
Depois de 15 dias de recesso adiantado, alunos e professores da maioria das escolas particulares de Minas Gerais voltam aos seus postos nesta ter�a-feira (02). De 18 de maio a 1º de junho, diretores e coordenadores das escolas se dedicaram a aprimorar o sistema de aulas remotas das institui��es. Com a pandemia do novo coronav�rus aparentemente longe do fim no Brasil, a incerteza quanto ao futuro ainda predomina no �mbito estudantil.
inicialmente previsto para apenas cinco dias, se estendeu para mais de dois meses sem aulas presenciais.
“Fomos atropelados pelo fechamento das escolas. Fizemos uma reuni�o em 15 de mar�o e no dia 18 j� estava fechado. Foi muito r�pido, as escolas n�o tiveram tempo para ajustar o trabalho remoto. Al�m disso, na �poca t�nhamos a perspectiva de voltar em junho, mas n�o vai ser poss�vel”, ressalta a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, Zuleica Reis.
A comunidade escolar se viu em um imbr�glio ainda em 15 de mar�o, quando o governo estadual orientou a paralisa��o das aulas entre os dias 18 e 22, devido � pandemia de COVID-19. Desde ent�o, o recesso, “Fomos atropelados pelo fechamento das escolas. Fizemos uma reuni�o em 15 de mar�o e no dia 18 j� estava fechado. Foi muito r�pido, as escolas n�o tiveram tempo para ajustar o trabalho remoto. Al�m disso, na �poca t�nhamos a perspectiva de voltar em junho, mas n�o vai ser poss�vel”, ressalta a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, Zuleica Reis.
Foi tamb�m pensando nisso que v�rias escolas do estado resolveram paralisar as atividades por 15 dias. O receio da comunidade escolar era de ter que paralisar as aulas em julho, mesmo em caso de uma freada da pandemia em Minas. “Nem todas as escolas tinham estrutura para trabalhar com aulas on-line, e os professores tinham dificuldade em como manuse�-las. Al�m disso, esse per�odo de 15 dias ajudou a aliviar o impacto emocional, porque trabalhamos com pessoas. Trabalhar com educa��o n�o � vender papel, temos um desgaste emocional muito grande”.
Outro ponto desenvolvido pelos gestores educacionais durante o recesso foi a altera��o no calend�rio escolar. Isso porque o planejamento da maioria das escolas foi feito em dezembro do ano passado, quando o novo coronav�rus ainda era um problema exclusivo da China. Mesmo assim, ainda � dif�cil fechar datas no novo calend�rio, j� que n�o h� previs�o para o fim da pandemia no pa�s.
Al�m disso, com a incerteza sobre as novas datas do planejamento escolar, diretores e professores encontram dificuldades para encaixar todo o conte�do proposto no in�cio do ano. “� tudo muito dif�cil porque n�o temos previs�o da volta das aulas presenciais. N�o teremos condi��es de cumprir com todos os curr�culos. Vamos ter que basear nos curr�culos essenciais para o cumprimento do ano letivo seguinte”, ressalta.
Aulas ao vivo
No Coleguium Rede de Ensino, que possui 18 unidades educacionais em Minas, as aulas on-line ser�o retomadas. A modalidade virtual conta com aulas ao vivo para todas as s�ries e, a partir desta semana, elas foram ampliadas e ter�o dura��o de 45 minutos (1º ao 5º ano do Fundamental) e 50 minutos (6º ao 9º ano do fundamental e m�dio).
Os professores estar�o dispon�veis on-line para os alunos nos mesmos hor�rios da turma e unidade das quais fazem parte. Nessas aulas, os alunos t�m esclarecimento de d�vidas, explica��o dos conte�dos, resolu��o de exerc�cios, entre outras intera��es.
A partir desta semana, o Coleguium tamb�m passa a contabilizar a presen�a nas aulas ao vivo, e a participa��o dos alunos ser� mensurada. Como forma de complementar as atividades curriculares, a rede tamb�m conta com a "reda��o on-line" para os alunos do 6º ao 9º ano do Fundamental e 1ª a 3ª s�rie do Ensino M�dio.
Modelos semelhantes v�m sendo adotados por outras escolas de Belo Horizonte, como Bernoulli e o Col�gio Santo Agostinho.
Aprendizado prejudicado
O fato � que as aulas virtuais n�o t�m a mesma din�mica de aprendizado das presenciais. Muitos estudantes est�o h� anos tendo aulas em um sistema educacional tradicional e acabam encontrando dificuldades em absorver conhecimento por meio do contato a dist�ncia com o professor. No entanto, Zuleica Reis garante que as escolas ficar�o menos rigorosas quanto ao sistema de atividades e avalia��es.
“Os pais podem ficar tranquilos, ser� um ano at�pico em quest�o das avalia��es. As cobran�as devem ser relacionadas ao curr�culo que demos. Recebemos na semana passada a resolu��o do Conselho Estadual de Educa��o; l� � previsto todo esse novo formato de aula. Vamos ter que fazer de tudo para recuperar a parte de aprendizagem dos alunos. No retorno, as escolas ter�o um diagn�stico para ver o n�vel de aprendizagem que os alunos tiveram durante esse per�odo de aula remota. Simultaneamente, ainda teremos que buscar uma recupera��o paralela para que os alunos possam suprir o conte�do perdido. Com certeza, a aprendizagem fica danificada, porque � diferente”, diz.
�ltimo ano
Em um contexto de menos conte�do, os mais prejudicados s�o os alunos do 3º ano do ensino m�dio, que est�o prestes a fazer o Enem e a buscar uma vaga no Ensino Superior. Pensando nisso, v�rias escolas do estado optaram por n�o adiantar o recesso escolar para os alunos do �ltimo ano e assim atenuar a diminui��o de conte�do ensinado.
Gabriel Merrighi, estudante do �ltimo ano do Col�gio Santo Agostinho de Belo Horizonte, sonha entrar no curso de medicina de uma universidade p�blica, mas com a pandemia de coronav�rus, encontrou mais uma barreira. Agora, o estudante est� tendo que refor�ar a aten��o nas aulas on-line e no estudo em casa. “Estamos tendo aulas todos os dias das 7h40 �s 17h40. Antes, a gente tava tendo apenas videoaulas, mas a� come�amos a ter aulas ao vivo tamb�m. Isso foi bom porque no in�cio eu n�o estava conseguindo focar, mas essa rotina meio que nos obrigou a estudar”, conta.
Como todo aluno do 3º ano, Gabriel sonhava com sua festa de formatura e uma viagem com seus colegas de turma. No entanto, com a necessidade de isolamento, ele viu seus desejos irem por �gua abaixo: “O governador proibiu qualquer evento no estado, ent�o acho que n�o vai ter. A gente fica na expectativa”, lamenta.
Desgaste nos profissionais
O Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro/MG) vem reclamando constantemente da forma como as escolas particulares t�m organizado o sistema de aulas remotas. Segundo a categoria, a mudan�a repentina gerou desgaste em grande parte dos profissionais.
“As escolas t�m pedido aos professores uma carga hor�rio extenuante. Os professores t�m estado muito cansados porque tiveram que aprender uma nova metodologia de um dia para o outro. Nesse sentido, esse per�odo de recesso talvez serviu para os professores darem uma respirada, o que n�o significa que eles n�o precisar�o de um recesso quando voltarem as aulas”, diz Val�ria Morato, Presidente do Sinpro.
Como alternativa, Val�ria defende que as escolas poderiam adotar um sistema menos rigoroso de atividades durante a pandemia. “H� v�rias formas que n�o implicam uma cobran�a de conte�dos. Os professores estariam mais tranquilos se estivessem sendo sugeridos filmes, livros e conta��es de hist�rias. A grande import�ncia dessas aulas � manter o v�nculo pedag�gico e afetivo; n�o h� de se cobrar com aquele rigor o conte�do. Os professores est�o adoecendo, temos relatos de professores que est�o tendo que fazer grava��es de madrugada, porque � quando suas crian�as est�o dormindo”, defende.
*Estagi�rio sob supervis�o da subeditora Kelen Cristina