
Em mar�o, quando a escalada da COVID-19 come�ava a ficar evidente no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) decidiu reconhecer a possibilidade de atendimento m�dico a dist�ncia durante o combate � virose, a chamada telemedicina. Na pr�tica, o que era antes restrito � pesquisa e � comunica��o entre profissionais de sa�de tamb�m foi estendido � rela��o m�dico x paciente. Tudo isso com um �nico objetivo: desafogar as unidades de sa�de.
Tudo foi regularizado a partir de um of�cio encaminhado pelo CFM ao Minist�rio da Sa�de. O documento estendeu os servi�os oferecidos pela telemedicina no Brasil, que antes eram regulados por uma resolu��o de 26 de agosto de 2002. O antigo documento s� permitia o servi�o “com o objetivo de assist�ncia, educa��o e pesquisa em sa�de” – mas n�o para avalia��o de pacientes.
O novo texto mant�m essa atribui��o, mas tamb�m permitiu que m�dicos orientem pacientes remotamente (teleorienta��o), bem como monitorem os “par�metros de sa�de e/ou doen�a”, o telemonitoramento. Com isso, um profissional pode, por exemplo, recomendar que uma pessoa fique em isolamento domiciliar ou procure uma unidade de pronto-atendimento imediatamente.
Em Belo Horizonte, a telemedicina se tornou realidade durante a pandemia – e tanto na rede particular, que largou na frente, quanto no SUS. Por meio de parcerias, desde 7 de abril, a prefeitura da capital oferece o servi�o aos moradores da cidade cadastrados em seu sistema de sa�de. A consulta se destina a pacientes que apresentam sintomas da COVID-19 e tem como objetivo a diminui��o da circula��o de pessoas pela cidade e o al�vio dos equipamentos p�blicos de sa�de. O atendimento funciona de segunda a sexta-feira, das 8h �s 18h, por meio do site da prefeitura ou pelo PBH App (confira abaixo o passo a passo).
“� uma oferta para moradores de Belo Horizonte que t�m cadastro no nosso sistema de prontu�rio eletr�nico. Temos em m�dia 150 consultas agendadas e 112 realizadas por dia. Mas poder�amos ter marcado at� tr�s vezes mais. Precisamos de divulga��o desse servi�o, porque tem sido superefetivo para n�s e para os usu�rios”, destaca o gerente da Rede Complementar da Secretaria Municipal de Sa�de, Andr� Luiz de Menezes.
2 milh�es j� cadastrados
Vale ressaltar que somente quem tem cadastro na rede de sa�de da prefeitura pode ter acesso ao servi�o. Contudo, para Andr� Luiz de Menezes, esse fator n�o limita a telemedicina da PBH. “Estimamos que haja em torno de 2 milh�es dos habitantes de BH j� cadastrados. Esse n�o � um problema”, garante. “Nossa proposta � ter em torno de 200 profissionais deslocados para esse atendimento. S�o os m�dicos voltados � aten��o secund�ria, que ficaram sem fun��o depois que a gente precisou cancelar, por for�a de orienta��o da Ag�ncia Nacional da Sa�de, a maior parte das nossas consultas eletivas”, completa o gerente da Sa�de municipal.
Antes da prefeitura, hospitais e profissionais de sa�de independentes aderiram � novidade. Uma das pioneiras foi a Unimed-BH, que oferece o servi�o de consulta on-line desde 18 de mar�o, por meio do endere�o www.unimedbh.com.br/coronavirus.
At� o �ltimo dia 14, o servi�o j� havia promovido 15.108 teleatendimentos. Considerando a mesma data, 618 clientes da empresa tinham seus estados de sa�de acompanhados remotamente, mas esse n�mero chegou a ultrapassar a marca de 700. Ao todo, cerca de 12,2 mil pacientes j� foram acompanhados via telemonitoramento.
Segundo n�meros da pr�pria cooperativa, a ferramenta reduziu em 65% os atendimentos presenciais em suas unidades de pronto-socorro. “O objetivo � garantir o acesso dos clientes ao atendimento m�dico no momento em que precisam, sem que tenham que sair do isolamento social. Com essa a��o, geramos mais seguran�a aos clientes e � equipe de profissionais da assist�ncia. Nesse sentido, as novas tecnologias s�o grandes aliadas”, afirma o diretor-presidente da Unimed-BH, Samuel Flam. Desde o in�cio do servi�o, 111 m�dicos da cooperativa j� atenderam remotamente.
Atendimento remoto em n�meros
Rede p�blica
- 150 - consultas a dist�ncia agendadas por dia, em m�dia, no SUS-BH
- 112 - teleconsultas promovidas em m�dia pela sa�de p�blica na capital por dia
- 200 - m�dicos dispon�veis para o servi�o
Rede particular
- 15.108 - teleatendimentos de 18 de mar�o a 14 de maio, apenas na Unimed BH
- 65% - a menos de procura presencial pelo pronto-atendimento da cooperativa
- 111 - m�dicos atendendo remotamente
Especialista recomenda cautela com a novidade
Para o m�dico Leandro Duarte de Carvalho, professor e coordenador do Eixo �tico-Legal da Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais, no entanto, � preciso cautela ao usar o servi�o. “M�dicos s�o treinados para ter profunda capacidade de reflex�o sobre o processo de adoecimento. O diagn�stico de uma doen�a humana � um ato complexo de racioc�nio, que envolve informa��es colhidas da anamnese (entrevista realizada pelo profissional de sa�de com o paciente), observa��es cl�nicas por meio do exame f�sico e, quando necess�rio, informa��es adicionais via exames complementares, que auxiliam o m�dico em seu diagn�stico e progn�stico”, ressalta o profissional. “N�o h� como substituir pelo ‘digital’ este ato t�o humano de saber ouvir, dialogar, acolher, examinar e cuidar de um paciente”, completa.
Apesar de tratar o of�cio enviado pelo Conselho Federal de Medicina ao Minist�rio da Sa�de como medida excepcional, Leandro Duarte de Carvalho ressalta que a pandemia certamente servir� para aquecer ainda mais o debate em torno da telemedicina. “� certo que o mundo n�o ser� o mesmo – j� n�o � – quando a pandemia passar, o que pode abrir possibilidades de novas reflex�es n�o s� quanto � telemedicina, mas tamb�m ao teletrabalho”, pontua.
Com base nessa nova realidade, o professor criou, ao lado do engenheiro de software F�bio Paiva, o COVID19bot. Apesar de n�o classificar o projeto como telemedicina, Leandro Duarte afirma que decidiu usar uma ferramenta tecnol�gica comum a todos n�s, o WhatsApp, para informar a popula��o sobre a doen�a. “O que desej�vamos era facilitar o acesso desse conhecimento �s pessoas, por meio de perguntas e respostas, com v�deos e intera��es de f�cil compreens�o e de f�cil acesso, dispensando dispositivos mais complexos (computador, tablets), com a utiliza��o do WhatsApp”, afirma. Para conferir como funciona a tecnologia, basta enviar uma mensagem de WhatsApp para o n�mero +1 (929) 368-5291.
HIST�RICO No ano passado, em fevereiro, a Resolu��o 2.227 do Conselho Federal de Medicina regulamentou a telemedicina no Brasil. O texto permitia que m�dicos realizassem “consultas on-line, assim como telecirurgias e telediagn�stico, entre outras formas de atendimento m�dico a dist�ncia”.
Em 16 de abril, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou a Lei 13.989/2020, que autoriza o uso da telemedicina durante a pandemia do novo coronav�rus. J� no �ltimo dia 8, o governador Romeu Zema (Novo) lan�ou o servi�o de telemedicina por meio do aplicativo Sa�de Digital MG. A partir dele, � poss�vel marcar consultas, ser direcionado a um atendimento m�dico on-line ou mesmo ter a suspeita descartada para a doen�a.
Triagem m�dica na palma da m�o em BH
Como procurar teleconsulta no SUS-BH para casos suspeitos de COVID-19
- Acesse o portal da prefeitura ou o PBH APP e se cadastre para uma Consulta On-line Coronav�rus;
- Ap�s confirmar o cadastro no SUS-BH, o paciente entra em uma tela para escolha da data e hor�rio da teleconsulta, dentro da disponibilidade da rede SUS;
- No dia e hora agendados, o usu�rio entrar� novamente no sistema com seus dados cadastrais (CPF e data de nascimento) e ter� acesso � consulta por v�deo;
- De acordo com o diagn�stico, o usu�rio poder� receber orienta��es de isolamento domiciliar e receita de medicamento que seguir� escaneada no e-mail de cadastro informado;
- Com a impress�o da receita, o paciente poder� buscar o medicamento no Centro de Sa�de mais pr�ximo de sua casa
Fonte: Secretaria Municipal de Sa�de