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Estado de Minas ENTREVISTA EXCLUSIVA

Caso Backer: pol�cia investiga quem sabia da contamina��o

Investigadores querem descobrir se algu�m 'assumiu a responsabilidade' pela presen�a de produto t�xico. Em entrevista exclusiva, Thalles Bittencourt e Fl�vio Grossi detalharam linhas da apura��o


postado em 27/02/2020 06:00 / atualizado em 30/04/2020 16:01

O superintendente de perícia técnica e científica, Thalles Bittencourt (esq.), e o delegado Flávio Grossi comandam as investigações
O superintendente de per�cia t�cnica e cient�fica, Thalles Bittencourt (esq.), e o delegado Fl�vio Grossi comandam as investiga��es

Sabotagem, erro na f�brica ou contamina��o dolosa. Essas s�o as tr�s linhas nas quais a Pol�cia Civil se debru�a para desvendar a presen�a de subst�ncias t�xicas nas cervejas da Backer, relacionadas a 34 casos suspeitos de intoxica��o por dietilenoglicol, sendo seis mortes. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, os investigadores revelam detalhes do trabalho que mobiliza autoridades policiais e sanit�rias desde o come�o do ano.

De acordo com o delegado respons�vel pelo caso, Fl�vio Grossi, n�o h� d�vidas de que a contamina��o das cervejas por monoetilenogicol e dietilenoglicol – produtos t�xicos usados na produ��o cervejeira, mas que n�o podem ter contato com a bebida – ocorreu dentro da f�brica. A investiga��o procura agora entender, entre outras quest�es, “quem sabia dessa contamina��o ou se assumiu a responsabilidade pela contamina��o”.

A entrevista contou tamb�m com a participa��o do superintendente de per�cia t�cnica e cient�fica, Thalles Bittencourt, que chamou a aten��o para a extens�o da exposi��o aos compostos. “N�o � um per�odo de um ou dois dias, � bem mais longo do que isso”, disse. Confira esse conte�do tamb�m no podcast O caso Backer, s�rie especial do EM que conta essa hist�ria de um jeito que voc� ainda n�o ouviu.



Quais s�o as hip�teses consideradas hoje pela Pol�cia Civil para a contamina��o das cervejas?
Fl�vio Grossi: Temos linhas investigativas que t�m que ser seguidas. J� foi amplamente divulgada uma poss�vel sabotagem, um erro fabril, uma possibilidade dolosa de contamina��o. O inqu�rito est� dividido em tr�s frentes. A primeira � o reconhecimento de v�timas. Elas t�m que tomar ci�ncia de que foram intoxicadas, chegar ao inqu�rito por documentos m�dico-legais. O segundo ponto � entender onde ocorreu essa contamina��o dentro do sistema fabril. J� temos a certeza de que foi dentro da f�brica. E o terceiro ponto � entender quem sabia dessa contamina��o ou se assumiu a responsabilidade por aquela contamina��o.

Alguma delas pesa mais em rela��o � outra?
Fl�vio Grossi: � natural no trabalho investigativo que algumas linhas se destaquem das demais. Nesse momento, n�o � adequado descartar as linhas.

� poss�vel ter ocorrido uma adi��o intencional da subst�ncia t�xica?
Fl�vio Grossi: Isso � um ponto a se desvendar.

Por que a Pol�cia Civil decidiu estender a investiga��o para casos anteriores a outubro de 2019?
Fl�vio Grossi: Os casos anteriores s�o condizentes pela exist�ncia de pacientes com sintomas similares aos que encontramos hoje e que tamb�m indicam o consumo da cerveja. S� o sintoma � um fato. A coincid�ncia do consumo e sintoma � um somat�rio que nos indica contamina��o. � muito dif�cil, neste momento, conseguirmos a subst�ncia no sangue, porque h� uma filtragem natural. Mas todo o diagn�stico coincide com diagn�sticos de hoje. Se a nossa investiga��o por outros motivos acredita que h� uma extens�o na contamina��o, � l�gico que haver� outras pessoas intoxicadas.

Muitas v�timas de per�odos anteriores tamb�m se concentraram nos meses do final e in�cio do ano, dezembro, janeiro, fevereiro... Isso chama a aten��o de voc�s? 
Fl�vio Grossi: Faz parte da investiga��o entender o gr�fico de produ��o e consumo. Mas � isso.
 
Embora a contamina��o da cerveja se estenda a mais de 50 lotes, englobando milhares de garrafas, temos somente 34 casos de intoxica��o sendo investigados. Por que essa diferen�a?
Thalles Bittencourt: A primeira explica��o � a faixa de toxicidade da subst�ncia. Para uma pessoa de 70 quilos, a dose t�xica letal pode variar de 1g a 12g. Al�m disso, uma pessoa que consumiu mais tem mais possibilidade de sintomas. Depende se a pessoa consumiu junto com outro destilado, porque o etanol � um ant�doto. Temos a pr�pria capacidade de rea��o de cada corpo, que � diferente. Isso explica por que pessoas tiveram a evolu��o t�o dr�stica, outras tiveram sintomas mais leves, e outras sintomas nenhum.

Em entrevista ao Estado de Minas, a diretora de marketing da cervejaria, Paula Lebbos, questionou que n�o h� an�lise quantitativa do dietilenoglicol na cerveja. � um aspecto que est� sendo apurado pela pol�cia?
Thalles Bittencourt: O agente � t�xico e n�o pode estar presente em alimento. Est� sendo desenvolvido esta semana (17/2 a 21/2) pela Pol�cia Civil o quantitativo tanto para o monoetilenogicol quanto para o dietilenoglicol. Isso � importante, mas � um dado a mais. N�o tira a import�ncia do fato de que � a cerveja que n�o poderia estar com uma subst�ncia t�xica que causou toda aquela sequ�ncia de eventos cl�nicos e, eventualmente, �bitos. A dosagem pode auxiliar no entendimento, mas n�o mudar o que j� est� posto.

A Pol�cia Civil foi ao fornecedor de monoetilenoglicol � Backer e constatou que a empresa adulterava o produto, com a adi��o de dietilenoglicol. O que isso muda na investiga��o?
Fl�vio Grossi: Nesse momento investigativo, n�o � uma linha que v� causar qualquer impacto na investiga��o. Se � mono, se � di, � produto t�xico. � uma pergunta que tem que ser respondida na investiga��o, mas, no produto final, n�o faz diferen�a nenhuma.

O que a pol�cia consegue afirmar at� agora sobre a investiga��o?
Thalles Bittencourt: Est� posto que tem cerveja contaminada por mono e dietilenoglicol. Est� posto que pessoas adoeceram de quadro absolutamente compat�vel com a intoxica��o por mono e/ou dietilenoglicol. Tem pessoas que morreram com a necropsia compat�vel com a mesma intoxica��o. E tem, em um dos casos, a dosagem positiva no sangue da v�tima para dietilenoglicol. Essa sequ�ncia de fatos est� posta, n�o tem d�vida.

E quanto � extens�o da contamina��o?
Thalles Bittecourt: A for�a-tarefa j� mostrou claramente que n�o foi um dia, um lote. H� uma sequ�ncia de lotes com o problema da contamina��o. Trata-se de um per�odo que est� sendo ainda delimitado, mas que n�o � um per�odo de um ou dois dias, � bem mais longo do que isso.

A partir do que est� posto, � poss�vel dizer se a Backer tem ou n�o alguma culpa?
Fl�vio Grossi: A culpabilidade penal � sempre dada ao indiv�duo. N�o se pode falar de culpabilidade de uma empresa na esfera penal. � um momento da investiga��o que est� sendo desenvolvido e que seria nossa pergunta secund�ria principal.

As fam�lias das v�timas querem respostas. A Backer quer respostas. Quando elas ser�o dadas?
Fl�vio Grossi: � um inqu�rito de mat�ria n�o comum � pol�cia. Temos que entender o sistema de fabrica��o complexo, com v�rias fases distintas. E, depois de entender, temos que estudar possibilidades de falha. As fam�lias desejam a solu��o n�o mais que n�s. A cautela � mais que uma garantia para todos os indiv�duos, v�timas e autores.

Thalles Bittencourt: A Pol�cia Civil, junto com as outras ag�ncias p�blicas envolvidas, tem dado muitas respostas c�leres dentro da complexidade do caso. Essas respostas foram dadas e continuam sendo dadas de forma muito s�lida, transparente e respons�vel, sem causar nenhum preju�zo � investiga��o. E sem impedir que as autoridades sanit�rias tomassem as medidas que lhes competem no objetivo de garantir a sa�de p�blica.

Como a Pol�cia Civil tomou conhecimento da suspeita de intoxica��o?
Thalles Bittencourt: No dia 3 ou 4 de janeiro, a gente come�ou a receber de grupos de colegas m�dicos e de nefrologistas o hist�rico de pessoas com quadro semelhante de acometimento renal e neurol�gico. No domingo, dia 5, tive um contato formal da Secretaria de Estado de Sa�de (SES) sobre essa situa��o e que haveria, no dia 6, segunda de manh�, uma reuni�o na Cidade Administrativa com a Sa�de Municipal, Estadual e a PC. No dia 5, fiz contato com a chefia de Pol�cia, que determinou a instaura��o de um procedimento preliminar de investiga��o. A requisi��o de exames de sangue das primeiras v�timas foi expedida pelo delegado de Pol�cia. Na segunda, fizemos uma dilig�ncia por um m�dico-legista e um investigador em v�rios hospitais em BH, coletando sangue dessas primeiras v�timas. O legista de Juiz de Fora fez a coleta do paciente de l�.

Fl�vio Grossi: Logo no in�cio, por coincid�ncia, as v�timas foram contaminadas no Buritis. Quando chegaram � delegacia j� entregaram algo mais ou menos pronto. O conhecimento entre as v�timas do bairro ajudou a montar uma gama de conex�es que demoraria um tempo para ser feita. De in�cio, acredit�vamos que a contamina��o teria sido somente no Bairro Buritis. Mas depois se desenvolveu para outros locais. Temos o conhecimentos de mais de 50 lotes com contamina��o.

E de que forma descobriram que era o dietilenoglicol?
Thalles Bittencourt: J� existia suspeita que seria a cerveja Belorizontina da Backer. No dia 8, a suspeita era metanol. O laborat�rio da Criminal�stica come�ou a dosar metanol na cerveja. O laborat�rio do Instituto M�dico-Legal (IML), que trabalha com as amostras de sangue, come�ou a dosar metanol nas amostras, mas a cerveja deu negativo para essa subst�ncia. A� pedi para suspender as dosagens no sangue, porque as amostras eram muito pequenas e a gente sempre teve muito receio de consumi-las. Elas foram coletadas nos primeiros pacientes com o objetivo toxicol�gico, para dosar outros par�metros, como agentes infecciosos. Come�ou-se a suspeita cl�nica que veio dos pr�prios hospitais de intoxica��o por dietilenoglicol. Dia 8, �s 23h30, recebo o chamado telef�nico da chefe do laborat�rio de Criminal�stica, informando que deu positivo para dietilenoglicol. Dia 9, fomos � Backer para o in�cio da per�cia e comunicamos que se encontrou a subst�ncia t�xica na cerveja.



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