Caroline e Gustavo passaram a se relacionar em dezembro, mas acreditam que a crise do coronav�rus, indiretamente, fez com que se aproximassem definitivamente (foto: Arquivo Pessoal/Divulga��o)
Hoje � dia de o
amor
pedir passagem. Ele pode surgir com voc� distra�do (a), desejando ou � procura. E quando a m�gica do encontro se faz presente, n�o h� nada que a detenha. At� mesmo o desafio da
pandemia
do novo coronav�rus n�o foi capaz de impedir que casais decidissem namorar durante a quarentena. E o gatilho do amor diante do risco da
COVID-19
ocorre porque, mesmo confinados, a vida flui, ainda que sob cen�rios de inseguran�a, medo, ansiedade.
No
Dia dos Namorados
, comemorado hoje, o primeiro da Era COVID-19, muitos casais v�o celebrar o afeto conjugal de forma diferente, mas n�o menos intensa e, para muitos, incrivelmente mais verdadeira. A jornalista Caroline M�rcia, de 24 anos, e o engenheiro eletricista Gustavo Rabelo, de 26, decidiram namorar em plena
quarentena
. Mas a percep��o m�tua veio um pouco antes: “Nossa hist�ria come�ou em dezembro. J� o conhecia h� alguns anos, de vista. Ele � de Carm�polis, e eu, de Piracema, cidades vizinhas. Moramos em BH, mas nos v�amos em eventos na regi�o. Eu o tinha nas minhas redes sociais, por�m, estava sempre namorando. No fim de 2019, terminei um namoro de dois anos, ele ficou sabendo e, com um dia de solteira, me chamou no WhatsApp. Come�amos a conversar”, revela Caroline.
Na mesma semana, se encontraram e, desde ent�o, n�o pararam. S� que, em fevereiro ele mudou de emprego e foi para Itabora�, na Regi�o Metropolitana do Rio de Janeiro, trabalhar no Complexo Petroqu�mico do Rio de Janeiro, da Petrobras: “Pensei que n�o teria jeito. Outro estado, seria dif�cil. T�nhamos tudo para dar certo, ele era meu vizinho em BH, temos um ciclo de amigos em comum. Mas achei que n�o seria poss�vel construir um relacionamento”, previa a jornalista.
Mas, lembra Caroline, veio o isolamento social. Gustavo teve de trabalhar home office porque � do grupo de risco, tem diabetes, e Caroline tamb�m passou a atuar remotamente. Os dois voltaram para o interior de Minas: “Isso fez com que nos aproxim�ssemos mais. Passamos a nos ver no fim de semana, um indo para a casa do outro. O que fortaleceu a rela��o, porque tive a oportunidade de conhec�-lo como um todo.” Caroline destaca que os encontros s�o cercados de seguran�a: “Estou na zona rural, s� com meus pais e n�o saio nem para supermercado. Estamos realmente isolados. Assim como o Gustavo, s� com os pais dele e o tempo todo em casa.”
Caroline acredita que, em condi��es normais, o namoro correria o risco de n�o vingar, j� que Gustavo estaria no Rio. “Talvez nem f�ssemos conhecer um ao outro. Deu tudo muito certo, tudo � intenso, sinto que neste momento ficamos mais transparentes e nos conhecemos de fato”. Neste Dia dos Namorados, revela que combinaram um jantar. V�o cozinhar juntos. No card�pio, risoto de alho-por� regado a m�sica e uma sess�o de filmes: “Ele sabe fazer de tudo, e eu tamb�m cozinho, mas este prato ser� uma t�cnica in�dita para os dois. E at� comprei roupa nova”.
Destino
Gustavo diz que o destino do casal era se juntar: “Uma amiga em comum foi o cupido, ao me avisar que a Carol, que sempre achei bonita, atraente e me interessava, estava solteira. Passamos a conversar por WhatsApp. Ao nos encontrarmos em dezembro, foi uma noite t�o agrad�vel, nos conhecemos melhor, percebi que ela era bem parecida comigo, com valores iguais e, naquele dia, j� sabia que t�nhamos muito a compartilhar”.
Na quarentena, Gustavo destaca que o isolamento fez com que notasse coisas em Caroline que n�o tinha percebido: “A Carol gosta de cozinhar. Ent�o, fazemos juntos algo diferente para comer. Ela valoriza e gosta da fam�lia, trabalha muito e gosta do que faz. Isso tudo me atraiu”. Para ele, a quarentena selou a aproxima��o: “A pandemia � dif�cil para todo mundo, mas, al�m de nos fazer dar valor �s coisas simples que n�o enxerg�vamos, tem aumentado ainda mais o meu v�nculo com a Carol.
Neste Dia dos Namorados diferente, vamos comemorar, estamos empolgados. Tomar um vinho, ouvir boa m�sica e trocar presentes. A decis�o do namoro foi na quarentena, mas, na verdade, j� est�vamos namorando desde o primeiro dia que nos encontramos”.
Hora tamb�m de recome�os
Afastados h� dois anos, Raphael e Ludmilla reataram relacionamento em meio �s incertezas com o cen�rio da doen�a: Dia dos Namorados de novo juntos (foto: Arquivo Pessoal/Divulga��o)
Eles namoraram por cinco anos e a rela��o terminou. H� dois anos separados, a quarentena chegou para dar outra reviravolta na vida de Ludmilla Santos, de 28 anos, publicit�ria, e Raphael Simeon, de 31, engenheiro civil: “N�s nos conhecemos no 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, em um bar em Nova Lima, no jogo da Copa de 2014. Depois de contratempos, come�amos a namorar. Raphael foi meu primeiro namorado”, revela Ludmilla.
Mas, com alguns t�rminos e reca�das, h� dois anos estavam separados, ainda que se esbarrassem por a� por terem amigos em comum e sendo sempre questionados se n�o reatariam, j� que percebiam que ainda se gostavam: “E n�o � que foi, agora na quarentena, que resolvemos voltar a namorar? Acredito neste momento de reflex�o, de perceber o que mudaria na vida, de car�ncia, pensando com quem voc� queria estar se o mundo acabasse... S� imaginava minha fam�lia e o Raphael. As pessoas com quem gostaria de estar. Ao pensar no que � mais importante na vida, decidimos que vale mais estarmos juntos a ficar um tentando esquecer o outro”, diz Ludmilla.
Nesses dois anos de separa��o, nenhum teve outro relacionamento. Passaram o Dia dos Namorados solteiros: “A verdade � que nunca conseguimos esquecer um do outro. Todas as vezes que nos encontr�vamos por a�, o cora��o palpitava e sent�amos que n�o tinha acabado. E todos percebiam isso. Ent�o, mesmo com a press�o da COVID-19, decidimos assumir que nos gostamos sem nos preocupar com o que pensam os outros”, enfatiza Ludmilla.
Outro olhar
Para Raphael, o desacelerar imposto pela pandemia fez toda a diferen�a para que pudesse enxergar a rela��o com outro olhar: “A quarentena se tornou um momento de an�lise mais profunda. Parei de pensar s� no presente para focar no futuro, nos objetivos e metas. Esta reflex�o me levou a ver o valor do nosso relacionamento, que valia a pena investir. Com um pensando no outro, separados, agora juntos vamos fazer dar certo.”
O ensaio do retorno, conta Raphael, come�ou em conversas a dist�ncia. Para o Dia dos Namorados, ele diz que “ser� uma data especial, que marca o relacionamento, ainda que deva ser comemorado todos os dias. Neste ano, com tudo que est� ocorrendo, h� dificuldades para celebrar, mas vamos criar o nosso jeito”.
Contrato on-line de namoro
Sob o mesmo teto em raz�o da pandemia, namorados agora t�m a op��o de fazer ato on-line que previne disputas judiciais indesejadas. A quarentena levou muitos casais a dar um passo adiante em seus relacionamentos e passar a dividir o mesmo teto, segundo
levantamento feito pelo Col�gio Notarial do Brasil – Se��o Minas Gerais (CNB/MG)
, entidade que representa tabeli�es de notas no estado. Mas garantir que a rela��o n�o vire dor de cabe�a quando – e se – chegar ao fim, � primordial.
A op��o pode ser o
Contrato de Namoro
, feito pelos Cart�rios de Notas via videoconfer�ncia. Ato jur�dico cada vez mais aceito pelo Poder Judici�rio nas a��es que visam provar a inexist�ncia de uni�o est�vel, o termo � selado entre duas pessoas que querem deixar claro que a rela��o � de namoro, afastando a possibilidade de que seja considerada uni�o est�vel, gerando efeitos patrimoniais e que tenha o objetivo de constituir fam�lia ou rela��o jur�dica. O prazo sugerido para vig�ncia � de um ano, posterg�vel. O valor da escritura � de R$ 46,74, mais o imposto de ISS.
Palavra de especialista
Genna Santos Grizende, especialista em cl�nica m�dica da Santa Casa de BH
Reflexos da paix�o
A paix�o pode causar v�rias rea��es no corpo. Ansiedade, calafrios, cora��o acelerado, perda de sono e transpira��o excessiva ao lembrar ou ver a pessoa amada. Especialistas atribuem aos horm�nios: noradrenalina, dopamina, serotonina, endorfina, adrenalina e ocitocina – os chamados neurotransmissores da felicidade. A noradrenalina est� relacionada ao aumento da frequ�ncia card�aca e respirat�ria, est�mago embrulhado e sudorese. Ligada ao relaxamento, a serotonina deixa os apaixonados mais euf�ricos, sem sono e apetite. J� a ocitocina fortalece relacionamentos amorosos e v�nculos, al�m de estimular o prazer sexual. Para a especialista em cl�nica m�dica da Santa Casa BH Genna Santos Grizende, o corpo muda na paix�o: “Ficamos mais felizes e liberamos horm�nios que d�o a sensa��o de bem-estar. Apaixonar reduz a ansiedade e o estresse, melhora a depress�o, trazendo in�meros benef�cios para a sa�de, al�m de ajudar no fortalecimento do sistema imunol�gico”.