O CASO BACKER - A HIST�RIA COMO VOC� AINDA N�O OUVIU
Pol�cia entra na linha de produ��o da Backer: as pr�ximas fases da investiga��o
Ap�s encarar resist�ncia por parte da empresa, Pol�cia Civil come�a a analisar se h�
vazamento em tanques de f�brica onde houve contamina��o por dietilenoglicol
postado em 28/02/2020 06:00 / atualizado em 28/02/2020 07:47
Peritos e t�cnicos come�aram ontem procedimentos para avalia��o da hip�tese de contamina��o por vazamento de subst�ncias t�xicas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Com 49 dias de investiga��o sobre a contamina��o de produtos da Cervejaria Backer, de Belo Horizonte, a Pol�cia Civil d� in�cio a uma nova fase de per�cia. A for�a-tarefa encarregada das apura��es quer verificar se h� vazamento nos equipamentos da f�brica. Para isso, foi esvaziado ontem um dos 70 tanques da f�brica, no Bairro Olhos D'�gua, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte. O teste de estanqueidade dos tanques tem objetivo de verificar se h� rachadura, furo, trinca ou porosidade na superf�cie. A suspeita � de que a presen�a de subst�ncias t�xicas na bebida esteja relacionada com a intoxica��o de 34 pessoas, seis delas mortas.
Mas ontem policiais encontraram resist�ncia da empresa, que inicialmente n�o concordou com o teste. A mudan�a de tom da Backer, que vinha colaborando com a investiga��o, ocorreu no mesmo dia em que o Estado de Minas revelou que a pol�cia investiga quem, dentro da f�brica, sabia da contamina��o. E se algu�m assumiu o risco. De acordo com o delegado respons�vel pelo caso, Fl�vio Grossi, somente � tarde a per�cia conseguiu dar in�cio aos procedimentos no chamado Templo Cervejeiro da Backer.
“Inicialmente houve um desacordo quanto ao teste se estanqueidade dos tanques. Mas conseguimos acordar quanto ao m�todo e come�amos a primeira etapa desta per�cia, que � a limpeza”, afirmou Grossi. Segundo o policial, a Backer havia resistido ao trabalho porque considerou que o m�todo para esvaziamento poderia levar � contamina��o de outros tanques.
A Backer conta com 70 tanques, mas, inicialmente, a per�cia vai analisar somente um. A Pol�cia Civil est� retirando a bebida do recipiente de n�mero 10. “Estamos deslocando o l�quido para outro tanque. Esse tanque principal (10) ser� periciado.
Come�amos por ele, porque j� h� uma contamina��o”, disse o delegado. O trabalho prosseguir� com a verifica��o de eventual vazamento. Caso seja constatado, haver� uma terceira etapa, para quantificar o tamanho do problema, que pode demorar 15 dias.
Conflito de vers�es
Os testes est�o sendo feitos pela Pol�cia Civil e pelo Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa). T�cnicos da empresa fabricante dos tanques de inox tamb�m d�o suporte �s a��es. Representantes da cervejaria acompanham os trabalhos, embora a empresa tenha divulgado nota no fim da tarde, informando que o teste de estanqueidade n�o seria realizado.
Logo depois, a assessoria da Pol�cia Civil rebateu a informa��o, refor�ando que “os trabalhos est�o acontecendo normalmente”. A nota da cervejaria menciona que ap�s reuni�o da Backer entre pol�cia, Mapa e representantes da cervejaria “ficou definido que n�o ser�o realizados testes de estanqueidade no momento, devido � aus�ncia de laudos quantitativos a respeito da concentra��o do dietilenoglicol”.
Delegado Fl�vio Grossi deixa �rea de produ��o depois de contornar impasse com representantes da cervejaria (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Segundo a empresa, foram coletadas amostras dos tanques 10 e 17 para a realiza��o de novos testes. “O material foi transferido de um tanque para outro, com o objetivo de preserv�-lo”, diz a nota. Em seguida, �s 19h, a Pol�cia Civil divulgou comunicado detalhando que peritos e investigadores continuavam na Backer executando a primeira fase da per�cia. “A segunda etapa est� prevista para iniciar amanh� (sexta-feira), pela manh�. A partir das an�lises ocorridas Na segunda etapa � que ser� poss�vel definir sobre a realiza��o ou n�o da terceira fase”, informa.
O Mapa, que j� constatou a presen�a das subst�ncias t�xicas monoetilenoglicol e dietilenoglicol em 53 lotes de cervejas da Backer, informou que equipe t�cnica esteve na f�brica com peritos da Pol�cia Civil, a fim de liberar os tanques lacrados para permitir a realiza��o da per�cia. A f�brica est� interditada desde 10 de janeiro. A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) proibiu a venda de qualquer produto da marca com data de fabrica��o igual ou posterior a agosto de 2019.
CRONOGRAMA De acordo com o delegado Fl�vio Grossi, a limpeza do tanque � feita em um dia. A segunda etapa levar� mais um dia. Uma vez vazio, a ideia � que o tanque funcione sem a bebida dentro. Esses tanques s�o circundados por uma serpentina, por onde corre o fluido anticongelante, o monoetilenoglicol ou o dietilenoglicol. Esse sistema permite o resfriamento da cerveja sem que a bebida congele.
Embora a Backer usasse o monoetilenoglicol em seu processo fabril, a investiga��o indica que o fornecedor desse anticongelante adulterava o produto com dietilenoglicol, tamb�m encontrado nas per�cias anteriores feitas pela for�a-tarefa na f�brica. Ambas as subst�ncias s�o t�xicas e n�o poderiam ter contato com a cerveja.
Uma das linhas investigativas dos policiais se dedica agora a desvendar se algu�m, dentro da empresa, sabia da contamina��o, quem era e se assumiu os riscos, conforme revelaram os investigadores em entrevista exclusiva ao podcast O caso Backer, do jornal Estado de Minas. Pela primeira vez, a pol�cia listou “possibilidade dolosa de contamina��o” entre as hip�teses investigadas. De acordo com o delegado respons�vel pelo caso, Fl�vio Grossi, o uso intencional de dietilenoglicol pela empresa dentro da cerveja � “um ponto a ser desvendado”. O epis�dio com os bastidores da investiga��o policial foi publicado nessa quinta-feira.
Teste de vazamento
Conhe�a as fases do teste de estanqueidade, iniciado pela Pol�cia Civil na cervejaria Backer, que vai verificar se h� algum vazamento nos equipamentos da empresa
» Primeira etapa
» Consiste no esvaziamento e limpeza de um dos tanques, com a transfer�ncia do l�quido para outro. A programa��o da per�cia era concluir esse trabalho at� o fim da tarde de ontem
» A per�cia escolheu fazer o esvaziamento do tanque 10, onde foi constatada contamina��o
Por qu�?
» A for�a-tarefa que investiga o caso encontrou as subst�ncias monoetilenoglicol e dietilenoglicol nas cervejas e em equipamentos da Backer.
» Ambos fluidos anticongelantes s�o t�xicos, usados na etapa de resfriamento da cerveja, e n�o podem ter contato direto com a bebida
» Segunda etapa
» Peritos v�o ligar os equipamentos, sem a bebida no tanque. A inten��o � verificar se h� algum vazamento nas serpentinas que cont�m o anticongelante
Por qu�?
» Em volta dos tanques de inox h� um serpentina por onde corre o fluido anticongelante que contaminou a bebida. A serpentina fica entre duas chapas de a�o inox.
» Terceira etapa
» Caso seja encontrada alguma rachadura, furo, trinca no tanque, a per�cia vai checar qual a quantidade de material vazado
Por qu�?
» A hip�tese de contamina��o por vazamento � uma das consideradas pela pol�cia, que n�o descarta, no entanto, que a mistura tenha ocorrido intencionalmente