados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) ao Rio Paraopeba”, afirma a Vale.