Coronav�rus p�e Minas em emerg�ncia. Sa�de se arma para o 'pior cen�rio'
Decreto de emerg�ncia em sa�de permite apressar compras e contrata��es, tratar � for�a pacientes que eventualmente recusem atendimento e ampliar vagas de CTI. Autoridades se preparam para proje��es mais severas da epidemia
postado em 14/03/2020 04:00 / atualizado em 14/03/2020 10:33
O subsecret�rio Marc�lio Dias, a diretora Jana�na Almeida (C) e a coordenadora Rejane Letro anunciam medidas com o objetivo de dar mais agilidade a a��es de enfrentamento (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Os primeiros casos de contamina��o pelo novo coronav�rus dentro do Brasil, na chamada transmiss�o comunit�ria da doen�a conhecida como COVID-19, dispararam o sinal de alerta e levaram o governo de Minas a entrar em estado de emerg�ncia em sa�de. Com 307 pacientes sendo monitorados sob suspeita de cont�gio e casos importados confirmados em Divin�polis (Regi�o Centro-Oeste) e Ipatinga (Vale do Rio Doce), autoridades sanit�rias mineiras trabalham com “o pior cen�rio poss�vel” e j� consideram provid�ncias que reduzam a circula��o e concentra��o de pessoas, como o fechamento de escolas e suspens�o de grandes eventos.
Estado trabalhar� para refor�ar conjunto de leitos de CTI, j� que menos de 800 est�o dispon�veis atualmente para a rede SUS em Minas. Santa Casa anunciou ala reservada (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
Ser� preciso tamb�m refor�ar a quantidade de leitos de CTI dispon�veis para dar retaguarda ao atendimento, j� que o estado contabiliza menos de 800 vagas de terapia intensivas dispon�veis atualmente em territ�rio mineiro. Por iniciativa pr�pria, hospitais e entidades de ensino – em ambos os casos, sobretudo na rede privada – j� come�am a instituir regras excepcionais diante da amea�a, como proibir visitas a doentes ou cancelar eventos.
O decreto de emerg�ncia em sa�de, publicado ontem, permite a autoridades sanit�rias estaduais agir compulsoriamente com pacientes que eventualmente recusarem atendimento, determinando a realiza��o de exames m�dicos, testes laboratoriais, vacina��o e tratamentos m�dicos, al�m da aquisi��o de servi�os, com pagamento posterior de indeniza��o, caso necess�rio. Oficializa ainda a cria��o de um gabinete de crise para tratar de assuntos relacionados ao novo coronav�rus. O Centro de Opera��es de Emerg�ncia em Sa�de ter� plant�o 24 horas por dia, para monitoramento e estudo de casos, al�m da atua��o na tomada de decis�es e organiza��o das a��es de enfrentamento.
Ao anunciar ontem o decreto de emerg�ncia, a Secretaria de Estado da Sa�de informou que admite adotar medidas mais restritivas nos pr�ximos dias. “Se houver grandes eventos em locais fechados, pode ser que a orienta��o seja de n�o realiza��o, mas de forma oficial n�o h� motivo para a popula��o entrar em quarentena, nem para p�nico”, afirmou a diretora de Vigil�ncia e Agravos Transmiss�veis, Jana�na Almeida, em entrevista coletiva concedida ontem para tratar do assunto. Segundo ela, n�o havia at� ontem orienta��o do Minist�rio da Sa�de para suspens�o das aulas, por exemplo, mas a medida n�o est� descartada.
Na mesma linha, entre outras a��es, o subsecret�rio de Pol�ticas e A��es de Sa�de, Marc�lio Dias Magalh�es, admitiu que “a redu��o das pessoas em ambientes coletivos” pode ser uma pr�xima etapa das provid�ncias oficiais. De forma imediata, Jana�na Almeida explicou a import�ncia do decreto de situa��o de emerg�ncia em sa�de p�blica, publicado ontem. “A medida tem o objetivo, principalmente, de n�o ter que enfrentar barreiras burocr�ticas em processos de compra (de insumos) e contrata��o (de pessoal). Ela permite o incremento de recursos humanos, fortalecimento dos servi�os, aquisi��o de bens e servi�os de forma mais �gil, como a pandemia precisa”, acrescentou a diretora.
Ela afirmou que o governo trabalha com o pior cen�rio para enfrentamento do coronav�rus. “J� existem dois casos confirmados por aqui. Al�m disso, a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) j� classificou a situa��o como pandemia (epidemia mundial)”, justificou a dirigente. A SES sustenta n�o ter ainda uma proje��o de quantas pessoas podem se infectar com o novo v�rus no estado. Em S�o Paulo, autoridades de sa�de projetam 460 mil casos de contamina��o pela Covid-19.
Dos 2.795 leitos de terapia intensiva vinculados ao Sistema �nico de Sa�de em Minas, apenas 27% est�o vazios, informa a Sa�de estadual, o que representa 754 vagas dispon�veis para todo o estado. O subsecret�rio informou que o governo mobiliza esfor�os para a libera��o de leitos de UTI para atender os atingidos pela doen�a, e que pretende adaptar leitos comuns para cuidados intensivos. “Estamos trabalhando no aluguel e compra de kits para potencializar leitos como uso de CTI. E pretendemos reduzir a quantidade cirurgias eletivas. Deixar opera��es que podem ser adiadas para ser feitas em dois, tr�s meses, quando j� teremos passado a fase mais aguda do coronav�rus”, disse.
Risco de colapso
Nos casos em que h� necessidade de hospitaliza��o para tratamento da COVID-19, o per�odo de interna��o � de aproximadamente 23 dias, o que pode levar ao colapso do sistema de sa�de. Por isso, al�m da libera��o de vagas via adiamento das cirurgias eletivas, o estado conta com o estreitamento de parcerias com a rede privada de sa�de.
No campo da preven��o, a principal medida citada pela Sa�de estadual � a antecipa��o da vacina��o contra a gripe – estrat�gia anunciada pelo governo federal em 27 de fevereiro. O in�cio da imuniza��o em massa est� previsto para 23 de mar�o, com foco priorit�rio em idosos e profissionais de sa�de. A vacina n�o protege contra a COVID-19, mas sim contra tipos de influenza (fam�lia de v�rus � qual pertence o H1N1, por exemplo). A antecipa��o da campanha, no entanto, ajuda os profissionais de sa�de a diagnosticar – por elimina��o – eventuais casos da doen�a, j� que os vacinados estar�o imunes a parte delas. A segunda etapa ser� voltada para portadores de doen�as cr�nicas.
Preapara��o
Medidas j� definidas
» Compra de kits para adapta��o de leitos hospitalares para tratamento intensivo
» Negocia��o com a rede particular de sa�de para receber mais pacientes do SUS
» Compras emergenciais de materiais e contrata��es para enfrentar a doen�a
Medidas consideradas
» Suspens�o das aulas, para conter risco de dissemina��o do v�rus entre alunos
» Suspens�o de eventos com aglomera��o de p�blico, sobretudo em locais fechados
» Adiamento de cirurgias eletivas para depois do per�odo cr�tico da epidemia
Pres�dios
A Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica anunciou ontem a suspens�o de visitas �ntimas nas unidades prisionais do estado, al�m de restringir os demais encontros a apenas uma pessoa por detento. Tamb�m foi suspensa a visita��o de pessoas maiores de 60 anos, a faixa et�ria mais vulner�vel ao novo coronav�rus. Medidas semelhantes ser�o adotadas no sistema socioeducativo (para menores). A pasta informou que tamb�m prepara unidades para receber eventuais detentos contaminados.