Fot�grafos do Estado de Minas relatam rotina nas ruas durante a pandemia do coronav�rus

Diante da cobertura da pandemia do novo coronav�rus e do desafio di�rio de ir atr�s da not�cia, a equipe de rep�rteres fotogr�ficos do Estado de Minas e do Portal UAI pulveriza o preconceito contra os clich�s, ditos banais e repetitivos, e reafirma o qu�o fundamental � a imagem que vale mais que mil palavras, que imortaliza uma ocasi�o, que captura um instante da vida para a eternidade ou ainda que tem o poder de revelar por meio da lente mais que o olho pode ver.

Com uma c�mera na m�o, uma pauta na cabe�a e munidos de m�scara e �lcool em gel, eles cumprem diariamente o compromisso de ser os olhos do leitor nas ruas. � na rotina do trabalho que ficam chocados ao se deparar com cenas que contrariam as recomenda��es de isolamento social da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). Como cidad�os e profissionais da not�cia, nossos fot�grafos fazem um apelo: leitores, fiquem em casa. 

Alexandre Guzanshe 20 anos de jornalismoe 17 de fotojornalismo: “Ir a reda��o para pegar equipamento e n�o encontrar quase ningu�m � estranho. Outra quest�o � trabalhar com o invis�vel. Por ser um v�rus e n�o saber onde ele est�, � complicado. Mesmo protegido com m�scaras, �lcool gel e sempre lavando as m�os, o perigo pode estar ao lado. J� fui em necrot�rio, aldeia ind�gena (n�o entrei porque poderia levar o v�rus para eles), andei pelo Centro da cidade. E, por falar na cidade, ela est� triste. Mas isso tudo vai passar. Temos de fazer o nosso papel, levar a informa��o aos leitores e seguir a vida.”

Ed�sio Ferreira 15 anos de carreira: “Minha mulher � t�cnica em enfermagem, trabalha na linha de frente em um hospital, temos um filho de 12 anos. Tomamos todos os cuidados, os sapatos da rua n�o entram em casa, a roupa vai direto para a m�quina de lavar e, antes de qualquer contato, tomamos banho. � incr�vel ver as pessoas por a� como se nada estivesse acontecendo. J� fui a v�rias regi�es onde a vida segue normalmente. O com�rcio anda cheio no Barreiro, por exemplo. As pessoas todas juntas, no mesmo cotidiano de dois meses atr�s. Diante dessas cenas, com a c�mera na m�o e a imagem na frente, s� penso que o trabalho tem de ser feito.”

Gladyston Rodrigues 14 anos de profiss�o: “No dia a dia, procuro me preservar, uso m�scara e a abordagem das fontes � diferente, com cautela. At� porque tenho a preocupa��o com a fam�lia. No in�cio da cobertura, estava com muito medo. �s vezes, prendia a respira��o pela rua. Agora, j� me tranquilizei, a m�scara d� mais seguran�a e fa�o meu trabalho. Lidamos com um mal que n�o vemos, mas ainda n�o entrei nas zonas quentes de COVID-19. Fico espantado com tanta gente tranquila, correndo por a�, pedalando. � um desafio. Ao mesmo tempo, sinto o dever de registrar, captar e trazer a melhor imagem informativa para o leitor.”

Leandro Couri 23 anos de profiss�o: “Nosso trabalho � entregar ao leitor informa��o de qualidade. Imagem que n�o precisa de legenda, como a das pessoas lotando a orla da Lagoa da Pampulha. Uma explica��o direta e com credibilidade. Percebo tamb�m que, mesmo as pessoas que desejam denunciar, revelar algo, por exemplo, n�o querem se expor, principalmente, por ser uma situa��o de ordem sanit�ria. Corremos riscos, tomamos cuidado, estou caxias com as regras de precau��o durante e depois do trabalho. Vejo que a sociedade precisa de mim. As v�sceras do jornalista ficam para fora, j� que a informa��o correta salva vidas.” 

Juarez Rodrigues 32 anos de fotojornalismo: “N�o h� nada como o medo de encarar todos os dias a descren�a das pessoas na letalidade desse v�rus. � o mais grave e preocupante. Por ser um inimigo invis�vel, as pessoas n�o creem no poder de destrui��o e n�o cumprem as determina��es da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). As ruas est�o cheias, �nibus lotados, supermercados com as pessoas pr�ximas umas das outras. S� v�o acreditar quando os gr�ficos, n�meros e tabelas inclu�rem algu�m bem pr�ximo. Ser� triste e tarde. Independentemente de onde estivermos na linha de batalha, o principal � confiar nos dados dos profissionais da sa�de, crer no concreto, no que est� � nossa frente.”

T�lio Santos 15 anos atuando como rep�rter fotogr�fico: “A reda��o se transformou, e o barulho de uma casa cheia e movimentada deu lugar a um quase sil�ncio, quebrado apenas por notici�rios e entrevistas coletivas transmitidas pelas TVs. A Editoria de Fotografia, linha de frente do jornalismo da empresa, divide um andar agora quase vazio s� com alguns editores e diagramadores. N�o h� trabalho remoto no fotojornalismo. Nas ruas, transformadas, somos agora todos vulner�veis, uns muito mais e outros menos. � noite, chama a aten��o a divis�o entre trabalhadores essenciais e os desamparados sem teto e op��o, no momento mais vis�veis devido ao contraste com a falta de gente.”

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