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Estado de Minas

Sem descanso entre trag�dias: veja como foi o trabalho dos bombeiros na chuva em BH

Com t�cnicas semelhantes �s aplicadas no desastre de Brumadinho, bombeiros se desdobram no enfrentamento de mais uma maratona, desta vez para resgatar v�timas dos temporais


postado em 27/01/2020 06:00 / atualizado em 27/01/2020 08:16

Brumadinho, 28 de janeiro de 2019: exaustos, bombeiros descansam durante pausa nos trabalhos(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press - 28/01/19)
Brumadinho, 28 de janeiro de 2019: exaustos, bombeiros descansam durante pausa nos trabalhos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press - 28/01/19)
BH, 26 de janeiro de 2020: ontem, na Vila Bernadete, no Barreiro, homens da mesma corporação aproveitavam um intervalo para se alimentar e se hidratar. Sete corpos foram retirados dos escombros(foto: Flávia Ayer/EM/D.A Press)
BH, 26 de janeiro de 2020: ontem, na Vila Bernadete, no Barreiro, homens da mesma corpora��o aproveitavam um intervalo para se alimentar e se hidratar. Sete corpos foram retirados dos escombros (foto: Fl�via Ayer/EM/D.A Press)

 

Ao fundo, a parede azul contrasta com bombeiros cobertos de lama, exaustos, vestidos com capacetes e uniformes de neoprene, nas buscas por v�timas soterradas pela lama. Nem no pior dos cen�rios algu�m poderia prever que, exatamente um ano depois, a mesma cena se repetiria, mas em outro endere�o e contexto. Em vez dos rejeitos da barragem da Mina C�rrego de Feij�o, da mineradora Vale, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, a lama era das encostas que desabaram por causa da chuva hist�rica que atingiu Minas Gerais.

 

Incans�veis e incr�dulos, os mesmos homens que atuaram na maior opera��o de busca e salvamento do Brasil, onde o rejeito de min�rio soterrou 270 pessoas e ainda deixa 11 desaparecidos, trabalham para resgatar v�timas de deslizamentos e enchentes decorrentes das tempestades que come�aram na quinta-feira. O �ltimo balan�o da Defesa Civil aponta 44 mortos, 19 desaparecidos milhares de desabrigados pelas chuvas.

 

“Se voc� se surpreendeu, imagina a gente”, comentava o tenente-coronel Eduardo �ngelo, comandante Batalh�o de Emerg�ncias Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), enquanto descia a “zona quente” de buscas na Vila Bernadete, no Barreiro, onde sete pessoas morreram num desabamento de casas durante o temporal de sexta-feira, o maior j� registrado em 24 horas na capital mineira.

 

Somente em BH, 13 mortes foram registradas. “As duas situa��es s�o muito graves, em que militares s�o muito exigidos. Mas, independentemente do que for, ou Brumadinho ou a chuva, o Corpo de Bombeiros (Cobom) estar� � disposi��o quando a popula��o mais precisar. Vamos sempre nos desdobrar”, avalia o capit�o do Bemad Tiago Costa, de 30 anos. “O nosso batalh�o � de desastre, para dar respostas para esse tipo de chamadas. � uma coincid�ncia infeliz. Duas grandes trag�dias e cada situa��o exige de forma diferente do militar”, conta.

 

Em 72 horas, de sexta-feira a domingo, Tiago esteve envolvido no atendimento a quatro ocorr�ncias diferentes. Na tarde de domingo, o cansa�o f�sico j� dava sinais, com sono e a dor no corpo, numa realidade bem pr�xima aos treinamentos em que bombeiros s�o levados ao extremo.

 

“Chegamos bem perto do limite porque s�o ocorr�ncias que exigem trabalho bra�al e psicol�gico pesado. A gente trabalha com toda a inten��o de tirar pessoas com vida, mas a maioria � em �bito, e, no caso, de fam�lias inteiras”, relata. Apesar da dor, a sensa��o que ele descreve � de dever cumprido. “Encerra a ang�stia de n�o saber o que est� acontecendo, � um conforto pra quem ficou. Esse trabalho tamb�m � importante”, reconhece o militar, que destaca a import�ncia de um trabalho conjunto, de todos os bombeiros. “Ningu�m faz nada sozinho”, diz.

 

 

A saga


O capit�o saiu de casa �s 8h da manh� de sexta-feira, atuou no resgate de tr�s corpos na Vila Ideal, em Ibirit�, na Grande BH, ajudou a tirar dois bombeiros dos escombros em um desmoronamento no Bairro Jardim Teres�polis, em Betim, em uma das ocorr�ncias mais perigosas. Tamb�m ajudou a localizar quatro corpos em outra ocorr�ncia na mesma cidade.

 

 

�s 2h da manh� do s�bado, o militar do Bemad estava com bombeiros do 2º Batalh�o auxiliando no resgate dos soterrados da Vila Bernadete. “Fizemos uma varredura, n�o conseguimos encontrar v�timas vivas e n�o tinha condi��o de seguran�a para atuar”, diz. Voltou para casa por tr�s horas para trocar de farda e, �s 3h da manh� de domingo, j� estava novamente no quartel.

 

Depois de encontrar os sete mortos na Vila Bernadete, a sensa��o que ele descreve, entretanto, � de dever cumprido. “Encerra a ang�stia de n�o saber o que est� acontecendo, um conforto pra quem ficou. Esse trabalho tamb�m � importante”, afirma.

 

 

M�todos

Como em Brumadinho, tapumes foram usados para estabilizar o terreno na área de desabamento no Barreiro(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Como em Brumadinho, tapumes foram usados para estabilizar o terreno na �rea de desabamento no Barreiro (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

As buscas por v�timas do soterramento na Vila Bernadete, no Barreiro, que deixou o maior n�mero de mortos em BH, empregaram uma s�rie de t�cnicas semelhantes �s usadas em Brumadinho. Tapumes estabilizaram o terreno escorregadio, encharcado pela chuva recorde que caiu, quase ininterruptamente, durante 72 horas sobre a capital mineira. Tamb�m foram usadas t�cnicas de chamada e escuta, para tentar ouvir sobreviventes.

 

 

Com um caminh�o de �gua de alta press�o, militares iam limpando a �rea do desastre para retirar a lama preservando os corpos dos desaparecidos, em procedimento chamado de desmanche hidr�ulico. Houve tamb�m a tentativa de usar a t�cnica do bast�o, para verificar onde h� escombros e poss�veis bols�es de ar.

 

O desmoronamento das casas ocorreu por volta das 21h de ontem. Dois policiais militares ficaram soterrados ao tentar retirar sobreviventes, mas conseguiram sair a salvo. Somente �s 10h de s�bado os bombeiros iniciaram o trabalho de buscas. Tr�s militares ficaram durante a madrugada fazendo o isolamento da �rea. Mais de 40 militares foram envolvidos na opera��o na Vila Bernadete. 

 

Urg�ncia exigiu troca


 

Na cerim�nia que marcou um ano do rompimento da Barragem da Mina do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Grande BH, o subcomandante do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Erlon Dias do Nascimento Botelho, foi como representante do comandante da institui��o militar, coronel Edgard Estevo da Silva, que estava a postos durante as enchentes decorrentes das fortes chuvas que atingem Minas Gerais. 


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