
Est� adiado o reajuste dos pre�os dos rem�dios, como anunciou nessa ter�a-feira o presidente Jair Bolsonaro, por meio do Facebook. Segundo Bolsonaro, foi feito acordo com a ind�stria farmac�utica para que a corre��o n�o seja aplicada nos pr�ximos dois meses. “Em comum acordo com a ind�stria farmac�utica decidimos adiar, por 60 dias, o reajuste de todos os medicamentos no Brasil”, escreveu o presidente na rede social. O aumento entraria hoje em vigor. Enquanto isso, cresce a corrida aos balc�es das farm�cias de Belo Horizonte e interior de Minas, no ritmo do temor de contamina��o pelo novo coronav�rus e da divulga��o desenfreada de informa��es e falsos 'milagres' sobre a pandemia.
O risco de uma crise de abastecimento n�o est� afastado, na avalia��o de comerciantes ouvidos pelo Estado de Minas. Pelo interior do estado n�o � diferente. Al�m da falta de �lcool em gel e de mascaras cir�rgicas, que desapareceram das prateleiras diante da grande procura dos consumidores e voltaram em alguns estabelecimentos com fartos reajustes, nos �ltimos dias, as drogarias viram aumentar a procura pelos antigripais, encarando tamb�m o in�cio do desabastecimento desses medicamentos. Na companhia desses medicamentos, est�o, ainda, as vitaminas.
A farm�cia popular, que entrega medicamentos de uso cont�nuo e principalmente para pessoas com patologias de alto risco ao coronav�rus, j� registra algumas dificuldades em repor os estoques nas drogarias privadas. Medicamentos contra hipertens�o e diabetes, por exemplo, apresentaram demanda acima do normal, depois que o governo federal estendeu por um ano o prazo de validade das receitas de medicamentos controlados. Elas valiam por seis meses e os rem�dios eram retirados m�s a m�s. O paciente pode agora comprar de uma s� vez e estocar quantidade para tr�s meses.
A farmac�utica Grace Coutinho, respons�vel t�cnica e filha do propriet�rio das Drograrias Coutinho, com unidades na regi�o Nordeste da capital mineira, registrou aumento significativo das vendas. “As pessoas est�o meio neur�ticas. Acham que v�o ficar sem medicamento.” Ela sentiu tamb�m dificuldades em receber alguns produtos. “Eram entregues de um dia para o outro, est�o demorando agora uma semana”, afirma. Grace disse tamb�m que alguns distribuidores t�m oferecido produtos “em falta” no mercado desde que associados a outros com menor sa�da.
Na expectativa do aumento m�dio de 5% dos pre�os dos produtos farmac�uticos a partir de hoje, mas que foi adiado por meio de acordo do governo com a ind�stria farmac�utica, muitos consumidores se anteciparam e compraram em maior quantidade para ganhar no pre�o. “Mas o que cresceu muito foi a venda de equipamentos e drogas que melhoram a imunidade. Das vitaminas C n�o tenho mais estoque e n�o tenho encontrado nas distribuidoras, � o caso tamb�m de outras vitaminas e pr�polis. O que acho mais grave � o desabastecimento de medicamentos para doen�as autoimunes, deixando as pessoas que realmente precisam sem possibilidade de us�-los.”
Vice-presidente do Conselho Regional de Farm�cia de Minas Gerais (CRF-MG) e propriet�ria de duas drogarias na regi�o Leste de BH, associadas � rede Farma, M�rcia Alfena tamb�m registrou aumento na demanda dos clientes, o que atribui ao maior prazo e autoriza��o de compra em maior quantidade dos rem�dios do programa Farm�cia Popular. A entrega dos produtos tem demorado um pouco mais, mas ela acredita que a log�stica da ind�stria e distribuidores tenham sofrido impactos com redu��o do n�mero na m�o de obra. “Alguns demoram mais de uma semana para entregar.”
Distanciamento
As pequenas farm�cias, que n�o disp�em de estoques como as redes do setor, foram bastante afetadas pela corrida do consumidor. Dono de uma farm�cia localizada no Bairro S�o Judas, em Montes Claros, no Norte de Minas, Alex Lima, conta que, com o distanciamento social, passou a enfrentar situa��es distintas em seu estabelecimento. Ele verificou, ao mesmo tempo, o aumento da procura, escassez de alguns itens e redu��o das vendas no geral.
O comerciante disse que nos �ltimos dias, aumentaram as vendas de antigripais, como paracetemol e dipirona. Ele destaca que, neste per�odo, do outono, costuma aumentar a ocorr�ncia de gripes comuns, o que tamb�m pressiona as vendas dos medicamentos. At� ontem n�o havia nenhum registro da COVID-19 na cidade do Norte de Minas.
Desde o inicio da semana passada, decreto municipal determinou o fechamento do com�rcio em geral, � exce��o de setores essenciais, entre eles o farmac�utico. De acordo com Alex Lima, as drogarias tamb�m tiveram as vendas. “No geral, minhas vendas ca�ram de 20% a 30%”, calcula.
Dono de uma pequena farm�cia tamb�m instalada em Montes Claros, o comerciante Danilo Evangelista disse que seu estabelecimento acabou sofrendo uma forte que das vendas porque est� situado no centro comercial da cidade, onde, nos �ltimos dias, o movimento de pessoas foi muito reduzido.
“Minhas vendas ca�ram 70%, pois n�o tem quase ningu�m transitando nas proximidades da farm�cia”, lamenta Danilo. Est�o escassos no estoque da farm�cia, �lcool em gel, m�scaras cir�rgicas e antigripais. caso de m�scaras, luvas e �lcool em gel”.
Justificativa
Em nota, a assessoria de comunica��o da Secretaria de Sa�de da PBH informou que o atual �ndice de abastecimento de medicamentos das unidades de sa�de de Belo Horizonte � de 94, 9%. “A dificuldade de aquisi��o de alguns medicamentos � justificada no mundo todo pois a aquisi��o de mat�ria-prima para produ��o de muitos medicamentos � em grande parte oriunda da China e da �ndia. Como estrat�gia para garantir o abastecimento, a Secretaria Municipal de Sa�de participa de mais de um processo de compras, juntamente com a superintend�ncia de Assist�ncia Farmac�utica da Secretaria de Estado de Sa�de, e a Secretaria de Planejamento e Gest�o do estado. (EG e LR)

Sem medo da pandemia
Basta dar uma volta pelo Centro de Belo Horizonte para se espantar com a quantidade enorme de farm�cias que existem na cidade. � que, com a determina��o de fechamento dos estabelecimentos comerciais que n�o prestam servi�os essenciais � popula��o, boa parte das lojas que est�o de portas abertas s�o drogarias. Comparado a uma ter�a-feira feira comum, dos bons tempos em que o novo coronav�rus n�o amea�ava n�o s� uma cidade, mas o mundo todo, o movimento pelas ruas da Regi�o Central da capital era bem fraco ontem. O sil�ncio, a aus�ncia da costumeira horda de pessoas caminhando nas cal�adas e uma grande facilidade para atravessar as ruas davam o tom da nova cara de um Centro nada nervoso de BH.
Apesar da recomenda��o de que os idosos deveriam se proteger ainda mais, n�o foi dif�cil encontrar alguns senhores de cabe�a. Com 68 anos de idade e diab�tico (o que o deixa ainda mais vulner�vel em caso de cont�gio pela COVID-19), o aposentado Ilacir Dos Santos foi ao Centro da cidade para levar o celular ao conserto. Chateado por n�o encontrar lojas abertas para colocar o telefone em uso novamente, Ilacir afirma que n�o teme a doen�a, n�o est� tomando cuidados especiais e que, se tiver que pegar a doen�a, vai pegar de qualquer jeito.
O aposentado Wilter Silveira, de 80, garante que vai sempre ao Centro e que achou tudo muito parado ao seu redor. Foi a filha quem levou Wilter de carro para ir ao banco. “A dengue mata mais”, compara. Outro senhor de 80 que caminhava pela Regi�o Central de BH foi Saint Claire Rocha Cruz, que tem uma empresa de pr�teses dent�rias no Edif�cio Mesbla, perto da Pra�a Rio Branco, e est� acostumado com o movimento dali. Ele, que tamb�m foi ao Centro para ir ao banco, disse que a amea�a do coronav�rus for�ou a empresa a fechar temporariamente, mas ele n�o est� gostando nada de ficar em casa.
A despeito do baixo contingente de famintos nas ruas, v�rias lanchonetes continuam a funcionar. Mas, j� n�o � poss�vel entrar e pedir o lanche no balc�o. Na porta de v�rias lanchonetes, uma correntinha de pl�stico sugere que os clientes fa�am o pedido e paguem da cal�ada mesmo. Rodrigo da Silva Santos trabalha em um estabelecimento na Rua dos Tupinamb�s e garante que o movimento est� t�o baixo que nem precisa organizar fila em frente ao caixa, j� que elas n�o chegam a se formar.
Funcion�rio de um a�ougue, Jos� �ngelo Ferreira garante que o movimento caiu 80%. “Nessa loja aqui trabalhavam oito, hoje somos quatro. Por enquanto os outros est�o de f�rias, mas, se continuar assim, acho que vai ter demiss�o”, avalia. A respeito da forma de atendimento, se a amea�a da doen�a exigiu algum cuidado especial, Jos� garante que seu time � “democr�tico”, todos s�o bem-vindos e os clientes mesmo se organizam para n�o criar aglomera��o, apesar de o movimento fraco n�o provocar essa situa��o. (PC)
Milhares de cestas b�sicas
