
Destino tur�stico dos mais visitados em Minas, a cidade de Ouro Preto est� especialmente afetada pela pandemia da COVID-19. Depois de ter a primeiro caso da doen�a confirmado no munic�pio na segunda-feira, com �bito do paciente, o poder p�blico segue implantando medidas para impedir o avan�o do novo coronav�rus, enquanto os cidad�os buscam solu��es para o momento econ�mico complicado.
A crise afeta de grandes empres�rios do setor hoteleiro aos pequenos prestadores de servi�o, como guias tur�sticos aut�nomos, vendedores de artesanato e artes�os, passando pelos donos de restaurantes, bares e lanchonetes e os funcion�rios deles, pois museus e igrejas est�o fechados h� dois meses. Para completar, as aulas est�o suspensas, inclusive na Universidade Federal local (Ufop), e a maioria dos alunos retornou para as cidades de origem, tamb�m contribuindo para a diminui��o da demanda por bens e servi�os.

“Nossa classe foi a primeira a ser atingida, pois as pessoas imediatamente pararam de viajar”, afirma Matheus Costa, dono da Desbrava Minas, que guia turistas tanto pela sede quanto por distritos de Ouro Preto, como Lavras Novas, Chapada e S�o Bartolomeu, onde a beleza natural � grande atrativo. “O movimento caiu uns 70% e n�o h� perspectiva de melhora a curto e m�dio prazo”, diz o taxista especializado em city tours pelas ruas hist�ricas Danilo Magalh�es.
A pandemia seria ruim em qualquer �poca, mas afetou a cidade especialmente por ter ocorrido em abril e maio, quando h� grande quantidade de feriados: somando semana santa, Dia de Tiradentes e Dia do Trabalho, foram 11 dias de grande potencial tur�stico perdidos. “Investi quase todo o dinheiro que tinha comprando mercadorias, fazendo estoque para negociar nos feriados prolongados. Ningu�m poderia imaginar que ia vir esse v�rus fechando tudo, provocando o paradeiro geral. N�o s� eu, mas todos aqui est�o em grande dificuldade”, afirma a comerciante Shirley Leverecht Bauer, que h� 25 anos trabalha na tradicional Feira de Artesanato do Largo de Coimbra, conhecida como Feirinha de Pedra-sab�o, pr�xima da Igreja de S�o Francisco de Assis e da Pra�a Tiradentes.

Ela chama a aten��o para o fato de n�o ser s� na “ponta” do com�rcio que h� pessoas prejudicadas pela crise. Os artes�os do distrito de Santa Rita que produzem as pe�as que ela vende tamb�m est�o sem renda, pois n�o h� demanda, assim com os que trabalham com prata em Santo Ant�nio do Leite ou os fornecedores de pedras preciosas para joias, que, segundo a comerciante, “est�o desesperados” devido aos altos valores que seus neg�cios envolvem.
Outra comerciante, Cl�udia Silva, chegou a buscar alternativas de vendas na internet. Por�m, esbarra na quest�o do frete. “Uma cliente me ligou encomendando dois aneis, que custavam R$ 35. Mas ficou quase o mesmo valor para despachar. Felizmente, ela aceitou pagar”, explica ela.
S� na feirinha do Largo de Coimbra estima-se que 188 pessoas estejam sem trabalho e, consequentemente, sem rendimentos. “Quem � dono de banca ainda tem uma condi��o melhor, mas quem � empregado vive de porcentagem das vendas...”, diz Shirley.
Para tentar aliviar a situa��o, as autoridades v�m adotando algumas medidas paliativas, como a distribui��o de cestas b�sicas a fam�lias de alunos carentes da rede municipal de ensino. Muitos reclamam, por�m, que os recursos n�o chegam a quem precisa.

“Por ter um filho matriculado em escola do munic�pio, fiz o cadastro no dia 14 de abril, mas at� hoje n�o recebi nada. Ainda bem que tenho amigos para me ajudar, minha casa tem quintal onde planto legumes, verduras, hortali�as e frutas. Se n�o fosse isso, j� ter�amos passado fome”, afirma Shirley, que esperava melhor atendimento inclusive em projetos do governo federal. “Eles querem que um analfabeto use aplicativo de celular. Como? A pessoa n�o sabe nem ler, quanto mais acessar internet.”
J� no caso dos guias, h� travas legais dificultando o recebimento do aux�lio emergencial de R$ 600. “Por v�rios motivos, muitos n�o est�o se encaixando no que determina o governo. Ent�o, por mais que as cestas b�sicas sejam importantes, as pessoas n�o precisam s� de comida. Um guia � quem faz a propaganda do munic�pio e para isso um telefone celular � important�ssimo”, argumenta Matheus.
Para tentar ajudar, ele procurou a Prefeitura de Ouro Preto sugerindo a cria��o de um aux�lio espec�fico para os guias, baseado em projeto de lei em tramita��o em S�o Paulo. A iniciativa foi encaminhada a um deputado estadual e prev� autoriza��o para que o governo de Minas pague um sal�rio m�nimo a quem n�o consegue desempenhar as atividades em fun��o da pandemia. Outra proposta, que j� teria sido avalizada pelo ministro do Turismo, Marcelo �lvaro Ant�nio, � uma linha de cr�dito com jutos baixos e prazo de car�ncia para os profissionais do setor.
Por�m, a demora inerente aos tr�mites legais desanima muitos. “Falta maior compreendimento de todos os setores envolvidos. A nossa sorte � o poder de nossa hist�ria e do nosso patrim�nio. Eles falam mais que qualquer a��o do homem”, argumenta o artista pl�stico Geraldo Zuzu, que tamb�m sofre com os efeitos da pandemia.

Cidade refor�a estrutura
Nem o fato de contar com n�meros que podem ser considerados bons nesta pandemia de COVID-19 permitiu que a Prefeitura de Ouro Preto relaxasse. Depois de o munic�pio, que � patrim�nio da humanidade, ser um dos primeiros a entregar hospital de campanha espec�fico para infectados pelo novo coronav�rus, o Executivo requisitou galp�o de uma ind�stria metal�rgica para transform�-lo em centro de transporte e log�stica da sa�de. O local fica bem em frente da �rea onde est� sendo constru�da a nova Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), cuja inaugura��o a administra��o municipal est� tentando antecipar para desafogar outras unidades.
“Hospital de campanha dedicado apenas aos casos suspeitos de COVID-19 ajuda a conter o v�rus. Tamb�m dobramos a n�mero de CTI’s na Santa Casa, para 20 leitos e compramos duas UTI’s m�veis. Tamb�m � importante destacar que a popula��o tem colaborado bastante para n�o sobrecarregar o sistema de sa�de”, afirma o prefeito J�lio Ernesto de Grammont Machado de Ara�jo, o J�lio Pimenta.
Se tudo continuar correndo bem, ele espera n�o ter de lan�ar m�o de novas restri��es �s atividades econ�micas e � circula��o de pessoas. Desde 22 de mar�o, locais de aglomera��o de pessoas, como escolas, feiras livres, museus, academias de gin�stica, shows e shoppings centers est�o fechados. Por�m, outros, como sal�es de beleza e barbearias, foram autorizados a voltar funcionar, desde que respeitem normais r�gidas de higiene e circula��o. Ontem, foi poss�vel ver que restaurantes s� est�o atendendo no sistema de entrega. J� lojas de joias e bijuterias estavam abertas, ainda que com avisos aos clientes e �lcool em gel dispon�vel.
Pol�mica em torno da morte
O primeiro �bito registrado em Ouro Preto foi cercado de alguma pol�mica. A v�tima, um homem de 46 anos, teria engasgado enquanto jantava, s�bado, com o irm�o, no distrito de Ant�nio Pereira, que fica mais pr�ximo de Mariana, para onde foi levado.
Como apresentou quadro de falta de ar ao dar entrada na unidade de sa�de, foi feito o teste r�pido de infec��o pelo novo coronav�rus, que deu positivo. Por�m, a certeza s� viria se fosse realizado exame mais aprofundado, feito pela Funda��o Ezequiel Dias (Funed), o que n�o foi poss�vel devido � recomenda��o de enterro r�pido das v�timas da COVID-19.
As autoridades sanit�rias de Ouro Preto evitam questionar o procedimento na cidade vizinha ou mesmo colocar em d�vida os motivos do �bito. O certo � que todos os familiares do homem morto no s�bado foram testados e nenhum est� infectado pelo novo coronav�rus.
A expectativa � que a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) comece a realizar os testes mais conclusivos. Para isso, aguarda o envido de reagentes pela Funed, o que deve ocorrer ainda esta semana.
At� ontem, a prefeitura divulgou a notifica��o de 121 casos de COVID-19 no munic�pio, sendo 114 descartados e seis em investiga��o, al�m do �bito. Dois pacientes est�o internados na Santa Casa (alta complexidade) e um no hospital de campanha (para casos de baixa e m�dia complexidade. (PG)
Para manter os bons n�meros, a prefeitura lan�ou apelo aos turistas. “Visite Ouro Preto depois” e “N�o cancele sua viagem, remarque” s�o duas campanhas que v�m sendo divulgadas e valem tanto para a sede quanto para os distritos. (PG)
l S�o Tom� de portas fechadas
A m�stica cidade de S�o Tom� das Letras, na Regi�o Sul de Minas, completou ontem dois meses de completo fechamento ao turismo e vai prorrogar as severas restri��es por mais um m�s. � o que diz o decreto assinado pelo prefeito Tom� Reis Alvarenga. Conforme o documento do Executivo municipal, poder�o ficar abertos apenas supermercados e farm�cias. De acordo com informa��es da prefeitura local, S�o Tom� das Letras n�o registrou nenhum caso do novo coronav�rus, da� a necessidade de aumentar o distanciando social, j� que hospital mais pr�ximo fica em Tr�s Cora��es. Com cerca de 7 mil habitantes e distante 300 quil�metros de Belo Horizonte, S�o Tom� das Letras tem 70% da sua receita baseada no turismo, ficando o restante a cargo da minera��o. Recebendo visitantes de v�rios estados, a cidade oferece em torno de 150 hot�is e campings, com alta temporada nas f�rias escolares e no ver�o.
O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.
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