Reforma da Casa de Cultura Negra integra agenda dos 300 anos de Minas
Espa�o fica em Ouro Preto, na Regi�o Central. Al�m da Sedi��o de Vila Rica, cidade festeja tamb�m as quatro d�cadas como patrim�nio mundial
postado em 14/01/2020 06:00 / atualizado em 14/01/2020 08:01
Local ganhou mais um m�dulo, duas arenas e paisagismo que remete � cultura, medicina e religiosidade africanas (foto: Ane Souz/Prefeitura de Ouro Preto/Divulga��o)
O fim de semana foi de festa em Ouro Preto, na Regi�o Central do estado, para comemorar datas e marcos importantes de Minas e da cidade reconhecida como Patrim�nio da Humanidade. Al�m de quatro d�cadas do t�tulo concedido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco), o primeiro no pa�s, a cidade comemora os 300 anos da Sedi��o de Vila Rica e a entrega da Casa de Cultura Negra e do certificado de registro, como patrim�nio imaterial, da Festa de Nossa Senhora do Ros�rio, Santa Efig�nia e S�o Benedito. Houve cortejo, com cores, tradi��o e ritmo pelo Centro Hist�rico.
De acordo com a prefeitura local, a obra, com recursos do munic�pio, incluiu reforma e amplia��o da Casa de Cultura Negra, localizada no terreno ao lado da Igreja de Santa Efig�nia, no Bairro Alto da Cruz, no Centro Hist�rico de Ouro Preto. Os t�cnicos explicam que a constru��o, em cuja �rea surgiu um dos primeiros n�cleos que deram origem � cidade, foi idealizada para abrigar “as mais diferentes linguagens art�sticas, estabelecendo di�logo entre o passado e o presente, com o compromisso de valorizar, preservar e divulgar a heran�a da cultura afro-brasileira em suas mais ricas e expressivas vertentes”.
O objetivo, acrescentam os t�cnicos, � propiciar atividades sociais e educativas e fortalecer a cultura e as tradi��es do munic�pio, abrindo oportunidades e valorizando a hist�ria dos negros na cidade. A gest�o ficar� a cargo da Diretoria de Promo��o da Igualdade Racial, com o espa�o ocupado pela Associa��o Amigos do Reinado (Amirei) e o F�rum da Igualdade Racial (Firop). O local abriga ainda as reuni�es da Associa��o de Moradores do Alto da Cruz (Amac).
Pioneirismo
A interven��o e o projeto de restauro e amplia��o, iniciados em 2018, foram acompanhados pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Patrim�nio, que tem � frente Zaqueu Astoni Moreira. Segundo o secret�rio, trata-se de uma iniciativa pioneira no pa�s: “A casa ganhou mais um m�dulo com novos servi�os e duas arenas, � maneira de anfiteatro, com Adinkra em seu piso. Os s�mbolos africanos Adinkra foram desenvolvidos pelos Akan (grupo lingu�stico presente em Gana, Costa do Marfim e Togo, pa�ses da �frica Oeste), que se destacam pelo uso de signos para transmitir ideias”. Cada um representa um conceito, ditado ou prov�rbio enraizado na experi�ncia Akan.
(foto: Ane Souz/Prefeitura de Ouro Preto/Divulga��o)
O paisagismo do conjunto, acrescenta Zaqueu, inclui plantas ligadas � cultura, medicina e religiosidade africanas. Est�o l�: cerca viva com ora-pro-n�bis, cam�lias, mirra, capim cidreira, abacate, amora, manga, espada-de-s�o-jorge e um p� de jabuticaba. O nome Casa de Cultura Negra, antes Sala Chico Rei, foi mudado no ano passado, por lei municipal, atendendo ao pedido dos integrantes do F�rum da Igualdade Racial de Ouro Preto (Firop).
A Festa do Reinado de Nossa Senhora do Ros�rio, Santa Efig�nia e S�o Benedito � realizada em Ouro Preto h� mais de 200 anos, tornado-se uma tradi��o da f� afrodescendente. Para valorizar ainda mais a celebra��o, foi descoberta uma bandeira de ferro, numa capela. “� um achado muito importante para Ouro Preto. A pe�a foi restaurada”, disse.
Pela mem�ria de Filipe do Santos
Ser�o muitas as celebra��es neste ano em Minas, que comemora seu tricenten�rio – em 2 de dezembro, foi assinado o ato r�gio determinando a separa��o de Minas da Capitania de S�o Paulo. Ao mesmo tempo, em Ouro Preto, ex-capital de Minas e antiga Vila Rica, as aten��es est�o voltadas para os 300 anos da Sedi��o de Vila Rica, cujo protagonista, Filipe dos Santos (1680-1720), se revoltou contra a cobran�a de impostos pela Coroa portuguesa e foi condenado � morte. Na verdade, ser� uma tripla comemora��o, pois Ouro Preto vai festejar os 40 anos do reconhecimento como Patrim�nio da Humanidade, o primeiro concedido no pa�s pela Unesco, informa o secret�rio municipal de Cultura e Patrim�nio. Zaqueu Astoni Moreira.
Desde o in�cio do ano passado, a prefeitura local vem se preparando para reverenciar a mem�ria do minerador portugu�s e expoente do movimento que teve em Cachoeira do Campo um dos palcos mais importantes. O objetivo das autoridades � envolver a popula��o em projetos de educa��o patrimonial, a fim de homenagear a mem�ria e jogar mais luz sobre essa p�gina do in�cio do s�culo 18 que representa o “nascimento” de Minas.
Entre as a��es para marcar as datas em Ouro Preto est� a restaura��o do Solar dos Pedrosa, vizinho da Matriz de Nossa Senhora de Nazar�, que foi cen�rio de outros momentos �picos, como a Guerra dos Emboabas. A obra tem recursos de um financiamento da prefeitura no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), no valor de R$ 1 milh�o, e contrapartida do munic�pio de R$ 200 mil. Outra obra est� na requalifica��o do trevo de entrada da cidade, que pelos 300 anos vai ganhar um tri�ngulo, remetendo � bandeira de Minas e plantio de flores entremeando um bloco de pedra com a inscri��o Patrim�nio da Humanidade.
