Saiba quais vias de BH continuam interditadas ap�s temporal
Do caos da noite � lama da manh�: no janeiro mais chuvoso da hist�ria, a regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte nunca viu uma destrui��o t�o intensa como a provocada pelo temporal da noite de ter�a
postado em 30/01/2020 08:45 / atualizado em 30/01/2020 10:34
Os arredores da Pra�a Mar�lia de Dirceu, no Bairro de Lourdes, lembravam um cen�rio de guerra ontem. Hoje, m�quinas est�o no local para come�ar o reparo (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Dois dias ap�s o temporal que atingiu Belo Horizonte causando diversos danos, ainda h� ruas e avenidas interditadas. Os estragos, desta vez, foram mais vis�veis nos bairros Lourdes, e S�o Bento, na Regi�o Centro-Sul, e no Buritis, na Oeste. A f�ria incontrol�vel das �guas transformou ruas em rios caudalosos, fez boiar mesas de restaurantes sofisticados, lan�ou carros sobre as ondas de cor marrom, arrancou placas de asfalto e abriu uma cratera gigantesca na Avenida Tereza Cristina, na Regi�o Oeste, por onde passa o Ribeir�o Arrudas.
A BHTrans usa as redes sociais para atualizar as informa��es. Na manh� desta quinta-feira, a empresa de tr�nsito informa que h� 22 locais com registro de ocorr�ncias em fun��o das chuvas geram impacto em 57 linhas do transporte coletivo.
Equipes trabalham para fechar cratera aberta na Avenida Tereza Cristina, ao lado do Ribeir�o Arrudas (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Uma das situa��es mais graves � na Avenida Tereza Cristina. J� danificada pelos alagamentos do Ribeir�o Arrudas no in�cio do m�s, a via que liga a capital mineira a Contagem agora tem uma cratera. O buraco se abriu durante o temporal de ter�a-feira ap�s o Viaduto Amazonas, no sentido Bairro-Centro. A abertura est� ao lado do ribeir�o, que teve parte a parede destru�da.
�s 6h34, a BHTrans informou que sentido bairro – da Amazonas at� a Dom Jo�o VI – a via est� liberada para o tr�fego com tr�nsito lento devido �s condi��es da via. A partir da Dom Jo�o VI at� a Rua Amanda - tr�nsito local. Da Rua Amanda at� o Anel Rodovi�rio, interditada. J� sentindo Centro, a autarquia informou que a via est� interditada do Anel at� a Rua Minas G�s. A partir da Rua Minas G�s at� a Rua Monte Branco, liberada para tr�fego, por�m em condi��es prec�rias. A partir da Rua Monte Branco at� a Avenida Amazonas, interditada.
Tamb�m est�o fechadas: BR 356 – sentido BH Shopping/Savassi, a Avenida Prudente de Morais entre Rua Santa Madalena S�fia e Rua Irai, no Bairro S�o Bento, na Regi�o Centro-Sul, a Rua S�o Paulo entre Rua Felipe dos Santos e Rua Gon�alves Dias, no Bairro Lourdes, na mesma regi�o.
A regi�o da Pra�a Mar�lia de Dirceu foi muito danificada pela enxurrada que arrastou carros e arrancou peda�os de asfalto. Entretanto, a BHTrans informou �s 7h54 que est� liberada a travessia da Rua Felipe dos Santos com Rua Mar�lia de Dirceu. Uma repara��o provis�ria foi feita no local.
A f�ria (e o que fazer agora)
Ver galeria . 89 FotosRegi�o Centro-Sul de Belo Horizonte foi a mais atingida pelo temporal da noite de 28 de janeiro. Na foto, situa��o na Pra�a Mar�lia de Dirceu, no Bairro de Lourdes
(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press )
O prefeito Alexandre Kalil pediu paci�ncia. Mas, para a popula��o escaldada por dias seguidos de fortes chuvas, mortes e destrui��o, est� dif�cil manter a calma, esconder o medo e pensar no amanh�. Belo Horizonte ainda est� em choque com os efeitos do temporal da noite de ter�a-feira.
Diante do cen�rio de caos extremo, s�o muitos os desafios em BH: reconstru��o de vias p�blicas, obras de bacias de conten��o para frear os c�rregos que des�guam no Ribeir�o Arrudas, redu��o das �reas de risco geol�gico e, principalmente, harmonizar a quest�o ambiental ao crescimento urbano. Especialistas afirmam que a impermeabiliza��o da cidade contribui para os estragos causados pelas enchentes, enquanto a voz de moradores j� se levanta para pedir menos asfalto em �reas com cal�amento de pedra p� de moleque.
Alguns n�meros ajudam a entender melhor a intensidade da for�a das �guas. De acordo com os meteorologistas, trata-se do janeiro mais chuvoso da hist�ria de BH, com registro, at� agora, de 932,3 mil�metros (mm) ou mais de 10 vezes o que choveu em janeiro de 2019 (88,6mm). No ano passado inteiro, o volume foi de 986mm. Os especialistas informam que, nas �ltimas d�cadas, o �nico volume pr�ximo do que a capital recebeu at� agora, neste come�o de ano, foi em 1985, com a marca de 850mm. Apenas na Centro-Sul, na noite de ter�a-feira, choveu 183,4mm, das 19h50 �s 22h20.
Para a faxina geral na cidade, a prefeitura dobrou o efetivo de trabalhadores – desde ontem, ser�o 2,5 mil pessoas se revezando at� a madrugada em turnos ininterruptos. E todos os �rg�os municipais est�o de prontid�o, como a Secretaria Municipal de Obras, Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU), Defesa Civil, BHTrans, Guarda Municipal, Assist�ncia Social e Sa�de. O n�mero de m�quinas e equipamentos tamb�m foi refor�ado para 226. Ontem, o prefeito disse que “ningu�m esperava o tamanho da cat�strofe que aconteceu em BH”, mas, confiante, acrescentou que “estamos acostumados com a guerra”.
Tem raz�o. Afinal, � l�quido e certo que a cidade viveu uma pra�a de guerra, colocando no front preju�zos, carros � deriva, pr�dios invadidos pelas �guas, avenidas interditadas e gritos de desespero. Certamente, ficar� na mem�ria dos belo-horizontinos as cenas de horror da noite de ter�a-feira, onde at� o BH Shopping foi atingido, com desabamento de um teto de gesso, num golpe certeiro da tempestade. Uma advogada que estava no centro de compras, com filho e o marido, descreveu a situa��o com todas as letras do espanto e, no momento, como se estivesse num beco sem sa�da.
J� na Pra�a Mar�lia de Dirceu, em Lourdes, bairro que tem o metro quadrado mais caro da capital, a dona de uma banca de revista resumiu sua hist�ria. “Quando cheguei hoje (ontem) cedo estava desse jeito”. O “desse jeito” quer dizer a perda de guloseimas, jornais, revistas, cigarros, m�quina de cart�o, chip de celular. Maria da Penha estima um preju�zo de R$ 60 mil s� da estrutura da banca, sem contar os produtos que vende. Agora, � trabalhar dobrado para reconstruir o que, da noite para o dia, se perdeu.