
Depois de quase sete horas de trabalhos, o Corpo de Bombeiros resgatou o oper�rio que estava soterrado em uma obra localizada na Rua Palmira, no Bairro Serra, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Segundo os militares, um “milagre” salvou a vida dele. A v�tima est� est�vel e foi levada ao Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII. Outro homem morreu logo que o acidente aconteceu, por volta das 14h desta ter�a-feira (21).
Veja, por outro �ngulo, o resgate do oper�rio que ficou soterrado em obra de BH. Todos os detalhes em https://t.co/oPCivEl290
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sobreviver a um soterramento como esse � muito pequena. Um deles teve a sorte de ter a parte do rosto preservada, que por onde ele conseguiu respirar”, explica “Era um espa�o vital m�nimo. Podemos dizer que a chance de o capit�o Tiago Costa, do Batalh�o de Emerg�ncias Ambientais e Resposta a Desastres do Corpo de Bombeiros.
Oper�rio � resgatado pelo Corpo de Bombeiros ap�s sete horas sob escombros, no Bairro Serra, em BH pic.twitter.com/lMEBm506r7
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O homem foi retirado dos escombros por volta das 20h40. Nas redondezas da Rua Palmira, moradores aplaudiram o salvamento realizado pelos bombeiros.
“Primeiramente, a gente fez a estabiliza��o da cena. Depois, a gente criou uma esp�cie de rampa para conseguir acessar os membros inferiores da v�tima. Tamb�m criamos um ponto de ancoragem suspenso para termos a possibilidade de um i�amento em caso de um novo deslizamento”, relatou o capit�o Tiago Costa, ressaltando que o buraco era de aproximadamente quatro metros.

Mais cedo, a corpora��o confirmou a morte do outro oper�rio que estava soterrado. O corpo dele foi retirado por volta das 22h.
De acordo com a Floren�a Construtora, respons�vel pelos trabalhos, havia seis funcion�rios no momento do incidente, por volta das 14h. A empresa n�o divulgou o nome das v�timas, por orienta��o de bombeiros que estavam na ocorr�ncia, para preservar os familiares.
Os trabalhadores cavavam uma vala para receber funda��o do pr�dio. O edif�cio residencial seria de nove andares e teria come�ado em outubro. De acordo com o tenente-coronel Winderson Alan Moura, risco � seguran�a da opera��o dificultou o resgate.
"� um trabalho minucioso, a gente precisa trabalhar com t�cnica tanto pela seguran�a das v�timas quanto dos militares que est�o empenhados. A dificuldade maior � a instabilidade do terreno", disse o militar.
Vizinhos lamentam acidente
A gerente-geral Maria do Socorro Vasconcelos, de 58 anos, trabalha ao lado da obra e escutou um barulho por volta das 14h. "Fez 'bum', como se algo tivesse ca�do. Depois eles come�aram a gritar", contou. "Para a gente, que convivia (com os oper�rios) aqui � muito triste. Eles trabalhavam muito alegres. Parecia tudo normal e de uma hora pra outra aconteceu isso", lamenta.
O servente de pedreiro Clarison Rodrigues, de 31, trabalhava em outra obra pr�xima ao local e correu para tentar socorrer os trabalhadores. "A gente escutou os gritos, os colegas gritaram muito e corremos pra ajudar", contou. "Tem cena que a gente v� e n�o consegue nem falar sobre. Pra gente que trabalha com isso, � um acidente ningu�m quer ver."
A vizinha Joana Darc, disse ficar assustada com o soterramento t�o pr�ximo de sua casa. "Passei por volta de 13h50 e estava tudo tranquilo. Na hora que voltei j� estava cheio de viaturas", disse a dentista. Segundo ela, h� pouco tempo havia uma casa no local. "Tem pouco tempo que come�aram a demolir a casa e n�o tinha muito movimento n�o, era raro ter o port�o aberto", conta. "A sorte � que n�o tinha muitos trabalhadores", acrescentou.
Resgate sem hora pra acabar
Na noite desta ter�a-feira, os militares se prepararam com toldo em caso de chuva que estava prevista para a madrugada. "Isso � tentar assassinar os empregados", disse Vilson Valdez, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Constru��o. Segundo ele, o sindicato havia visitado a obra em outubro e viu irregularidades. "Tinha cinco trabalhadores sem equipamento de seguran�a. Muita sujeira, material espalhado e falta de t�cnico respons�vel", disse.
A obra est� em fase inicial de constru��o. De acordo com o vice-presidente do sindicato, a empresa foi convocada, mas n�o compareceu. "Quando falamos com os oper�rios, deixamos panfletos e dissemos que quando come�asse a escava��o tinha que ter escoramento e um respons�vel acompanhando, mas parece que isso n�o aconteceu", contou Valdez.
J� Luiz Fernando C�rtes Caravita, advogado da Floren�a Construtora, sustenta que a obra estava regular e que os oper�rios usavam equipamentos de seguran�a. Representantes da Prefeitura de Belo Horizonte compareceram ao local, mas n�o falaram com a imprensa sobre licenciamento da constru��o.
Nota da construtora
A Floren�a Construtora, respons�vel pela obra que soterrou dois funcion�rios na Rua Palmira, divulgou uma nota um dia ap�s o incidente lamentando o ocorrido e informando que presta atendimento aos familiares das v�timas. Confira na �ntegra:"A Floren�a Constru��es informa a ocorr�ncia de um acidente na obra da Rua Palmira, Bairro Serra, em Belo Horizonte, onde iniciava a constru��o de um edif�cio residencial. Na tarde de ontem (21/01/2020), �s 14:00, houve um deslizamento de terra durante a realiza��o de um procedimento para a prepara��o da estrutura de conten��o pr�via da divisa, soterrando dois trabalhadores. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram imediatamente acionados, compareceram ao local e trabalharam incessantemente no resgate �s v�timas. Uma delas foi resgatada com vida, encaminhada ao Hospital Jo�o XXIII e est� em boas condi��es de sa�de, por�m em observa��o. A segunda v�tima, infelizmente, n�o resistiu e faleceu. A fam�lia est� recebendo todo o suporte da empresa, inclusive apoio psicol�gico e para o funeral.
Por sempre prezar pela seguran�a de seus colaboradores e clientes em 29 anos de atua��o no mercado, a Floren�a Constru��es jamais enfrentou qualquer situa��o semelhante e lamenta profundamente o ocorrido. Os motivos do acidente est�o sendo apurados pelas autoridades com total colabora��o da empresa. Todas as provid�ncias de seguran�a no local est�o sendo tomadas e as solicita��es das autoridades devidamente atendidas. Novos esclarecimentos ser�o trazidos assim que tivermos os laudos das entidades competentes".
*Estagi�ria sob supervis�o da reda��o do Estado de Minas