
Sem bal�es, bolo e parab�ns. � na sede da Cruz Vermelha, que fica na Alameda Ezequiel Dias, Regi�o Centro-Sul da capital, no meio dos corredores de caixas, das pilhas de alimentos, amontoados de roupas e cal�ados, que Saulo Lote, de 34 anos, passa seu anivers�rio h� dois anos consecutivos. Volunt�rio da institui��o, Saulo participou da triagem de doa��es quando a Barragem B1 da Mina C�rrego do Feij�o, da Vale, rompeu e devastou Brumadinho, na Grande BH. Neste ano, o trabalho continua, mas desta vez por causa da chuva.
A chuva torrencial que chegou a Minas Gerais na quinta-feira invadiu im�veis, causou deslizamentos e transformou a moradia de muitas fam�lias da Grande BH e de munic�pios da Zona da Mata mineira em um amontoado de lama. At� o fechamento desta edi��o foram 47 mortes registradas em decorr�ncia da tempestade. H� 3.386 desabrigados (1.092 deles na regi�o metropolitana).
Em meio a tanta tristeza, uma rede de solidariedade em Minas tenta minimizar os impactos nas vidas das mais de 17 mil pessoas que sobreviveram e tiveram que deixar suas casas e parte da sua hist�ria. Agora, quem perdeu todos os bens materiais – muitos adquiridos ao longo de uma vida inteira de trabalho – precisa de ajuda para recome�ar.
Um exemplo de vitalidade, Maria da Paix�o, de 76, s� parou de trabalhar quando foi interrompida pela reportagem para uma breve conversa. H� dois dias ela separa as doa��es que chegam e saem da garagem da Cruz Vermelha. “Eu vi muita coisa ruim nas not�cias, muita coisa triste, e ajudar n�o custa, tem tanta coisa para fazer aqui. Eu sou aposentada, fico em casa � toa com a minha gata, ent�o eu vim, porque, al�m de ajudar, eu distraio.”
E cada um tem auxiliado como pode. Assim como Saulo e Maria, que doam um pouco do pr�prio tempo, a empatia das pessoas tem feito com que a ajuda n�o pare de chegar. Na porta do 1° Batalh�o do Corpo de Bombeiros, que tamb�m est� de portas abertas para receber os donativos, a m�dica M�rcia Guimar�es, de 66, e a m�e dela, a aposentada Fernanda da Costa, de 88, estacionaram um carro com o porta-malas recheado de doa��es.
“� muito importante a solidariedade, � uma coisa fundamental. Nessa hora, todo mundo se coloca no lugar do outro, pode acontecer com qualquer um e � muito dif�cil voc� perder tudo, ver tudo sendo levado pela �gua, tudo sujo. E a gente viu muito isso aqui”, disse a m�dica. “O cora��o fica apertadinho em saber que as pessoas n�o t�m muito e perdem tudo. Eu peguei roupa de cama, pijama, roup�o, toalha de mesa, tudo o que qualquer dona de casa precisa e estamos doando”, completou Fernanda.
Pontos de apoio
S�o dezenas de volunt�rios espalhados por diferentes pontos de apoio organizados para amparar quem precisa. Na sede do Servi�o Social Aut�nomo (Servas), dois caminh�es abastecidos com donativos deixaram o local no domingo a caminho das �reas afetadas.
Para Rodrigo Fernandes, diretor de Investimento Social do Servas, o objetivo agora � acolher as v�timas. “Temos cidades que n�o t�m �gua pot�vel e as pessoas precisam de doa��es de �gua mineral. Tem gente que perdeu a casa e est� dormindo em quadras de escolas. Nesse momento, dormir em um colch�o com uma roupa de cama limpinha, poder beber uma �gua limpinha, essas coisas b�sicas, s�o o m�nimo que n�s podemos fazer. As pessoas precisam do m�nimo de dignidade.” *Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Regina Werneck
O que doar
» colch�es, len��is, travesseiros, cobertores e roupas de cama
» materiais de limpeza
» materiais de higiene pessoal
» alimento n�o perec�vel
» �gua mineral
Onde doar
» Servas (Avenida Crist�v�o Colombo, 683, Funcion�rios)
» Unidades do Corpo de Bombeiros
» Batalh�es da Pol�cia Militar
» Jornal Estado de Minas (Avenida Get�lio Vargas, 291, Funcion�rios)