
As cheias do Rio das Velhas s�o conhecidas de longa data de Maria Herc�lia de Jesus Gonzaga, de 64 anos, – mas � bom explicar logo que ela poucas vezes se lembra do nome de batismo. “Todos me chamam de Cristina, desde que cheguei da ro�a. Mas gosto, porque minha m�e se chamava Maria Cristina”, conta a cozinheira, quituteira e doceira, nascida na zona rural de Taquara�u de Minas e moradora do Bairro C�rrego Frio, em Santa Luzia, tamb�m na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.
Durante a chuvarada de janeiro, Cristina ficou dois dias “ilhada” em casa com a fam�lia, mas tirou de letra. A�, teve mais tempo para caprichar na deliciosa goiabada, feita no fog�o a lenha com frutos do quintal, e depois entregar todas as encomendas de bombons de morango e aceitar outras de empadinhas, coxinhas e pasteizinhos. “Sou orgulhosa do meu servi�o”, revela com um sorriso.
Durante a chuvarada de janeiro, Cristina ficou dois dias “ilhada” em casa com a fam�lia, mas tirou de letra. A�, teve mais tempo para caprichar na deliciosa goiabada, feita no fog�o a lenha com frutos do quintal, e depois entregar todas as encomendas de bombons de morango e aceitar outras de empadinhas, coxinhas e pasteizinhos. “Sou orgulhosa do meu servi�o”, revela com um sorriso.
Mesmo com a estrada em p�ssimo – para ir da casa ao ponto de �nibus, � preciso caminhar um quil�metro na terra –, Cristina voltou � rotina t�o logo o Rio das Velhas permitiu: “J� passei com �gua pela cintura, mas desta vez, felizmente, n�o fomos atingidos pela enchente. E meu filho mais velho, quando pode, me busca de carro no ponto”. Com a bengala de apoio, ela retornou ao trabalho como diarista na capital, embora sem a mesma agilidade de outros tempos. H� pouco mais de dois anos, devido ao diabetes, a cozinheira sofreu a amputa��o da perna esquerda, na altura do joelho, e se vale de uma pr�tese.
"Admiro a Paola (Antonini). Gostaria de conhec�-la para falar como o seu exemplo � importante. Dar um abra�o"
Cristina Gonzaga, que perdeu a perna devido ao diabetes
“Nunca senti preconceito por ser mulher ou pela cor da pele. Mas, agora vejo como os deficientes penam, principalmente no transporte p�blico”, diz Cristina, que vem para BH bem cedo com o filho ca�ula e, quando volta para casa, precisa pegar tr�s �nibus. “As pessoas empurram, n�o cedem o lugar. Outro dia fiz um trecho no Move e ningu�m se levantou. Quando era jovem, sempre dava o lugar para os mais velhos”, lamenta Cristina, certa de que, no mundo atual, a palavra mais necess�ria � respeito.
Bom humor diante da adversidade
Quem conhece Cristina sabe que com ela n�o tem tempo ruim. Est� sempre sorrindo, enfrenta os problemas com bom humor, sem dramatizar. Mas como nenhum dia � igual ao outro, teve seu momento de muita tristeza algumas semanas, ap�s sair do hospital para amputa��o da perna. “Esteve aqui em casa uma mo�a, a Isadora, para buscar uns bombons encomendados. Ao me ver chorando muito, falou sobre a Paola Antonini e da supera��o dela, da alegria e f� na vida."
Nesse momento, os olhos de Cristina represam as l�grimas para, em segundos, voltarem a se iluminar em emo��o. “Admiro a Paola. Gostaria de conhec�-la para falar como o seu exemplo � importante. Dar um abra�o”, diz Cristina sobre a modelo e apresentadora belo-horizontina, atropelada h� pouco mais de cinco anos e igualmente amputada.
Nesse momento, os olhos de Cristina represam as l�grimas para, em segundos, voltarem a se iluminar em emo��o. “Admiro a Paola. Gostaria de conhec�-la para falar como o seu exemplo � importante. Dar um abra�o”, diz Cristina sobre a modelo e apresentadora belo-horizontina, atropelada h� pouco mais de cinco anos e igualmente amputada.
Casada com Jos� Luiz Gonzaga, lavrador, e m�e de Ana Cec�lia, advogada, Robson, estudante de engenharia de produ��o, e Jeferson, seguran�a e trabalhador de f�brica de pe�as, Cristina � av� de Larissa, de 11 meses, e j� coruja Bernardo, que chegar� ao mundo em julho. “Trabalho desde os 9 anos. Capinei, plantei milho, colhi verdura, nunca esmoreci. Temos de ser fortes, amar a fam�lia e tocar o barco, mesmo na enchente”, brinca a cozinheira. Neste Dia Internacional da Mulher, o que Cristina mais deseja � uni�o, e que n�o seja necess�ria a dor para o mundo entender o sentido do respeito e da felicidade.