A garantia da secret�ria vem um dia depois de o Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) divulgar uma carta do governo estadual avisando aos diretores de escolas de que n�o teria dinheiro para arcar com os custos de impress�o das apostilas, sendo algumas delas com mais de 150 p�ginas. De acordo com J�lia, a maior parte do material ter� como destino o Vale do Jequitinhonha.
Do ponto de vista da secret�ria, o PET est� sendo bem avaliado pela pasta de Educa��o. O site, de acordo com J�lia, j� teve 1,8 milh�o de acessos em menos de 48 horas. “A gente t� vendo que pais, alunos e professores de outros estados tamb�m est�o buscando conhecer. Temos acessos vindos do Rio de Janeiro, Bahia, S�o Paulo, Esp�rito Santo, e alguns acessos da Argentina, Estados Unidos, Fran�a e �ndia. Isso nos deixa com muita alegria”, disse.
J�lia tamb�m afirmou que munic�pios de Minas e de outros estados tamb�m formalizaram pedido para utilizar o material confeccionado pela Educa��o.
“Todo o conte�do dos anos iniciais do nosso antigo prim�rio, dos pequenininhos, foi montado com o apoio dos professores das redes mineiras municipais de educa��o. Ent�o grande parte dos munic�pios de Minas Gerais tamb�m vai utilizar, al�m dos 1.7 milh�o dos alunos da rede estadual, teremos utiliza��o como documento oficial por alguns munic�pios mineiros. Munic�pios de outros estados tamb�m est�o fazendo uma solicita��o formal para a gente para a utiliza��o do uso institucional do material”, disse.
Na entrevista, a secret�ria de educa��o detalhou as estrat�gias para alcan�ar os alunos da rede estadual e revelou inspira��es para a confec��o do projeto.
Na pr�tica, como vai funcionar o sistema remoto de ensino?
S�o tr�s instrumentos principais que a gente faz de acompanhamento com os alunos. O principal deles se chama Plano de Estudo Tutorado (PET). � um material em PDF. A prioridade que a gente t� dando � para que os alunos baixem esse material no nosso site. O material est� dispon�vel desde anteontem. � um conte�do mensal, organizado por semanas as atividades, orienta��es de estudo, para cada ano de ensino e de escolaridade. Ent�o a cada m�s vamos divulgar um destes. A organiza��o � feita semanalmente para dar tranquilidade para as fam�lias neste planejamento, para n�o haver mais ansiedade do que a gente j� est� vivendo. Ele � a ‘espinha dorsal’, pois foi constru�do na base nacional curricular, no nosso curr�culo de refer�ncias de Minas Gerais.
� com esse instrumento que vamos fazer a avalia��o diagn�stica no momento do retorno dos alunos �s escolas. T�o logo seja poss�vel restabelecer as atividades presenciais, o conte�do que vai ser avaliado � esse. Essa avalia��o n�o � para determinar reprova��o ou fazer qualquer avalia��o de desempenho de alunos, mas, sim, uma avalia��o diagn�stica. Cada aluno vai ter a prepara��o de um plano individual de estudos em que ele vai conseguir, a partir dali, fazer o aprofundamento do conte�do com os seus professores de sala de aula.
Os alunos que n�o conseguirem baixar ter�o as impress�es financiadas pela secretaria, atrav�s dos diretores das escolas. Temos tido not�cias de diversas escolas que j� est�o com a estrat�gia de distribui��o, ainda nesta semana, desse material.
O segundo instrumento � a transmiss�o das teleaulas do “Se Liga na Educa��o”, da Rede Minas, que estreia no pr�ximo dia 18 (segunda-feira), �s 7h30. Entre 7h30 e 11h15, n�s teremos a transmiss�o de teleaulas gravadas por professores da nossa rede, muitos deles, inclusive, de sala de aula, que v�m se ressignificando, revisando suas pr�prias maneiras de ensinar, muito positivo como a gente tem visto. De 11h15 e 12h30, � aberta uma transmiss�o ao vivo, para que os alunos esclare�am suas d�vidas. Haver� um telefone para contato e um celular para perguntas via Whatsapp. Outro ponto importante � a garantia da interatividade entre aluno e professor. Ser� lan�ado, tamb�m, um aplicativo para Android, neste primeiro momento, com a navega��o patrocinada pelo estado. Ent�o o aluno ou o professor baixa o aplicativo, obviamente consome o pacote de dados ali no momento em que est� baixando, porque a gente n�o tem essa valida��o de que ele � um aluno ou professor da rede, mas a partir do momento em que ele faz o seu login, a navega��o interna para baixar teleaulas, por exemplo, � 100% financiada pelo estado. N�o haver� consumo de dados. O conte�do da Rede Minas tamb�m ser� carregado via aplicativo e para o site.
Al�m disso, no dia 25 de maio, estamos prevendo uma nova funcionalidade no aplicativo que � o chat. Vamos ter canais de comunica��o diretos de contato com o professor com os seus alunos. O professor entra e v� todas as suas turmas. O aluno entra e v� todos os seus professores. O canal de contato � para tirar d�vidas e estabelecer contato. O perfil de acesso vai facilitar o encontro, mesmo que remoto, do aluno com os seus professores de sala de aula. At� mesmo seus colegas via chat. Estamos bem felizes com a constru��o desse modelo.
Teve algum outro modelo que serviu de inspira��o para a constru��o do sistema remoto de ensino?
Tivemos um contato inicial com o Amazonas. Quando a gente ouve falar de restri��o de acesso e restri��o geogr�fica e social, citamos sempre este exemplo, porque foi um estado que teve de construir este modelo justamente por conta das suas dificuldades. O Amazonas � um caso simb�lico, muito representativo. Tivemos acompanhando toda a parte de constru��o do material de S�o Paulo e do Paran�, estados que fizeram lan�amentos anteriores ao nosso. Tenho uma grande confian�a que o nosso material pedag�gico que n�o vamos encontrar nenhum melhor. Talvez, t�o bom quanto.
A Rede Minas est� presente em apenas 186 munic�pios, atendendo a 1 milh�o de alunos. No entanto, outros 700 mil alunos da rede p�blica n�o t�m acesso � internet ou sinal da emissora. Como atender a todos?
As estrat�gias s�o complementares. Se entende que o aluno tem acesso ao material completo, se ele tiver acesso a um desses. � fundamental se a fam�lia garantir que o aluno tenha seus livros did�ticos, a gente t� bem tranquilo em rela��o a isso tamb�m. O aluno estudando em casa, tendo condi��es de aprofundar nisso, esse processo est� garantido. Claro que quanto mais ferramentas ele tiver acesso, melhor, mas isso n�o impede da gente ter tranquilidade de, no momento do retorno dele, todos os conte�dos que, porventura, tenham sido perdidos, ser�o repostos. Ent�o se eu fosse sugerir a um conte�do s�, esse conte�do, �, efetivamente, o Plano de Estudos. Vamos fazer um controle nominal de distribui��o por escolas, o que � importante para a gente conseguir n�o perder ningu�m, ter a certeza que cada aluno � muito importante neste processo.
O Sind-UTE enviou, ao Estado de Minas, uma carta de um diretor financeiro do governo, alertando sobre dificuldades financeiras para fazer as impress�es. Mas de acordo com a senhora, algumas escolas j� est�o fazendo a distribui��o dos materiais. O estado garante a impress�o de todas as apostilas daqueles alunos sem acesso a sinal de internet e TV?
Com muita tranquilidade. � um processo log�stico e de opera��o bastante complexas, e � natural que, eventualmente, algum servidor ou outro tenha algum problema de interpreta��o, mas isso tudo a gente est� acompanhando ponto a ponto. Eu j� sei precisamente qual � essa regional para dar a ela tranquilidade e f�lego financeiro para isso. Por outro lado, � importante que as fam�lias tenham tranquilidade, que entendam que a gente precisa priorizar ao m�ximo o material impresso para aquelas fam�lias que n�o t�m acesso � internet. � importante que as fam�lias entendam que, se elas t�m acesso ao material digital, que deem a oportunidade �s fam�lias que n�o t�m, para que o diretor de escola fa�a com que o material chegue ao aluno o mais r�pido poss�vel.
Quais as regi�es que mais v�o receber os materiais impressos?
O nosso esfor�o � fazer um contato muito estreito com cada um dos diretores escolares. At� eu mesma j� reduzi o espa�o das reuni�es com os superintendentes regionais de ensino. Ontem o superintendente regional do Vale do Jequitinhonha, Diamantina, sinalizava para a gente que l� a demanda por materiais impressos ser� muito grande. Ent�o em rela��o a isso, estamos atentos.
A parceria com as empresas de telefonia foi feita em todo o estado. A pessoa que, eventualmente, n�o tem acesso ao material na sua resid�ncia, mas quando sai para supermercado, farm�cia, ou alguma outra cidade que tenha comunica��o, ela consegue baixar o material e levar para sua resid�ncia. A gente v� que � muito comum fam�lias mais humildes terem um dispositivo m�vel.
Como que cada turma vai saber que horas assistir �s aulas na TV? H� alguma grade de hor�rios?
No nosso site tem uma parte que, clicando no “Se Liga na Educa��o”, consegue baixar a grade e saber qual � o conte�do a ser trabalhado em cada dia da semana. Mas, al�m disso, a gente tem de forma mais geral essa orienta��o de que s�o trabalhados os conte�dos por �rea de conhecimento. Na segunda-feira temos linguagens (l�ngua portuguesa, literatura, ingl�s, artes…), e assim subsequentemente. Se n�o me engano, ter�a tem ci�ncias humanas, e por a� vai. Na sexta, temos um conte�do espec�fico para o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem). � um dia inteiro destinado ao Enem. Um momento em que todo o grupo do ensino m�dio ter� condi��es de ter acesso. Ent�o, tamb�m, esse dia, � dividido por hor�rio. Na manh� bem cedinho os alunos do ensino m�dio, no meio da manh� os alunos finais e mais perto da hora do almo�o os alunos iniciais, at� o momento da transmiss�o do vivo.
Milhares de mensagens dever�o ser enviadas pelo chat de forma simult�nea. Como ser� feita a filtragem e sele��o das d�vidas?
Vai ter um mediador. Torcemos muito para que haja muitas d�vidas, a gente imagina que vai ser um processo progressivo das pessoas entrando. Vai ter um mediador, os professores estar�o no est�dio, e a� a gente vai fazer uma organiza��o. Porque, realmente, como vem as perguntas relacionadas a um determinado conte�do, que foi trabalhado especificamente naquele dia, ent�o � muito poss�vel fazer essa filtragem. Os professores est�o muito envolvidos no processo de grava��o, as aulas est�o sendo bem trabalhadas em rela��o ao limite de minutos. Ter� todo um processo de amarra��o das perguntas para que sejam respondidas de forma mais integrada.
A secretaria de Educa��o teme uma baixa ades�o de alunos ao sistema remoto de ensino? Como fazer o controle?
Temor, n�o. Mas estamos bastante atentos. H� questionamentos de n�vel nacional de que n�o houve muitos acessos ao aplicativo. A gente entende e sabe que o nosso estado tem restri��es geogr�ficas. A gente entende que o material em PDF e impresso s�o completos. O importante � termos a seguran�a de que o aluno ter� acesso a um desses instrumentos, trabalhar para que o maior n�mero de alunos tenha acesso aos materiais digitais. Mas, se porventura n�o for poss�vel, preparar para que, no momento em que retornar as aulas, este aluno que n�o teve acesso ao material on-line seja apoiado no processo de complementa��o de conte�do.
Como os professores est�o sendo preparados para o novo m�todo de ensino?
Eu costumo dizer que a gente n�o foi preparado para este momento hist�rico que estamos vivendo. Ent�o toda a prepara��o tem sido muito nova. Os professores que est�o no est�dio, vira e mexe dizem: “Puxa, pode regravar essa aula espec�fica?”. Est� todo mundo no processo de aprimoramento. Na rede, a gente entende que vai haver este processo de aproxima��o. Temos que ter cuidado, trabalhar progressivamente, entendendo que � um momento novo para todos n�s.
Quanto � o investimento, at� o momento, do sistema remoto de ensino?
Estamos fazendo uma aferi��o disso, pois depende muito. Essas contrata��es s�o feitas com base, efetivamente, dos acessos. A gente depende de quantos alunos come�arem a entrar, quantos professores come�arem a entrar. H� uma previs�o or�ament�ria para essas despesas, mas n�o tenho o n�mero para passar. A aferi��o vai sendo feita ao longo do processo, porque vai ser executado financeiramente dependendo do que for consumido, por conta da varia��o regional de acessos.
Um estudo feito em Harvard diz que a quarentena intermitente deve durar at� 2022. O estado j� pensou na possibilidade? Quais s�o os planos para a volta das aulas presenciais?
Estamos aguardando cada passo. Houve uma aproxima��o muito grande dos secret�rios, tanto municipais, quantos dos conselhos e secret�rios. H� reuni�es semanais com o Minist�rio da Educa��o (MEC) para discutir quest�es importantes. A cada semana a situa��o muda, mas estamos atentos quanto a parte de regula��o. H� muitas perguntas se haver� f�rias e de como ser� o calend�rio. A gente ainda precisa entender melhor o processo de regula��o, fazer um melhor acompanhamento da curva epidemiol�gica.
V�rios alunos na internet se manifestaram contr�rios ao n�o adiamento do Enem. A senhora � contra ou a favor do adiamento?
Eu sou a favor de um maior canal de di�logo com o MEC. A gente tem defendido no Conselho de Secret�rios de Educa��o uma aproxima��o para uma discuss�o mais minuciosa sobre este calend�rio. Se por um lado a gente entende que h� um calend�rio das universidades para o ano que vem, por outro a gente entende que, tamb�m, h� essa apreens�o de conte�dos por parte dos nossos alunos do terceiro ano. Ent�o n�o adianta falar que se defende o adiamento ou que � contra o adiamento, se a gente desconsiderar todas essas vari�veis. O que a gente tem feito e formalmente defendido ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep) � de um canal de di�logo mais estreito. Est� prevista uma reuni�o com o presidente do Inep na semana que vem, em que a gente vai conseguir ir desenhando este processo e que a gente espera que seja um processo que ou�a muito os secret�rios estaduais de educa��o, pois s�o aqueles que t�m grandes quantidades de alunos do terceiro ano de ensino m�dio no Brasil.