
"O volume de chamadas despencou. Temos trabalhado mais horas, mas a produ��o caiu demais", conta Matheus Felipe. Ele conta que a grande maioria das corridas que ele tem atendido � para supermercados e casa de parentes ou amigos. E, apesar da recomenda��o de isolamento, afirma que muitos encontros sociais continuam acorrendo normalmente.
Apesar do grande n�mero de pessoas com suspeita da COVID-19 na capital mineira, ele n�o detectou poss�vel aumento no volume de corridas para unidades hospitalares. Entretanto, teme esse tipo de chamada: "Eu tenho medo quando vejo que o destino final � um hospital. Alguns colegas n�o tem, mas eu acho muito perigoso".
Na avalia��o dele, os hospitais seriam os maiores focos de prolifera��o de todas as doen�as. Ent�o, opta por cancelar a corrida. "Sei que as pessoas precisam do atendimento, mas pra n�s � muito arriscado", lamenta.
E n�o � s� essa precau��o que ele tem tomado para n�o se infectar. Ele conta que limpa todo o interior do carro com um pano �mido e solu��o de �gua com �gua sanit�ria pelo menos duas vezes por dia. Ma�anetas, puxadores, cinto, painel e assoalho s�o muito bem higienizados. "Al�m disso, em nenhuma hip�tese eu trabalho com os vidros fechados e ar-condicionado ligado. Se o cliente exigir, eu cancelo a corrida sem custo e pe�o que ele chame outro motorista", acrescenta.
Pano para o passageiro que venha a tossir e kit limpeza no porta-malas. Essas s�o algumas das muitas medidas de cuidado em tempos de pandemia adotadas por Augusto Cezar de Araujo, de 49, que engrossa o n�mero de motoristas que circulam pela cidade. Ele explica que � uma rotina de muita apreens�o. "Mas o mais agravante em tempos de pandemia � com rela��o � fam�lia. Ficamos com receio de dar um simples abra�o, pois, s� em imaginar que voc� possa pegar e transmitir, � muito tenso", lamenta.
Com rela��o �s chamadas relacionadas aos hospitais, ele as mant�m: "At� momento, praticamente, levei somente profissionais da �rea da sa�de. As poucas pessoas que levei – que n�o trabalhavam no setor –, aparentemente n�o apresentavam sintomas. Tamb�m n�o relataram", disse. Mas quando Augusto observa que o destino ser� alguma unidade de sa�de, ele fica mais atento a poss�veis sinais do passageiro.
Jo�o Rodrigues Cordeiro J�nior, de 46, � de Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Ele afirma que tem mais temor em aceitar uma corrida que tenha como origem um supermercado do que de um passageiro que v� ou saia de um hospital. "Estamos apreensivos o tempo todo. Mas eu tenho muito mais medo de ser contaminado quando busco uma fam�lia em um supermercado. Pois muitos n�o levam as recomenda��es a s�rio. Tenho medo de pegar um desses passageiros com grandes sacolas de compras", pontua.
Al�m do mais, segundo ele, as pessoas que est�o se deslocando para unidades de sa�de est�o mais precavidas: "J� est�o com m�scaras".
A vice-presidente do Sindicato dos Condutores de Ve�culos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas Gerais (Sicovapp), Simone Almeida, confirma que o perfil do servi�o mudou. Depois que da edi��o do decreto que suspende funcionamento comercial e atividades com potencial de aglomera��es de pessoas, houve uma severa diminui��o de �nibus em Belo Horizonte. Isso fez com que a popula��o procurasse mais o transporte por aplicativo em hor�rios em que a oferta de coletivos � menor.
"N�o notamos o aumento de viagens com destino ou in�cio em hospitais por passageiros comuns e, sim, por profissionais da sa�de e da seguran�a p�blica ap�s as 22h", diz Simone.