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Estado de Minas

Chuva leva para Rio Doce rejeito de min�rio da Samarco depositado na Barragem de Candonga

Cerca de 10 milh�es de metros c�bicos de rejeito do rompimento da Barragem de Fund�o, em Mariana, em 2015, ficaram retidos na Barragem de Candonga. Popula��o queixa que, com chuvas, material chegou ao Rio Doce. MP cobra explica��es da Funda��o Renova


postado em 28/01/2020 17:58 / atualizado em 28/01/2020 19:48

Moradores de Governador Valadares, no Leste de Minas, registraram mortandade de peixes e rejeito nas águas do Rio Doce(foto: Lelis Barreiros/Divulgação)
Moradores de Governador Valadares, no Leste de Minas, registraram mortandade de peixes e rejeito nas �guas do Rio Doce (foto: Lelis Barreiros/Divulga��o)

Rio Doce – O alento que a reten��o de 10 milh�es de metros c�bicos (m3) de rejeitos de min�rio de ferro que a Barragem de Candonga trouxe para o Rio Doce foi comemorado desde 2015, mesmo ano em que a Barragem do Fund�o, da mineradora Samarco, se rompeu em Mariana. Contudo, as falhas que impediram que o reservat�rio tivesse esse rejeito dragado at� 2018 podem estar agora impactando por causa das chuvas intensas �reas que nunca tiveram contato direto com o material, como Governador Valadares.

Por causa dos rejeitos, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais determinou que a Funda��o Renova, respons�vel pela recupera��o do Rio Doce, forne�a informa��es, com urg�ncia, sobre a situa��o e tamb�m sobre o plano emergencial para per�odo chuvoso.

A cidade do Leste do estado, de 245 mil habitantes, teve seu fornecimento de �gua suspenso quando o rejeito ingressou no Rio Doce, h� 4 anos. Agora, que as chuvas revolveram o rio e o fizeram invadir v�rios bairros, deixando 15 mil desalojados, os rejeitos est�o sendo depositados nos terrenos e casas dos atingidos. As suspeitas de v�rios �rg�os � que se trate de material que veio de Candonga e que j� devia ter sido dragado em 2018 pela Funda��o Renova.
Peixes mortos apareceram depois de chuvas intensas que carrearam o rejeito de minério depositado na Barragem de Candonga para o leito do Rio Doce(foto: Divulgação)
Peixes mortos apareceram depois de chuvas intensas que carrearam o rejeito de min�rio depositado na Barragem de Candonga para o leito do Rio Doce (foto: Divulga��o)

O presidente da Associa��o dos Pescadores de Conselheiro Pena e Regi�o, Lelis Barreiros, a quantidade de rejeitos que tem descido do barramento que � operado pela Usina Hidrel�trica Risoleta Neves, seria muito maior do que antes. “Est� descendo muito rejeito pelo rio e isso est� impactando todo mundo de novo. O rio j� morreu uma vez e est� morrendo de novo”, considera.

De acordo com o presidente da associa��o, as barreiras met�licas instaladas pela Funda��o Renova para reter o avan�o do rejeito n�o est�o sendo capazes de segurar o material dentro do reservat�rio.

“Esse sistema de tr�s barragens tinha de deixar a �gua passar por cima e o rejeito ficar. Mas a chuva est� t�o forte que est� saindo tudo arrebentando e voltando para o Rio Doce. Sempre voltou, aos poucos, mas agora est� descendo muito e de uma vez”, disse Barreiros.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Governador Valadares, Elias Souto, conta que sua casa na Ilha dos Ara�jos foi atingida e que ficou encoberta por uma camada de 10 cent�metros de material escuro semelhante a rejeitos de min�rio de ferro.

“Nas �ltimas quatro enchentes, o rio tinha um outro tipo de lama. Agora, veio essa escura, com a apar�ncia mesmo de rejeitos como os de Mariana e de Brumadinho. Estamos sendo atingidos novamente e de uma forma pior, pois esses materiais n�o tinham entrado em contato conosco. Quando isso secar, teremos poeira de rejeitos contaminando a cidade. Isso sem falar na vida aqu�tica que vai ser novamente prejudicada se se tratar mesmo de rejeitos”, disse.

O bi�logo Matteus Carvalho diz que � preciso medir a quantidade de rejeitos que se movimentou em Candonga para saber qual o tamanho do preju�zo, uma vez que os 10 milh�es de m3 que est�o no lago correspondem ao mesmo volume liberado pela trag�dia de Brumadinho.

“Essa movimenta��o dos rejeitos, ocasionada pela for�a cin�tica da �gua, piora a qualidade dela. Por outro lado, por causa do volume das chuvas, pode ter havido uma dilui��o dos contaminantes (quando comparado com a situa��o original), o que n�o significa que as �guas estejam pr�prias para o consumo, ou que podem passar por tratamentos convencionais. Teriam que ser feitos testes para avaliar isso”, alerta.

Segundo o especialista, uma pergunta de dif�cil resposta, e que demandaria especialistas para responder � se as enchentes foram maiores do que seriam por causa do rejeito de Fund�o assoreando os rios. “De toda forma, � um cen�rio cont�nuo de degrada��o, amplificado pelo desastre ocorrido h� mais de 4 anos”, resume.

Semad pede explica��es � Renova

De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), n�o houve a avalia��o da movimenta��o dos rejeitos sedimentados no reservat�rio da Usina Hidrel�trica Risoleta Neves. O �rg�o estadual vai levantar, junto � Funda��o Renova, respons�vel pela recupera��o do curso d'�gua, a quantidade de rejeitos mobilizados com as chuvas. “Ap�s o diagn�stico, ser�o tra�adas as a��es necess�rias � recupera��o dos poss�veis danos e ao controle dos impactos na fonte geradora”, diz a nota.

O �rg�o p�blico considera “prematuro” avaliar que a fonte da turbidez do rio foi o dep�sito de rejeitos. “Em per�odos chuvosos, o aumento da turbidez da �gua e da quantidade de s�lidos em suspens�o, � comum nos rios da Bacia do Rio Doce”, informou.

Segundo a Semad, se a contamina��o do rio pelo rejeitos depositados na hidrel�trica foram confirmados, haver� a responsabiliza��o da Funda��o Renova. Nesse caso, n�o h� responsabilidade do Cons�rcio Candonga ou da UHE Risoleta Neves, conforme informa��o da secretaria.

A Semad ainda informou que o processo de licenciamento ambiental para a retirada dos sedimentos est� em curso e a previs�o � que o desassoreamento do reservat�rio comece em 1º de junho deste ano, mas que ac��es emergenciais para estabilizar os rejeitos foram realizadas.

A Funda��o Renova n�o deu resposta ao Estado de Minas at� a publica��o desta reportagem. O EM entrou em contato com a Usina, sem sucesso.


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