
Conhecimento, identidade e mais luz sobre o passado, com os olhos bem abertos para o presente e o futuro. O Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Minas Gerais (IHGMG) vai pedir o tombamento estadual do Morro da Queimada, s�tio arqueol�gico de Ouro Preto, na Regi�o Central, que guarda vest�gios da minera��o no s�culo 18 e foi um dos palcos da Sedi��o de Vila Rica (1720). A iniciativa deve ser um marco nas comemora��es dos 300 anos de Minas, que ter� programa��o cultural ao longo de 2020 e abertura, na sede do instituto, na capital, hoje, �s 19h, com palestra do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), na capital. Ouro Preto e Caet�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, tamb�m v�o celebrar o tricenten�rio com atividades para fortalecer a educa��o patrimonial e valorizar os bens de relev�ncia, testemunhas dessa p�gina da hist�ria.
J� est�o definidos um semin�rio sobre a Inconfid�ncia Mineira (1789), em abril; exposi��o sobre cartografia hist�rica de Minas, em julho e agosto, no Museu das Minas e do Metal, na Pra�a da Liberdade, em BH; exposi��o sobre documenta��o dos prim�rdios das Gerais, no Museu Mineiro, tamb�m em julho e agosto; semin�rio sobre a Revolu��o Liberal de 1842, em agosto, em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de BH; semin�rio Genealogia sobre a Gente Mineira, em novembro, na capital; al�m de mesas redondas, pain�is e outras atividades para envolver a comunidade.
Para as atividades, o IHGMG forma parceria com o Centro de Refer�ncia em Cartografia Hist�ria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Arquivo P�blico Mineiro, vinculado � Superintend�ncia de Museus, Bibliotecas e Arquivo P�blico e Equipamentos Culturais, que tem � frente a muse�loga C�lia Corsino, al�m da Funda��o Cl�vis Salgado e outras institui��es. A sede do IHGMG fica na Rua dos Guajajaras, 1.268, no Bairro Barro Preto, na Regi�o Centro-Sul de BH.
Cultura
O primeiro passo para as celebra��es dos 300 anos de Minas Gerais, que nasceu com a eleva��o dessas terras centrais � condi��o de Capitania de Minas, em 1720, foi dado em 15 de agosto, quando o presidente do IHGMG, Luiz Carlos Abritta, instituiu a comiss�o especial que vai cuidar da programa��o durante o pr�ximo ano. Est� prevista a visita dos integrantes do instituto a Ouro Preto, para homenagens � mem�ria de Felipe dos Santos, morto h� 300 anos.
Abritta delegou a presid�ncia da comiss�o � professora e ge�grafa M�rcia Maria Duarte dos Santos, da UFMG. A subcoordena��o ficou a cargo do tamb�m integrante do instituto, Adalberto Andrade Mateus, t�cnico do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha). “Com a separa��o da capitania de S�o Paulo, que vigorava desde o fim da Guerra dos Emboabas (1707-1709), teve in�cio a organiza��o territorial, administrativa, pol�tica e sociocultural de Minas”, afirma Mateus. Ele explica que em 2 de dezembro de 1720 foi assinado o ato r�gio determinado a separa��o de Minas da Capitania de S�o Paulo (veja quadro).
Em Caet�, antiga Vila Nova da Rainha (nome em homenagem a Maria Ana de �ustria, mulher de dom Jo�o V, que reinou em Portugal de 1706 a 1750), a programa��o come�ou em 13 de setembro e ir� at� 12 de setembro de 2020. O primeiro ato teve desfile com a chama simb�lica dos 300 anos de Minas Gerais. No Centro Hist�rico, diante da Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso e com vista para a Serra da Piedade, que guarda a imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, foi assinado o ato oficial para in�cio de festividades envolvendo tamb�m Sabar�, Itabira, Santa B�rbara, Catas Altas e Bar�o de Cocais. “Nosso objetivo � reunir todos os munic�pios da �poca do Ciclo do Ouro”, afirmou o secret�rio de Cultura, Turismo e Patrim�nio de Caet�, F�lvio Brand�o.
Morro da queimada
O prefeito de Caet�, Lucas Coelho (PTB), est� entusiasmado com os eventos e citou a celebra��o, em 2019, dos 310 anos do fim da Guerra dos Emboabas (1707-1709). “No distrito de Morro Vermelho, ocorreu a primeira elei��o direta para governador das Am�ricas”, disse em refer�ncia � aclama��o, � revelia da coroa portuguesa, de Manuel Nunes Viana (1670-1738). (GW)
Tesouros da hist�ria
- S�culo 17 – Os primeiros colonizadores chegam �s minas em busca de ouro e pedras preciosas. At� in�cio do s�culo 18, a regi�o fazia parte da Capitania do Rio de Janeiro
- 1709 – Neste ano, � criada a Capitania de S�o Paulo e Minas do Ouro, em decorr�ncia da Guerra dos Emboabas
- 1711 – Surgem as primeiras vilas do ouro: Mariana, em 8 de abril; Ouro Preto, ex-Vila Rica, em 8 de julho; e Sabar�, antiga Vila Real de Nossa Senhora da Concei��o de Sabar�, em 17 de julho
- 1714 – Em 6 de abril, s�o institu�das as comarcas, em Minas, de Rio das Mortes, Vila Rica e Rio das Velhas
- 1720 – Institu�da a Comarca do Serro Frio, com sede na Vila do Pr�ncipe, atual Serro. Dessa forma, o territ�rio mineiro, a grosso modo, fica dividido em quatro partes
- 1720 – Regi�o de explora��o do ouro se torna capitania. Em 2 de dezembro, foi assinado o ato r�gio determinando a separa��o de Minas da Capitania de S�o Paulo
- 1820 – Minas se torna prov�ncia. Ao longo do imp�rio, as primeiras comarcas v�o sendo desmembradas
Tricenten�rio da sedi��o de Vila Rica
Em Ouro Preto, ex-capital de Minas e antiga Vila Rica, as aten��es est�o voltadas para o tricenten�rio da Sedi��o de Vila Rica, cujo protagonista, Filipe dos Santos (1680-1720), se revoltou contra a cobran�a de impostos pela coroa portuguesa e foi condenado � morte. Ser� uma tripla comemora��o, pois, em 2020, Ouro Preto festejar� os 40 anos do reconhecimento como Patrim�nio da Humanidade, o primeiro concedido no pa�s pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco), ressalta o secret�rio municipal de Cultura e Patrim�nio, Zaqueu Astoni Moreira.
Desde o in�cio do ano, a prefeitura local vem se preparando para reverenciar a mem�ria do minerador portugu�s e expoente do movimento que teve em Cachoeira do Campo um dos palcos mais importantes. O objetivo das autoridades � buscar parceria com governos federal e estadual, envolvendo a popula��o em projetos de educa��o patrimonial, a fim de homenagear a mem�ria e jogar mais luz sobre essa p�gina do in�cio do s�culo 18 que representa o “nascimento” de Minas.
Entre as a��es para marcar as datas em Ouro Preto, est� a restaura��o do Solar dos Pedrosa, vizinho da Matriz de Nossa Senhora de Nazar�, que foi cen�rio de outros momentos �picos como a Guerra dos Emboabas. A obra tem recursos de um financiamento da prefeitura no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), no valor de R$ 1 milh�o e contrapartida do munic�pio de R$ 200 mil.
Chamado nos prim�rdios de Morro do Ouro Podre ou Morro do Pascoal Silva, o Morro da Queimada ganhou esse nome ap�s a demoli��o e inc�ndio das casas dos participantes da Sedi��o de 1720. A destrui��o, no entanto, n�o exterminou a vida no Morro da Queimada, que permaneceu ocupado durante os s�culos 18 e 19. Quem vai ao local tem vista panor�mica do Centro Hist�rico de Ouro Preto e do Pico Itacolomi, marco que orientou os primeiros bandeirantes que chegaram em busco de ouro.