
Em meio � pandemia de coronav�rus, o Brasil enfrenta mais uma barreira: a falta de testes e a subnotifica��o de casos de pessoas diagnosticadas com a COVID-19. A imprecis�o prejudica a administra��o p�blica, que acaba tendo que lidar com estimativas em de n�meros reais. Atualmente, o pa�s aplica 4 mil testes gratuitos diariamente, n�mero muito abaixo dos registrados em outros pa�ses. Os Estados Unidos fazem mais de 140 mil testes por dia e a It�lia mais de 46 mil, segundo dados da plataforma Our World in Data. Minas Gerais fez 8.551 exames, uma m�dia de 700 por dia. Pensando nisso, laborat�rios privados v�m oferecendo testes e, em Belo Horizonte, a coleta j� � feita, inclusive, no esquema drive-thru. � o caso da cl�nica Axial e do Hermes Pardini.
Desde ontem, a cl�nica Axial Intelig�ncia Diagn�stica est� oferecendo o servi�o particular em sua unidade localizada no estacionamento do Minas Shopping, na Avenida Cristiano Machado, na Regi�o Nordeste de BH. Os clientes s�o atendidos dentro do pr�prio carro e, em cinco minutos, j� t�m todas as secre��es necess�rias recolhidas. Ap�s isso, basta esperar cerca de quatro dias para saber o resultado do teste. A coleta ser� oferecida de segunda a sexta-feira, das 8 �s 16h30.
O exame � do tipo RT-PCR, que utiliza biologia nuclear e, levando em conta o RNA do v�rus transformado em DNA, permite poss�vel detectar se h� presen�a do v�rus nas secre��es do paciente. Em dias normais, sem muita demanda, o resultado do teste pode ser divulgado em algumas horas – a rapidez do teste inclusive est� expl�cita no nome (RT � de Tempo Real, em ingl�s).
No entanto, toda essa facilidade tem um pre�o: a Axial cobra R$ 350 para realizar o exame e o valor pode ser dividido em at� 10 vezes no cart�o de cr�dito. O laborat�rio tem conv�nios com planos de sa�de e tamb�m oferece atendimento domiciliar.
O grupo m�dico Hermes Pardini, por dua vez, oferece o exame por meio de drive thru montado na unidade da Pra�a da Bandeira, na Regi�o Centro-Sul da capital, e teleconsulta. As consultas custam R$ 68, enquanto o exame sai por R$ 298 e deve ser agendado pela internet. O laborat�rio negocia com empresas de planos de sa�de para que incluam as duas modalidades em suas coberturas. O atendimento est� dispon�vel de segunda a sexta, de 13h �s 17h, apenas para pacientes particulares.
Na Axial, durante o curto exame, o profissional de sa�de retira secre��es da duas narinas e da garganta do paciente com um cotonete swab, utilizado especialmente para as coletas. Ap�s isso, esses cotonetes s�o guardados em um tubo de Falcon, lacrados e enviados para o laborat�rio. A pr�tica pode �s vezes gerar um inc�modo no paciente. “Nem falo que d�i, porque incomoda um pouco. Cada pessoa reage de uma forma”, conta a enfermeira Patr�cia Souza, que desde mar�o realiza esse tipo de teste.
Enquanto lida com os pacientes, ela presta aten��o nos cuidados com a higiene. Como conta com orgulho, a cada consulta, ela troca a luva descart�vel e tamb�m o tecido que cobre sua roupa. Al�m disso, durante todo o dia, veste um macac�o que a cobre do pesco�o aos p�s e usa uma m�scara do tipo N95. Todos esses cuidados, al�m de proteger os clientes, tamb�m d�o seguran�a para que a enfermeira volte para casa, onde vive com o marido, um filho de 2 anos que sofre bronquite e os pais de 69 e 62 anos, j� no grupo de risco.
P�blico
Entre os pacientes est�o aqueles que n�o atendem aos requisitos para fazer o teste gratuitamente pelo Servi�o �nico de Sa�de (SUS). Em Minas, os diagn�sticos oferecidos de gra�a s�o exclusivos para profissionais de servi�os de sa�de sintom�ticos, pacientes hospitalizados com s�ndrome respirat�ria aguda grave, �bitos suspeitos, ou pessoas que frequentem locais fechados e que passam por surtos de s�ndrome gripal.“Vim aqui para ver se j� tive ou estou com o coronav�rus. � s� para tirar a cisma mesmo”, explica Amauri Pitanga Maia, de 73, que chegou para fazer o exame sem m�scara. O resultado informar� se h� ou n�o a presen�a do v�rus no corpo dele.
Minutos depois, outro motorista chega ao estacionamento do shopping para realizar o teste. Com m�scara, o homem n�o quis se identificar. Ele conta que ficou sabendo do teste por meio de seu plano de sa�de, ap�s fazer uma consulta m�dica online. “Estava meio gripados h� uns cinco dias e fiz essa consulta. A m�dica ent�o me recomendou o exame. Falaram para eu ir ao posto de sa�de, mas est� uma bagun�a l� e tamb�m eu n�o tinha direito ao teste por n�o estar t�o doente”, explica.
Mais alguns minutos e a enfermeira Patr�cia j� est� pronta para a coleta. Desta vez, o paciente teve um pouco mais de inc�modo com a pr�tica. “O cotonete vai l� no c�rebro”, exagera o homem, que ap�s o exame fechou a janela do carro e voltou a conduzir o ve�culo normalmente.
*Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho