Mais de 40% dos casos de s�ndrome que ocorre na COVID-19 est�o em aberto em Minas
MG � o terceiro estado com mais pend�ncias em exames de pacientes que tiveram SRAG , o que d� margem � subnotifica��o do novo coronav�rus
postado em 18/06/2020 06:00 / atualizado em 18/06/2020 15:08
Laborat�rio onde s�o testadas amostras de pacientes com SRAS: resultados pendentes podem comprometer o acompanhamento da pandemia da COVID-19
(foto: T�lio Santos/EM/D.A Press - 12/3/20)
Um dos quadros mais cr�ticos de doen�as pulmonares, a s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) � forte ind�cio de que o paciente pode ter a COVID-19. Mas a pend�ncia no resultado de exames e falta de celeridade para os diagn�sticos em Minas Gerais d� ampla margem para a subnotifica��o de casos da doen�a e de mortes em decorr�ncia da infec��o pelo novo coronav�rus, reduzindo e pulverizando sua detec��o. Levantamento feito pela reportagem do Estado de Minas compilando dados do Minist�rio da Sa�de e de secretarias de Sa�de mostra que o estado � o terceiro pior na conclus�o dos diagn�sticos para causas de SRAG (veja a tabela), incluindo internados e pacientes que n�o resistiram aos sintomas e morreram. Mantida a propor��o verificada at� o momento, se os resultados dos exames de todos os pacientes que tiveram esse quadro grave fossem conhecidos, os casos de COVID-19 computados entre eles poderiam crescer 78%, e o de �bitos, 27%.
At� o �ltimo boletim sobre casos de SRAG em Minas, de 8 de julho, 43% dos registros n�o tinham diagn�stico fechado nem para COVID-19 nem para outras doen�as. O estado, que est� em 13º lugar em n�mero de casos da enfermidade provocada pelo novo coronav�rus, tem o terceiro pior �ndice de explicita��o das causas de SRAG no Brasil, atr�s apenas do Acre, onde a pend�ncia chega a 53,5%, e de Santa Catarina, com 44,4%.
Grandes focos da COVID-19 entregam diagn�sticos com muito mais rapidez, como o Cear�, que, com 39,7% dos resultados de SARS pendentes, ocupa a oitava coloca��o nesse ranqueamento, que tem S�o Paulo (33,1%) em 15º, Rio de Janeiro (30,5%) em 19º, e Par� (16,3%) em 24º. Essa tend�ncia vinha sendo mostrada pela reportagem do EM desde 10 de maio, quando Minas tinha o 9º pior �ndice de exames de SRAG pendentes.
A condi��o mineira piorou tamb�m nos indicadores referentes a mortos com quadro de SRAG. Em maio, estava na 10ª posi��o em termos de exames pendentes de defini��o e agora ocupa tamb�m a terceira posi��o, com 21,3%, atr�s apenas do Rio Grande do Sul (24,9%) e de Mato Grosso (22,4%). Estados que enfrentam graves crises est�o mais bem posicionados, com o Cear� em quinto lugar, com 18,4% de pendentes, Rio de Janeiro em 16º (10,5%), S�o Paulo em 19º (8,5%) e Par� em 25º (1,9%).
Aplicando-se a raz�o de preval�ncia da COVID-19 entre os pacientes com s�ndrome respirat�ria aguda grave j� com resultado fechado – 56% do total, contra 44% para outras doen�as – aos exames pendentes, o n�mero projetado � de 2.937 casos da enfermidade provocada pelo novo coronav�rus, contra os 1.653 j� confirmados. A alta � de 78%. No caso dos mortos com o quadro de SRAG, o percentual de COVID-19 dos casos examinados com resposta � de 78% e a de outros males, 22%. Seguindo essa propor��o sobre �bitos indefinidos, pode-se projetar uma subnotifica��o de 27%. Em vez das 354 mortes confirmadas seriam 449 no �ltimo boletim.
A subnotifica��o mascara a gravidade da doen�a e atrapalha os planos de enfrentamento da pandemia, avalia o m�dico Marcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Cl�nica e Epidemiol�gica do Hospital Universit�rio da Universidade de S�o Paulo (USP), que tamb�m � professor da Faculdade Israelita de Ci�ncias da Sa�de Albert Einstein. “� um grande problema (...). Calculamos a progress�o (da COVID-19) pelos dados e a nossa capacidade de saber se a dissemina��o da doen�a est� melhorando ou piorando fica comprometida”, disse. Isso ocorre num momento de maior gravidade. “Pelo entendimento que temos, mesmo com esse tipo de dificuldade de informa��es, acho que o panorama de Minas est� mudando junto com outros estados. H� uma clara curva de acelera��o em casos e �bitos e me parece que (a enfermidade) est� progredindo em quase todo o estado”, afirma.
O especialista destaca que a quantidade de testes � inferior ao que seria necess�rio e essa situa��o se agrava ainda mais, quando mesmo os quadros graves, internados em hospitais, ou mesmo mortos depois de sofrer SRAG acabam n�o sendo diagnosticados. “Ter�amos de usar os testes da melhor forma poss�vel. Mas s� se usa em casos mais graves. O problema � que, com isso, quando � feito, s� confirma a COVID-19 dentro dos hospitais. N�o serve para o controle da epidemia. � nas comunidades que o surto ocorre. Sem testar na comunidade, ficaremos sempre no escuro”, disse Bittencourt.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais n�o havia se posicionado at� o fechamento desta edi��o.
(foto: Arte/Paulinho Miranda)
Seis testes para cada caso positivo
A m�dia de testes para diagnosticar a COVID-19 em Minas Gerais � a terceira maior do pa�s, segundo levantamento da consultoria Bain & Company, o que torna ainda mais grave a grande quantidade de exames sem conclus�o apresentados por pacientes e mortos com s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG). De acordo com esse estudo, em Minas Gerais s�o realizados seis testes para cada resultado positivo. O �ndice � bom para a realidade brasileira, mas ainda est� aqu�m do m�nimo recomendado pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), que seria de 10 para 1, e muito longe de pa�ses onde a doen�a est� mais controlada, como a Coreia do Sul (86 para 1), Dinamarca (60 para 1) e at� mesmo a It�lia (hoje j� com 18 para 1). O �ndice mineiro perde para o Distrito Federal (10 para 1), Piau� (8 para 1) e empata com o Mato Grosso do Sul e o Paran�.
Segundo o levantamento, a m�dia brasileira � ainda pior, de dois testes realizados para cada diagn�stico positivo. “Os indicadores do Brasil relacionados � COVID-19 demonstram que o pa�s tamb�m n�o tem testado de forma suficiente a sua popula��o, gerando um atraso cr�tico nos n�meros e no entendimento da situa��o para combate � doen- �a. O pa�s tem apresentado um dos piores n�veis de testes em todo o mundo”, informa a consultoria.
O estudo refor�a a subnotifica��o devido � lentid�o nos diagn�sticos. “Devido � falta de disponibilidade de testes, o Brasil tem priorizado pessoas com sintomas graves e, assim, o n�mero total de casos confirmados torna-se altamente subestimado, com atraso nas notifica��es de mortes pela COVID-19”, afirma.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de
v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus
(COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com
sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo
resultar em morte.
V�deo:
Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A
transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com
secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal
pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas,
seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.