postado em 02/07/2020 06:00 / atualizado em 02/07/2020 01:29
'Eu tenho que acreditar que Deus me deu essa miss�o', disse Kalil sobre gest�o de BH em ano de trag�dias causadas pela chuva e de uma pandemia sem data para acabar (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Em um ano que se iniciou com a expectativa de reelei��o na Prefeitura de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) analisa o turbilh�o enfrentado na capital em 2020 - trag�dias causadas pelas chuvas nos primeiros meses e, desde mar�o, a pandemia do novo coronav�rus – como um desafio lhe facultado. “Eu tenho que acreditar que Deus me deu essa miss�o”, diz. En�rgico ao se recusar a comentar pol�tica durante a crise da sa�de p�blica, o chefe do Executivo municipal classifica opositores como “parasitas do v�rus”. “Se voc� pensar em trocar uma vida por um milh�o de votos, voc� n�o � um rato, voc� � uma barata”, afirma.
Pressionado pela possibilidade de colapso do sistema de sa�de p�blica, com a crescente taxa de ocupa��o dos leitos destinados � COVID-19, o prefeito garante que Belo Horizonte vai ampliar sua capacidade de testagem – um dos principais gargalos da administra��o da Sa�de municipal durante a crise. Ao mesmo tempo, critica a postura do governo Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia: “Ele errou e errou feio”, avalia. Cr�ticas a Zema (Novo) tamb�m n�o faltam, acusando-o de manter um gabinete do �dio no Executivo estadual. Quanto aos prazos para reabertura do com�rcio, a possibilidade de lockdown e a volta �s aulas, o prefeito � irredut�vel. “Quando que volta � coisa de astr�logo. Voc�s v�o repetir a data at� quando? Os n�meros � que v�o falar”.
Pandemia da COVID-19
Como t�m sido os seus dias em 2020? Primeiro, as chuvas de janeiro e fevereiro que arrasaram a cidade. Em mar�o, come�ou uma pandemia sem previs�o de terminar. J� houve um dia mais dif�cil ou acha que esse dia ainda est� por vir na gest�o da cidade?
N�o sei, sinceramente n�o sei. Sei que � uma hora que muita gente que tem muito mais f� do que eu, me diz o seguinte: ‘Deus te escolheu para enfrentar isso’. Ent�o, se fui escolhido para enfrentar essa pandemia e a destrui��o da cidade, que j� est� reconstru�da, gra�as a Deus - o bom � isso, porque o pessoal at� esqueceu que essa cidade foi destru�da - isso quer dizer que fui escolhido. Ent�o, eu tenho que acreditar que Deus me deu essa miss�o. E eu vou me apegar a ele, junto com a medicina, a probabilidade, a estat�stica, a matem�tica, para tentar passar da melhor forma poss�vel por esse per�odo muito duro que estou passando.
De um lado, comerciantes que querem a reabertura. A CDL-BH at� soltou uma nota contestando tecnicamente o fechamento do com�rcio. Do outro, boa parte da popula��o defende o isolamento com medo do avan�o da doen�a. Como � conviver com essa press�o dupla, ainda mais num ano de elei��o?
Eu estou com 61 anos de idade. J� fiz muita coisa na minha vida, muita coisa certa e muita coisa errada. Agora, se voc� pensar em trocar uma vida por um milh�o de votos, voc� n�o � um rato, voc� � uma barata. Ent�o, o que acontece � o seguinte: esse assunto, tenho dito, que agora apareceram os parasitas do v�rus, e da morte, e da trag�dia. Ent�o, eu n�o admito que a minha cabe�a pense um neg�cio desse. Eu acho abomin�vel, acho pior que roubar na sa�de. Estamos mexendo com vida. Tem que pensar que vou tomar atitude aqui, e chegar um cara perto de mim e falar assim: ‘Voc� foi o culpado pela morte da minha m�e’. Eu nao tenho idade para aguentar mais esse tipo de coisa. Isso eu n�o vou levar nas minhas costas, definitivamente.
Eu acho, sinceramente, como eu n�o gosto de placa, nunca pus uma placa no Atl�tico, nunca pus uma placa em nada aqui na prefeitura, inaugurei um monte de coisa aqui, mandava abrir viaduto que eu constru�, mandava abrir posto de sa�de que eu constru�, nunca fui nem visitar o posto de sa�de pronto. O pr�prio Hospital Odilon Behrens, que teve aquela amplia��o, o Cabana, eu nunca fui l� para ver. Acho que n�s estamos perdendo… E por isso que eu disse que n�o acredito numa humanidade melhor, sabe? Acho que infelizmente isso tudo que est� passando n�o vai adiantar.
Em geral, para se constatar mais claramente os efeitos da abertura de uma cidade o prazo � de 14 dias. Ent�o, em tese, o mesmo se aplicaria para o fechamento da cidade? Ou seja: BH vai ficar pelo menos 14 dias fechada (at� 12/7)?
Cravar, n�o. Porque o �ndice, o R0, que eles chamam, que � o �ndice de contamina��o, ele � muito importante nesse n�mero. N�s temos a� tr�s pilares para abrir: a contamina��o, ocupa��o de leitos de UTI e as enfermarias. Ent�o, se esse veloc�metro baixar muito...porque � desconhecido.
Eu vou dar um dado para voc�s. Quando fechamos a cidade, n�s t�nhamos 82 UTI’s. Hoje, temos 301 e mais 14 que colocamos hoje, e vamos ter 327 depois de amanh� (quarta). N�s t�nhamos 114 enfermarias. E hoje n�s temos 1.009. Em julho, n�s vamos abrir mais 209 leitos de UTI e 263 de enfermaria. Ent�o, prestem aten��o. N�s n�o estamos mexendo com crescimento geom�trico, estamos mexendo com crescimento exponencial. Essa matem�tica � que ningu�m est� entendendo.
Porque temos problema que ningu�m notou que se chama ‘gente’. Ser humano, atendente, enfermeira, fisiologista, fisioterapeuta. Respirador n�o salva ningu�m n�o, o que salva � m�dico, enfermeira, atendente. Falaram em respirador, respirador, respirador. E o m�dico? Eu tenho um filho e duas noras m�dicos. Quer dizer, s� dos seis casados l� em casa, a metade � m�dico. Um m�dico que tem mestrado, estudou nos Estados Unidos, meu filho, que � ortopedista, eu n�o tenho nada com isso, fez, aconteceu, s� para ele ser intensivista ele tem que fazer um curso de tr�s anos. O anestesista, que � especialista em intensivismo, normalmente ele tem o seu entubador. Ent�o, esqueceram que falta gente.
O hospital est� fechado n�o � porque eles querem que fique fechado n�o, � porque n�o tem material humano, n�o tem gente. E n�s preparamos a rede e debatemos muito o hospital de campanha de Belo Horizonte, porque o grupo que gere os hospitais de Belo Horizonte nos avisou o seguinte: ‘N�o vai ter gente (para trabalhar l�)’. N�s temos que contar com a nossa rede e j� temos em negocia��o redes particulares, porque l� tem recheio.
O n�mero � o seguinte: quanto custa construir o Hospital do Barreiro? R$ 120 milh�es. A cada cinco meses de funcionamento do Hospital do Barreiro voc� pode construir um. Ent�o, esqueceram s� de um detalhe: do recheio (profissionais da sa�de). ‘Ah, te dou um hospital’. Muito obrigado. Hospital eu construo, hospital deixa comigo. Quer me dar uma escola? A constru��o � minha, que � a merreca. Recheia ele (de profissionais da educa��o) pra mim. P�e gente l� dentro, p�e professora, p�e diretora, p�e servente, p�e quem limpa, p�e porteiro, a� eu quero a escola.
A postura de prefeitos, que est�o na luta direta contra a doen�a, � muito diferente da postura do presidente Jair Bolsonaro. Como o senhor avalia o comportamento do presidente nessa pandemia, sem usar m�scara, sem dar o exemplo?
Ele errou e errou feio. E agora est� gastando uma f�bula. Se ele assumisse a lideran�a firme no pa�s, talvez ele tivesse gasto a metade do que gastou, que est� gastando e que vai gastar. � um erro duplo. Quer dizer, est� fazendo agora um trabalho enorme, e tem que ser reconhecido como uma despesa gigantesca que o pa�s est� tendo, e negou. De repente, se calou porque, diante de 60 mil mortes, nao tem argumento que aguente.
Ent�o, o que eu acho que o presidente errou � que ele teve compromisso com o erro. E como Juscelino Kubitschek dizia: 'A gente n�o tem compromisso com o erro. Errou, volta atr�s'. E eu entendo porque eu estudei, eu entendo porque participei (das reuni�es), porque eu aprendi. Nunca passou pela minha cabe�a, e eu n�o acredito que voc�s saibam disso, que n�o existe virologia sem matem�tica. Eu aprendi - at� porque o almo�o da minha casa, de seis, tr�s s�o m�dicos, e meu filho � cirurgi�o ortop�dico - voc� chega e fala assim: ‘� pai, um leito p�s-operat�rio, um leito intensivo, precisa de seis profissionais. Na verdade, s�o 13 para cada dois leitos. S�o seis por cada leito. ‘Ah, porque n�o abre o hospital’. N�o abro hospital porque nao vai abrir. Porque n�o h� m�o de obra. N�o h� m�o de obra.
Se voc� falar comigo assim: o que faria? Trago os cubanos de volta. Se voc� falar isso com m�dicos brasileiros, os m�dicos d�o um ataque. Inclusive meu filho e minhas noras. Eles d�o um ataque. Mas � melhor que nada, � melhor que nada.
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O senhor falou em poss�vel conv�nio com a rede particular. Poderia detalhar essa poss�vel parceria durante a pandemia?
N�o, n�o posso detalhar porque estamos negociando. At� esta quinta-feira (dia 2/7), n�s vamos...E outra coisa: � dinheiro p�blico. N�s vamos usar na satura��o, porque, se der tempo de a gente abrir esses 209 leitos que est�o programados (na rede p�blica), com recheio (profissionais da sa�de), n�s n�o precisaremos (da rede particular). Com fechamento da cidade, deve cair a taxa de ocupa��o (dos leitos). Isso � probabilidade estat�stica, matem�tica.
Ent�o, a contrata��o de mais profissionais de sa�de tamb�m est� programada?
N�s contratamos em tr�s anos 13.500 profissionais da sa�de de ponta. E esse ano, para esperar a doen�a, 852 m�dicos, 900. � s� conferir com a secretaria de Sa�de. Fizemos um sistema robusto. A prefeitura de Belo Horizonte gastou em 2019, que teria que gastar por lei 15% na Sa�de, n�s gastamos 27,7% do or�amento da prefeitura.
Voc� n�o ouviu, em tr�s anos e meio, faltar um rem�dio. Voc� n�o viu um esc�ndalo, n�o ouviu nada em tr�s anos e meio. Ent�o, temos uma equipe, n�s fazendo uma reuni�o quinzenal, s� para tratar do gasto da sa�de. Participa Planejamento, o secret�rio de Sa�de, o prefeito, item por item, parafuso por parafuso que vai comprar. O que aconteceu com isso? O diab�tico foi medicado, o cardiopata foi medicado, o hipertenso foi medicado. S�o fatores que aconteceram na cidade para que esse n�mero n�o chegasse ao que chegou em Rio e S�o Paulo.
N�s n�o estamos falando de uma cidade do tamanho de Uberl�ndia, n�o, estamos falando de uma cidade de 3 milh�es de habitantes. Ah, e na hora de ajudar, n�s t�nhamos aqui em Belo Horizonte o cadastro da pobreza. N�s sab�amos onde � que eles (pobres) estavam, gra�as ao cadastro �nico nosso. Inclusive em ocupa��o. Nao � vila, favela e aglomerado, n�o, � ocupa��o. Foram quase 800 mil cestas b�sicas distribu�da, gente. S�o 150 mil kits de higiene, mais de um milh�o de marmitex em restaurante popular. Houve um preparo da cidade. N�o quero protocolo, protocolo n�o vai resolver meu assunto, n�o. Protocolo n�o mata a fome do aluno que vai � escola s� para merendar n�o. Ele tem que receber uma cesta b�sica, u�?
O senhor abriu a cidade em 25 de maio porque disse que “os indicadores deram uma janela, foi dada essa oportunidade para que BH reabrisse”. A culpa � realmente das pessoas? Um estudo da UFMG mostra que transporte p�blico � o pior lugar para se estar durante a pandemia, o mais f�cil de ter contato com o v�rus. Mas, com 92% dos empregos ativos, como era o caso de BH at� semana passada, � natural que o transporte p�blico encha, que a popula��o obrigatoriamente esteja ali. A culpa n�o seria mais do sistema do que das pessoas?
Existem dois transporte p�blico. Um � largado, que � o intermunicipal. Esses vieram abarrotados de gente.
A culpa, ent�o, � das pessoas?
N�o, a culpa � do v�rus. N�s temos que parar de achar culpado. A culpa � do v�rus. Agora, se n�o h� um entendimento que n�s estamos em guerra, e guerra acontece. Voc� muda a estrat�gia. Quando n�s abrirmos a cidade, n�s aumentamos os �nibus. Imediatamente. O problema � que n�s estamos em guerra. S� que n�o tem bomba, a guerra � invis�vel. N�o tem tiro. Voc� est� na sala da sua casa - um virologista falou isso pra mim -, voc� mora em uma casa, t�? L� em frente ao Banco Mercantil. E o tiro est� comendo, est� tendo um assalto. E est� na hora de voc� ir trabalhar. Voc� sai? Claro que n�o.
Falta uma articula��o para melhorar o transporte intermunicipal?
N�s n�o temos o poder no intermunicipal. Quem toma conta � o DER, � o estado. Eles encolheram (o volume), e n�s adiantamos a compra de �nibus, foi a �nica solu��o. O transporte p�blico tem uma coisa. Me d� uma solu��o? Eu n�o tenho subs�dio, me d� uma ideia do que fazer. Me d� uma ideia, se algu�m quiser me dar uma ideia, eu quero essa ideia, eu preciso dessa ideia (do que fazer em rela��o ao transporte). Com muita humildade.
Um pesquisador da UFMG sugeriu mexer na gest�o do transporte p�blico em Belo Horizonte.
Est� sendo mexido. N�s temos diariamente quantas pessoas andam de �nibus em Belo Horizonte. Essa gest�o � feita, mas para essa gest�o ser feita numa pandemia dessa, � uma hora esperando no ponto. Ent�o, �, eu quero uma ideia. Gest�o n�o � ideia.
Est� tendo alguma gest�o com o governo do estado para melhorar o transporte intermunicipal?
N�o, est� tendo � uma barreira sanit�ria feita pela prefeitura de Belo Horizonte. Que para todos os �nibus e tira a temperatura de todo mundo. Isso � que est� havendo, � a �nica coisa que consegui fazer porque isso eu tenho autoridade para fazer.
Em maio, quando BH reabriu, a cidade tinha n�meros bons em rela��o � COVID-19 e permitiu a flexibiliza��o. Passado um m�s, com 92% dos empregos ativos, a cidade voltou a encher o seu transporte p�blico. Isso jogou por terra todo o esfor�o da cidade at� ent�o? Qualquer esfor�o est� sujeito a fracassar daqui a um m�s por causa do sistema de transporte?
N�o, porque n�s tiramos o pessoal da rua (a popula��o). Ent�o, voc� descarrega, voc� diminui. E o sistema de transporte p�blico tem que ser revisado mesmo. Porque surgiu o Uber, que atrapalhou o t�xi, que bagun�ou o sistema todo.
Olha, tem funcion�rias no meu pr�dio que v�m tr�s, quatro num Uber, � mais barato que pegar um �nibus. A queda no transporte p�blico n�o � medida por empres�rio de �nibus n�o, ela � medida pela BHTrans. N�s temos cada ser humano que entra num �nibus, em que linha est�, e vai ter que ter uma reestrutura��o de linha. J� quebraram no meu mandato, faliram, duas empresas. Ent�o, n�o pode negar o fato de que eles n�o vivem um bom momento. Precisa de uma nova gest�o. S�o duas palavras: nova e gest�o. E a�?
A prefeitura tem algum estudo em andamento para melhorar o transporte j� na pandemia?
Est� sendo feito o estudo de �nibus menores, que gastem menos, um monte de hist�ria que est� sendo feita junto com a BHTrans. Agora, ‘ah, preciso de uma nova gest�o’. Exatamente. Ent�o, eu preciso dessa gest�o: deve ser um caderno desse tamanho para a gente estudar ela aqui. N�s estamos abertos.
D� para fazer algo, no sentido de preven��o em rela��o ao transporte, para quando a cidade encher de novo, quando estiver com 92% ou mais dos empregos ativos?
Mas quando a cidade encher de novo o transporte p�blico � um pequeno problema que n�s temos. Nunca foi um grande problema. N�s trocamos os �nibus, n�s n�o emplacamos os �nibus de Belo Horizonte desde que eu sou prefeito sem ar-condicionado, sem suspens�o a ar. Neguei o aumento para eles (empresas de transporte) e teve uma hora que tive que socorrer o transporte p�blico. Isso � guerra. Menos mal. Imagina se tivesse dado o aumento e ainda tivesse que socorrer. Menos mal.
Cr�ticas pelo carnaval
O senhor se arrepende de ter ajudado a bancar o carnaval de BH? Essa � uma das cr�ticas mais recorrentes � sua gest�o quando se fala da pandemia. Essa cr�tica tem fundamento?
N�s estamos com 192 mortos em Belo Horizonte (at� 30 de junho, data dessa entrevista). A onda do coronav�rus � de 15 dias, certo? O primeiro caso em BH foi em 16 de mar�o. Ent�o, est� a�, a explica��o � matem�tica.
Mas e a subnotifica��o, e o aumento das mortes por SRAG (S�ndrome Respirat�ria Aguda Grave) em Belo Horizonte?
Onde?
Este ano teve mais mortes com essa causa do que na m�dia dos �ltimos tr�s anos.
N�o, senhor. Isso � dado, � s� pegar l� na Zoobot�nica. Em abril deste ano houve menos enterros em Belo Horizonte do que no ano passado (abril de 2019). Ent�o, � muito importante ir atr�s dos dados. Em abril do ano passado morreu mais gente (houve mais enterros, na verdade) do que em abril deste ano nos cemit�rios municipais.
Ent�o, jogar a culpa...Pera�. Ent�o, o Rio teve carnaval? S�o Paulo teve carnaval? Ent�o, se n�o tivesse carnaval em Belo Horizonte, n�o ter�amos nem um caso? Florian�polis teve carnaval? Isso � de uma estupidez absoluta. E outra coisa: eu ia proibir o carnaval porque tinha um v�rus que ningu�m sabia? Que nao tinha nem chegado � Europa? Isso � a chamada, no futebol, de engenharia de obra pronta. E se fosse o carnaval? Que n�o �. Foi uma doen�a trazida de fora. Ent�o, se o primeiro caso foi no dia 16 de mar�o, ele (v�rus) chegou aqui no dia 1º de mar�o. J� tinha acabado o carnaval (22, 23, 24 e 25 de fevereiro).
Ora, eu n�o ia imaginar que ia cair aquela chuva que caiu naquele dia n�o, u�. Eu n�o sou adivinho n�o, u�. E se algu�m soubesse disso, o prefeito do Rio, de S�o Paulo, de Belo Horizonte, de Florian�polis, o prefeito de todo lugar que teve carnaval, cancelava o carnaval, u�. � simples assim. Agora, engenharia de obra pronta � astrologia, eu n�o sou astr�logo. Agora, matematicamente se prova que se a onda � de 14 dias, para a primeira morte, o primeiro caso, o v�rus chegou aqui provavelmente dia 1º e o carnaval j� tinha acabado.
A doen�a foi trazida de fora. Se me perguntarem por que Manaus e Fortaleza foram brutalmente afetados e tiveram carnaval tamb�m, s�o grandes hubs do transporte a�reo. Essa foi uma das causas principais. Foram os hubs. Falar que foi carnaval � uma birutice.
Mas eu volto a falar, hein? A culpa n�o � do carnaval n�o, a culpa � do v�rus.
Testagem
Uma das principais cr�ticas de pesquisadores sobre o tratamento de BH � pandemia diz respeito � falta de testagem. Por que BH testou t�o pouco e abriu laborat�rio de testagem s� no m�s de junho?
Deixa te falar: Belo Horizonte vai testar o dobro da Coreia do Sul. J� tem 48 mil testes, est�o acontecendo, s� que o resultado demora. Vamos testar o dobro da Coreia. O outro teste, o que enfia o neg�cio no nariz, o molecular. Ent�o, no neg�cio de teste, n�s vamos chegar r�pido, n�s estamos fazendo, estamos nos esfor�ando. E o laborat�rio n�o foi feito para a pandemia n�o. N�s precis�vamos ter um laborat�rio em Belo Horizonte. Era um plano da secretaria de Sa�de ter. N�s apressamos por causa da pandemia, mas era projeto da secretaria de Sa�de.
UPA's lotadas
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Circulam nas redes sociais v�deos da situa��o de superlota��o de pacientes na UPA do Barreiro e de Venda Nova. Qual a realidade das UPAs de BH e como resolver os problemas?
Tr�s casos que foram parar numa UPA que n�o est� preparada, que n�o � centro de COVID-19, fizeram virar esse carnaval. Venda Nova tem, tanto que o respirador veio da UPA Venda Nova. Se tr�s casos, sem nenhum �bito, viraram esse carnaval da oposi��o, da imprensa, imagina na hora que faltar mil (respiradores)?
Aqui, mineiro � assim. Vamos abrir tudo. Tr�s casos, sem nenhum �bito. N�o morreu ningu�m (na UPA), porque n�s t�nhamos gente, intensivistas, foram, botaram (respirador), colocaram. Imagina voc� se estivesse matando 500 por dia. Se fizeram esse carnaval na internet, os advers�rios fizeram por causa de tr�s? � isso. � exponencial, gente. N�o � proje��o geom�trica n�o. N�o estou nem falando de aritm�tica. � exponencial. Chegaram tr�s casos e p�, na UPA Diamante. Tum, tum, tum. Ambul�ncia, faltou ambul�ncia, j� fizemos um aditivo de ambul�ncia. Se for esse carnaval por causa de tr�s doentes, sem morte, ent�o imagina se n�s estiv�ssemos com dez mil mortes aqui.
Quais ensinamentos a pandemia vai deixar ao SUS de BH? A teleconsulta e os atendimentos remotos tendem a crescer?
N�s trabalhamos muito aqui, n�? Aqui n�o houve brincadeira. Fizemos a teleconsulta, fizemos diversas a��es. Agora, n�o acho que uma trag�dia dessa...at� porque se trag�dia fosse exemplo de bondade humana, n�s s� �amos ter a Primeira Guerra Mundial, n�o ir�amos ter a segunda. Ent�o, a pandemia n�o deixa legado nenhum, ningu�m vai ficar melhor, ningu�m vai ficar com o cora��o melhor. O que estou vendo a� � negativismo, negativismo branco, interesse, � todo tipo de barbaridade que n�o poderia acontecer quando voc� perde a sua m�e, o seu tio, a sua prima, o seu irm�o. Est�o tratando isso da� (pandemia) como um problema, como a chuva, e aqui isso n�o � um problema como a chuva, esse � um problema que n�o tem volta.
Medicamentos
Uma das preocupa��es recentes diz respeito ao estoque de anest�sicos e relaxantes, usados em cirurgias e em pacientes que precisam de usar o respirador. O que BH tem feito para evitar um desabastecimento?
A capital j� resolveu para alguns meses, resolvemos. Emprestamos para alguns hospitais da cidade, mas n�s recebemos da Feluma (Funda��o Lucas Machado) 20 mil ampolas. Isso nos d� uma certa tranquilidade a respeito disso. N�s j� t�nhamos para dois, tr�s meses. Tivemos que emprestar algumas, mas isso vai ser resolvido, vai chegar, v�o nos pagar. � outro problema. Quando voc� escuta a m�dica respons�vel por todo o sistema de Santas Casas, parece que s�o mais de 40 no estado, falar que colapsou...� isso, � anest�sico que est� faltando, � gente, � entubador...
Se entubar na hora errada, mata. Sei entubar, mas n�o sei a hora de entubar, mata o paciente. Ent�o, o caso � grave, gente. Isso n�o � uma tempestade, n�o. A tempestade n�s matamos com o p� nas costas. O principal n�s passamos e com dinheiro em caixa. Agora, o problema n�o � financeiro.
Protestos contra o fechamento do com�rcio
O que o senhor tem a dizer das pessoas que protestaram em frente � prefeitura, com camisa amarela, na segunda-feira, contra o fechamento do com�rcio?
Primeiro, � um samba do crioulo doido, n�? � fora STF, � viva o Bolsonaro, queremos trabalhar, � fora kalil. Voc� tem que interpretar o que eles est�o falando. N�s temos elei��o. N�o interessa se ela vai ser agora, daqui a um m�s ou dois. Elei��o, chega l� e vota. Vota em outro. Que no grito, eu j� disse: quem tem medo de buzina � cachorro distra�do e 200 pessoas gritando aqui � para quem nunca foi presidente do Atl�tico. Quando sa�a do Mineir�o tinha era 50 mil te esperando l� fora. E o resultado era ruim. Ent�o, buzina e grito, o jeito de mudar, o meu jeito, � no voto.
Rela��o com Zema
O governador Zema falou que, se a pandemia fosse uma partida de futebol, Minas Gerais ainda teria 60 minutos de jogo. Como estaria BH se essa l�gica fosse trazida para a capital?
(Risos) Ningu�m sabe o tempo desse jogo, t�?. Ningu�m sabe. isso a� os n�meros v�o falar. A �nica capital que n�o explodiu no Brasil foi BH. Foi a �nica que n�o explodiu no Brasil, foi BH. Ent�o, acho que n�s podemos estar no primeiro minuto do primeiro tempo, como podemos estar nos 45 do segundo tempo. Mas eu n�o sou astr�logo, ent�o eu preciso dos n�meros na m�o.
Como avalia a postura do governo do estado? O estado demorou a reagir?
Desceram a� no avi�o, no Aero Lula, com pompa e circunst�ncia, anunciaram R$ 1 bilh�o, e Belo Horizonte recebeu R$ 17 milh�es. E n�s gastamos R$ 200 milh�es. Eu n�o critico n�o, t�? � s� esclarecendo que Belo Horizonte n�o teve nada, a n�o ser do governo federal, e do recurso pr�prio que tinha.
O senhor acha que quest�es pol�ticas est�o atrapalhando essas quest�es de repasses do governo estadual para a prefeitura de Belo Horizonte?
N�o, n�o. O governo de Minas est� quebrado, est� falido, est� liquidado. N�s (eu e Zema) poder�amos sair para beber cerveja todo dia junto que o governo de Minas ia continuar a ficar sem dar um tost�o para Belo Horizonte porque n�o tem mesmo. N�o tem. Ent�o, isso (rela��o) n�o afeta em nada. O que as prefeituras precisam? Dinheiro. N�o estou falando s� Belo Horizonte n�o. Estou falando (Ribeir�o das) Neves, Matozinhos, eles precisam de dinheiro. Ningu�m precisa ser amiguinho n�o. O Bolsonaro chegou l�, toma a primeira parcela aqui, p�e mais uma parcela na Sa�de de Belo Horizonte, pronto e acabou. Ningu�m precisa ser amigo n�o, u�. O que eu quero (dinheiro), ele (Zema) n�o tem para me dar. Ent�o, ele n�o me atrapalhou em absolutamente nada e apesar de ele ter criado aquele gabinete do �dio l�. Eu n�o tenho o menor problema com o governo do estado, n�o tenho o menor problema.
Tem o gabinete do �dio no governo Zema?
Tem, eles querem briga, querem brigar, querem agredir. Uma hora � a secret�ria, uma hora � a subsecret�ria, outra hora � o secret�rio. Ent�o, eles criaram l� um gabinete que eu nunca vi um neg�cio desse. Aqui n�o, aqui n�s estamos trabalhando. Aqui n�o � escrever protocolo. Voc� imagina se esse hospital que est� a� (Hospital de Campanha, no Expominas) fosse meu? O pau que eu estava levando. E passa � (sinal com as m�os de que ningu�m cobra do governador Zema). Isso � para fazer partida de v�lei l�, porra.
Volta �s aulas
Prefeito, m�es e pais aguardam a volta dos filhos �s escolas. O que o senhor pode dizer a eles?
O meu filho n�o iria para a escola. Quando que volta � coisa de astr�logo. Voc�s v�o repetir a data at� quando? Os n�meros � que v�o falar quando volta a escola. � a matem�tica, a ci�ncia � que vai falar quando volta.
Pode ser que n�o volte este ano?
Pode ser que n�o volte em julho do ano que vem (citou apenas como exemplo). O pior n�o est� por vir? Algu�m ouviu o presidente da OMS (Organiza��o Mundial de Sa�de) falando? O pior est� por vir. � simples assim. Ent�o, o que n�s estamos fazendo? Socorrendo com cesta b�sica, kit de higiene, alimenta��o, acolhendo gente da rua, fazendo o que temos que fazer. Atendendo, ampliando leitos, � o que temos que fazer.
O senhor acha que a educa��o a dist�ncia � a solu��o?
Isso � uma piada, isso � uma piada de p�ssimo gosto. Isso � s� quem n�o tem no��o da pobreza dessa cidade, que n�o conhece a mis�ria, � que pode falar uma bobagem dessa. N�s n�o estamos falando nem � de (falta) internet n�o, � falta de televis�o, de luz el�trica. De luz el�trica. Temos ocupa��es com mais de quatro mil resid�ncias que n�o t�m luz e n�o t�m �gua e n�o tem esgoto.
Mais sobre Bolsonaro
O senhor acha que a postura do presidente Bolsonaro, que foi cr�tico ao isolamento, que desqualificou a doen�a, que deu exemplo para andar sem m�scara, promovendo aglomera��es, isso afetou o comportamento de parcela da popula��o?
Muito, muito. O presidente Bolsonaro fez muita falta � popula��o do Brasil. Aos prefeitos, aos governadores, fez muita falta. A lideran�a nacional fez muita falta, entendeu? Isso fez muita falta para todos n�s. Era uma postura �nica no mundo, que todos os setores foram...Tanto que essa decis�o do Supremo, de cada um por si, Deus por todos, ela veio por esse negativismo. Fez muita falta. O distanciamento seria mais s�rio (se ele desse o exemplo), porque a� estaria o presidente, o governador, o prefeito falando a mesma coisa. Numa linha s�, no Brasil inteiro, e n�s j� ter�amos passado por isso. Ent�o, o negativismo foi um desastre para o Brasil, um desastre. E � aquilo que eu volto a dizer: � dicot�mico, n�? Agora, est� derramando trilh�es no pa�s por causa de uma gripezinha, que n�o � uma gripezinha. Se fosse, n�o tinha essa despesa toda que est� tendo.
Elei��o municipal
Como tem recebido as cr�ticas dos poss�veis advers�rios na pr�xima elei��o?
Olha, governar n�o � agradar, infelizmente governar n�o � agradar. N�o fui eleito aqui para agradar ningu�m. Sou respons�vel por proteger, cuidar da popula��o de Belo Horizonte. Ent�o, a cr�tica � muito oportunista, eleitoral. Ent�o, o que vem � t�o baixo, � t�o oportunista que n�o me incomoda. Eu acredito muito no que foi feito em Belo Horizonte em tr�s anos e meio. Eles confundem pobreza com burrice. Eu ganhei a �ltima elei��o porque eu n�o confundi pobre com burro. Pobre � pobre, mas ele n�o � burro.
O senhor identifica na cidade algum segmento de empres�rios que vai fazer mais oposi��o ao senhor na elei��o?
Eu ainda n�o parei para pensar nisso, mas n�s temos trabalho feito. Pobre n�o � burro, � s� pobre.
Como est� o seu leque de alian�as para a elei��o?
Ah, grande, grande, grande, muito. Eu vou ter muitos partidos (na alian�a).
Pela extrema direita, o Bolsonaro deve apoiar um deputado estadual. O governador deve apoiar o candidato do Novo. Temos o PSDB com uma candidatura tamb�m. Temos um deputado estadual tamb�m, que � candidato, com apoio do senador Rodrigo Pacheco. O seu leque de alian�as vem do centro para a esquerda. Como est� o seu di�logo com os partidos de esquerda?
Olha, n�o come�amos ainda. � �bvio que qualquer apoio � bem-vindo, mas n�o houve essa conversa porque eu n�o consigo conversar esse assunto, eu n�o consigo. Eu n�o posso conversar um assunto desse � base de Lexotan (6mg). Ent�o, n�o consigo conversar sobre esse assunto, n�o tem a data da elei��o, n�s fizemos o diret�rio municipal do PSD, eu nem conhe�o, nem fui l� ainda. Quer dizer, n�o d� para falar de pol�tica agora, o meu esp�rito n�o d�. E na hora que for para falar, vou falar, eu sei brigar, eu sei ir para o campo de batalha. Isso n�o me preocupa, porque eu sei fazer. Eu n�o sei � como que segura essa pandemia, e acho que isso ningu�m sabe. E isso me desespera.
Em n�vel nacional existe essa polariza��o, do Bolsonaro com o PT, a esquerda. O ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta tem sido cr�tico a isso, � falta do debate mais amplo. E ele at� surge como potencial candidato, juntamente com o tamb�m ex-ministro S�rgio Moro. Aqui, no munic�pio, a tend�ncia � de uma elei��o de n�vel tamb�m baixo?
O que eles tinham para falar de mim, que eu devia IPTU, eu continuo devendo. E na prefeitura, tem tr�s anos e meio que nunca ningu�m piou de um esc�ndalo aqui dentro. Ent�o, eu levo tamb�m para o n�vel que eles quiserem. Se quiserem debater em bom tom, eu sou muito educado. Se quiserem ir l� para o esgoto, eu vou tamb�m.
Com quais partidos o senhor tem conversado mais ao centro? MDB sai com o senhor? Quem mais?
MDB sai, o pr�prio PP sai, o PSD, que � o meu partido, o PDT deve sair, porque eu apoiei o Ciro (Gomes) aqui em Belo Horizonte. Ent�o, ele declarou, n�o conversei com ele sobre isso. Ent�o, h� um leque de partidos que vem junto.
Como � que est� o seu relacionamento com o vice Paulo Lamac?
�timo.
Voltam a compor a chapa?
N�o, isso n�s ainda estamos estudando. Ainda n�o est� nada resolvido. Mas o Paulo vai fazer parte da minha campanha.
O senhor repetiria essa alian�a, essa composi��o, ou h� tend�ncia de chamar algu�m do MDB?
Eu n�o negocio o meu vice. Mesmo que isso custe a minha elei��o.
O Fuad Noman, ex-secret�rio da Fazenda de BH, est� em pauta?
Todos est�o em pauta. Todos est�o. O Paulo Lamac est� em pauta, o Fuad est� em pauta. V�rios est�o em pauta. Qualquer secret�rio meu est� em pauta. Ent�o, eu n�o negocio vice. Vou escolher e ponto final.
Finan�as da PBH e retomada da economia
Qual o tamanho da perda de arrecada��o de Belo Horizonte?
R$ 1 bilh�o.
Qual � o planejamento?
Est� sendo feito pelo secret�rio Andr� Reis (secret�rio municipal de Planejamento, Or�amento e Gest�o), uma recomposi��o, gradativa, lenta. N�s j� cortamos 30% do or�amento, j� demos ordem de cortar. Aqui, a �nica coisa que a gente faz � economizar no meio e gastar na ponta. A ponta n�o vai ser mexida, mas o meio vamos mexer muito.
H� perspectiva de faltar dinheiro para pagar sal�rios do funcionalismo?
N�o temos o menor perigo de faltar sal�rio para funcionalismo p�blico. Nem sal�rio nem 13º sal�rio, nem nada disso.
E sobre a retomada econ�mica da cidade ap�s a pandemia. A sua equipe de Fazenda, Planejamento, j� trabalha para recuperar a economia da cidade?
Sim, j� h� um grupo trabalhando. Essa � a segunda etapa important�ssima, porque tem que ter a mesma responsabilidade para fechar (a cidade) e para abrir, recuperar e para ajudar esse povo.
Inclusive para os neg�cios que n�o abriram em momento algum?
N�o, esses neg�cios j� fomos no decreto. N�s j� suspendemos no decreto. Foi decretado antes.
O que a popula��o pode esperar desses �ltimos meses de mandato do senhor: administrar essa crise da COVID-19?
O mesmo Alexandre Kalil que sentou aqui no dia 1º de janeiro de 2017, � o mesmo que vai sair, ele vai ser amado, derrotado ou execrado. Mas vai botar essa cabe�a grande no travesseiro e vai dormir.
A entrevista
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, concedeu entrevista exclusiva ao Estado de Minas. Na conversa, ele falou sobre a pandemia da COVID-19 e as provid�ncias da PBH para reduzir casos, mortes e o impacto da doen�a no sistema de sa�de da capital mineira. Kalil ainda foi questionado sobre a��es para a retomada da economia da cidade, elei��es municipais, pol�tica estadual e nacional.