
Os belo-horizontinos e habitantes da Grande BH ainda teriam f�lego para resistir em m�dia a mais nove ou 10 semanas de isolamento social se isso for capaz de preserv�-los da infec��o pelo novo coronav�rus (Sars-Cov-2), causador da COVID-19. Essa ades�o se d� mesmo com a certeza de que a economia ser� fortemente afetada, segundo dados exclusivos da pesquisa “Term�metro da crise: COVID-19”, desenvolvida pelo Instituto Olhar, que ouviu 795 pessoas da capital mineira e da Grande BH, entre 2 e 6 de abril – duas semanas ap�s o in�cio do isolamento social mais duro, a partir de 20 de mar�o. A margem de erro m�xima � de 3,6 pontos percentuais. Pela proje��o, seria poss�vel ampliar as medidas de distanciamento at� meados de junho.
O Estado de Minas come�a a divulgar hoje resultados da pesquisa, com a an�lise dos resultados e comparativos pelos profissionais do instituto. Os term�metros pesquisados calculam a nota m�dia de zero a 10 para par�metros como o n�vel de ades�o ao isolamento social, o medo da COVID-19, a satisfa��o com a atua��o do poder p�blico e o temor dos efeitos sobre a economia. As avalia��es levam em considera��o as mudan�as de cen�rios, como mais casos de mortes pela infec��o, amplia��o dos cont�gios ou agravamento da crise econ�mica, entre outros poss�veis (veja o quadro).
Ferramenta para a��o
De acordo com o s�cio-diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade, que � doutor em administra��o, esse retrato do momento auxilia o poder p�blico a tra�ar um planejamento que conta com o �nimo das pessoas em aderir �s medidas propostas, como o recrudescimento ou relaxamento das normas de isolamento, no caso do isolamento. A pesquisa ser� semanal.
"Fiquei surpreso com o comprometimento das pessoas em seguir com o isolamento. A popula��o est� calculando o preju�zo que tem e a possibilidade de ficar doente"
Matheus Lemos de Andrade, s�cio-diretor do Instituto Olhar
“Fiquei surpreso com o comprometimento das pessoas em seguir com o isolamento. A popula��o est� calculando o preju�zo que tem e a possibilidade de ficar doente. Por um lado, isso vai ser afetado por uma viv�ncia mais pr�xima com casos de doentes e mortos, em favor de mais isolamento. Por outro, h� o aumento de dificuldades para a sobreviv�ncia devido a impactos econ�micos, o que incentiva uma flexibiliza��o desse distanciamento social”, avalia Andrade.
Pelo estudo, o apoio ao isolamento social � vigoroso, marcando 8,6 pontos, sendo que o comprometimento dos pr�prios entrevistados com essa medida chega a ter nota 9,4. Contudo, os resultados despencam quando esse dado � cruzado com o medo de adquirir a doen�a (6,5) e a percep��o da gravidade da COVID-19 (7,6). “Uma das formas de se avaliar isso � que a pessoa que est� se isolando e tomando as medidas para se precaver da doen�a se sente protegida. Logo, n�o enxerga o v�rus como uma amea�a t�o direta a ela pr�pria”, aponta Andrade.
Por�m, o diretor do instituto de pesquisas destaca que a preocupa��o com familiares e amigos � maior do que com a pr�pria pessoa na capital e na Grande BH (8,5). “Muitas pessoas conhecem outras que s�o do grupo de risco, mesmo que n�o morem com elas e, por isso, veem que essas pessoas podem sofrer mais com a doen�a, at� por n�o ter ci�ncia de seu n�vel de precau��o. Isso passa tamb�m pelos valores familiares e de afei��o, muito t�picos da nossa popula��o”, pondera o diretor do Instituto Olhar.
Finan�as
H� consenso de que a economia ser� afetada (9,1), mas enquanto essa cren�a � forte nas finan�as mundiais (9,3), nacionais (9,6), estaduais (9,5) e municipais (9,2), os pr�prios pesquisados preveem menor impacto relativo sobre sua pr�pria sobreviv�ncia (7,7).
“Quando uma pessoa pensa nas finan�as pessoais, ela avalia todo o conjunto de possibilidades que tem de sobreviv�ncia. Pode enxergar caminhos alternativos e reservas, conhecendo muito bem a medida de seus extratos banc�rios. J� para o mundo, o pa�s, o estado e a cidade, essa dimens�o escapa � sua compreens�o plena. O que veem � que o d�lar disparou, a bolsa despencou, os investimentos est�o sendo revistos e a d�vida pode aumentar. Isso serve tamb�m para ver que a crise ainda n�o abateu todos”, afirma Matheus Andrade.
Poder p�blico fora dos destaques
A atua��o dos governos conduzindo as medidas de combate ao alastramento da infec��o pelo novo coronav�rus n�o tem sido considerada suficiente pelos cidad�os, alcan�ando o conceito 6,4 em geral. O governo estadual chegou a 6,3 pontos e, apesar de a nota m�dia das prefeituras municipais da Grande BH ser 7,4, o diretor do Instituto Olhar, professor Matheus Lemos de Andrade, afirma que a amostragem ficou distorcida para cima pela percep��o positiva de Belo Horizonte, j� que a capital chegou a atingir 7,8 pontos em 10 na avalia��o das a��es e posturas do Executivo municipal. “As demais cidades tiveram m�dia 6,3, por exemplo, muito pr�ximas do governo estadual. Isso mostra que, tirando BH, as demais cidades e o governo do estado n�o est�o com uma percep��o de destaque”, analisa.
Outro dado importante � que o governo federal marcou 5,5 pontos, o que mostra que o pa�s continua dividido. “Isso parece suplantar a quest�o da COVID-19. Quem gosta do presidente Jair Bolsonaro o avalia muito bem. Quem o odeia d� nota baixa. Quem n�o gosta nem odeia, avalia como os demais governos, na m�dia”, destaca o professor.
Sem tanta influ�ncia das a��es do poder p�blico, o estudo revela detalhes sobre o comprometimento das pessoas com o isolamento social. Quanto menor o n�vel de escolaridade, menor a ades�o. Al�m disso, chama a aten��o o forte engajamento com o isolamento social apresentados pelos mais jovens (8,8) e pelos idosos (8,9). Ao todo, 14,6% dos entrevistados conhecem algu�m que j� foi diagnosticado com a COVID-19. Quanto menor o n�vel de escolaridade, menor o receio em rela��o � enfermidade COVID-19. J� os mais jovens (7,9) e as mulheres (8,0) apresentam maior n�vel de temor, inclusive maior do que os mais velhos (7,2).
Aglomera��o na Pra�a Sete
A grande circula��o de pessoas na Pra�a Sete, um dos pontos mais movimentados do Centro de Belo Horizonte, ontem, demonstra que nem todos est�o cumprindo as recomenda��es de isolamento por causa da pandemia da COVID-19. Menos de 24 horas depois de o prefeito Alexandre Kalil anunciar medidas mais duras – como o fechamento da orla da Lagoa da Pampulha, flagrada com enorme movimento no domingo pelo Estado de Minas –, era intenso o vaiv�m de pessoas no principal cruzamento da capital, al�m de vendedores ambulantes e artes�os. Na Avenida Afonso Pena, o passeio lotado fez com que pedestres tivessem at� que se desviar uns dos outros. Faixas com cruzes desenhadas foram colocadas no Pirulito da Pra�a Sete, simbolizando “vidas que podem ser perdidas” no caso de a popula��o n�o manter o distanciamento social, um protesto organizado pela Central dos Trabalhadores (CTB).
O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.
Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:
Especial: Tudo sobre o coronav�rus
Coronav�rus: o que fazer com roupas, acess�rios e sapatos ao voltar para casa