
Cora��o de m�e, foi o apelido carinhoso dado pelos moradores da cidade de S�o Tom� das Letras, no Sul de Minas, ao projeto Banca Solid�ria. Localizada na Pra�a da Matriz (Bar�o de Alfenas) a antiga banca de jornais e revistas � palco de recebimento e doa��o de alimentos, roupas, brinquedos e at� ra��es para animais, nove horas por dia.
O que chama a aten��o � que n�o h� ningu�m "tomando conta" do programa. Quem tiver algo a mais, leva o objeto a ser doado e coloca nas prateleiras. Quem estiver necessitando de algo, passa e apanha. O modelo solid�rio e aut�nomo foi idealizado pelo jornalista e professor de hist�ria da vizinha Tr�s Cora��es, Osvaldo Nery Neto e da consultora e moradora da cidade Vera Fragoso, para a popula��o enfrentar a pandemia do coronav�rus. O lema da campanha passou a ser "Quem tem, p�e. Quem n�o tem, tira" e rapidamente se espalhou pelo munic�pio.
S�o Tom� das Letras tem 6.600 habitantes, segundo dados do IBGE de 2010, e fica a 350 km de Belo Horizonte. Sua principal fonte de renda � o turismo m�stico e ambiental. Al�m da beleza arquitet�nica de grande parte das casas constru�das pela famosa pedra de s�o tom�, possui lindas cachoeiras e trilhas entre as paisagens exuberantes da Serra da Mantiqueira, e exibe um hist�rico de aparecimentos de seres n�o muito comuns de serem vistos pelos humanos. Com o isolamento social do COVID-19, as pousadas est�o vazias e a cadeia econ�mica do turismo praticamente paralisada.
Osvaldo conta que a ideia surgiu a partir de um movimento similar, Banca Solid�ria, na cidade de Petr�polis, regi�o serrana do Rio de Janeiro, visto nas redes sociais. Nery e Vera propuseram desenvolver o projeto em S�o Tom� e a comunidade abra�ou a causa. O jornalista � propriet�rio da banca que existe na pra�a h� quase 40 anos. "Foi banca de jornais e revistas, foi caf� e tabacaria, sorveteria, loja de discos em vinil e muitas outras atividades." Por se localizar bem no centro da cidade e em local onde acontecia a feira de artesanato, antes da pandemia, tornou-se ponto ideal.
Primeira e �nica banca da cidade, resistente desde 1983, tornou-se patrim�nio cultural, tombado pelo Conselho Municipal de Patrim�nio Hist�rico e Art�stico e espera autoriza��o do Instituto Estadual de Patrim�nio Hist�rico e Arquitet�nio (Iepha) para ser removida para outro local, cedendo o ponto para extens�o da feira de artesanato tradicional da cidade.
Primeiro, ele restaurou e reorganizou o espa�o para receber as doa��es. "Vera foi a primeira a comprar quatro cestas b�sicas, de onde os alimentos em maior volume foram redistribu�dos em embalagens menores e colocados nas prateleiras. Tamb�m havia ra��o para c�es e gato", conta Nery. "No primeiro dia, os alimentos se esgotaram".
A ideia de "ningu�m tomando conta", veio com o prop�sito de n�o constranger que est� doando ou recebendo e est�mular o respeito m�tuo, a apropria��o do espa�o como um bem de toda a cidade. A banca fica aberta diariamente de 8h �s 17h. Aos poucos outros objetos foram surgindo, como brinquedos, cds, dvds, filmes, agasalhos, e roupas de inverno, que � rigoroso na regi�o.
Nery apela aos produtores rurais e propriet�rios de estabelecimentos comerciais que tamb�m contribuam com a iniciartiva, "que n�o precisa ficar restrita � cidade, mas estendida aos arredores, nesse momento de incertezas". As doa��es podem ser feitas pelo telefone (WhatsApp) (35) 99855-5255 ou sugeridas por e-mail ([email protected]) ou por meio da p�gina da banca no Facebook (acesse aqui).