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Estado de Minas Entrevista/Jackson Machado Pinto

'A press�o n�o nos afeta', diz secret�rio de Sa�de de BH

Controle de atividades e gest�o de leitos d�o f�lego � capital, mas n�o dispensam cuidados, afirma chefe do time de combate � pandemia na capital


postado em 13/07/2020 06:00 / atualizado em 13/07/2020 07:19

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 5/6/20)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 5/6/20)


O m�dico Jackson Machado Pinto n�o se intimida diante do desafio de ser respons�vel pela sa�de de 2,5 milh�es de pessoas, a popula��o da maior cidade de Minas. Como secret�rio de Sa�de de Belo Horizonte, cercou-se de tr�s dos mais reconhecidos infectologistas de Minas e do Brasil para enfrentar a pandemia do novo coronav�rus. O comit� formado por ele, Carlos Starling, Estev�o Urbano e Una� Tupinamb�s ajuda o prefeito Alexandre Kalil (PSD) a tomar decis�es sobre o isolamento social, reabertura do com�rcio e gerenciamento de leitos de unidade de terapia intensiva.

Jackson costuma falar aos belo-horizontinos em entrevistas coletivas ao lado de Kalil, momentos que, at� pela personalidade do prefeito, s�o de muita repercuss�o. Nas poucas vezes que falou sem a presen�a do prefeito, que observava de longe, anunciou decis�es pol�micas relativas � reabertura das atividades econ�micas na capital. N�o se arrepende nem da mais questionada, a reabertura dos shoppings populares, e diz que, se necess�rio, voltaria a adot�-la.

O secret�rio trabalha agora em home office e garante que est� 24 horas por dia conectado. Quando precisa sair por for�a do trabalho, � obssessivo com os cuidados pessoais na volta para casa. Depois de tomar banho, limpa o que tiver tocado no banheiro para impedir eventual transmiss�o do v�rus � mulher. Pai de cinco filhos, durante a quarentena, abdicou do contato f�sico com eles. Com boa rela��o com Kalil, conversa com o chefe in�meras vezes ao dia e, embora j� tenha questionado publicamente quando seria aberto o hospital de campanha no Expominas, garante que n�o h� diverg�ncias t�cnicas nem pol�ticas entre ele e o secret�rio de Estado da Sa�de, Carlos Eduardo Amaral.

M�dico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (1978), Jackson Machado tem mestrado em Servi�o de Dermatologia e Hansenologia pelo Hospital das Cl�nicas da Universidade Federal de Minas Gerais (1991) e doutorado em Cl�nica M�dica e Biomedicina pela Santa Casa de Belo Horizonte (2001). Atuou como chefe da Cl�nica Dermatol�gica da Santa Casa e como professor da disciplina de Dermatologia da Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais. Nesta entrevista exclusiva ao Estado de Minas, ele fala sobre quando Belo Horizonte estar� livre da doen�a, da rela��o com Kalil e das ang�stias � frente do cargo.

Secret�rio, qual foi o momento mais dif�cil � frente da pasta at� agora?

O momento mais dif�cil �, sem d�vida nenhuma, aquele de convencer as pessoas da necessidade, da import�ncia, do distanciamento social. Neste momento, o distanciamento social � a arma mais poderosa que n�s temos e as pessoas insistem em querer sair �s ruas, em querer fazer atividade f�sica, ir para a academia sem tomar as medidas de prote��o adequadas. Ent�o, convenc�-las da gravidade do momento que estamos vivendo �, sem d�vida, a tarefa mais dif�cil.

Como tem sido a rotina de trabalho do senhor?

Trabalho 24 horas por dia. Recebo informa��es da Central de Interna��es, das UPAs, todos os dias e a todas as horas, al�m de conversar com o prefeito e os meus assessores. � muito importante essa comunica��o. Estou em teletrabalho quase todo o tempo, �s vezes, vou � Secretaria de Sa�de, outras, � prefeitura, para conversar pessoalmente com o prefeito, para fazer as coletivas, mas sempre tomando todas as medidas.

O secret�rio desliga o celular?

Meu celular fica ligado 24 horas por dia.

Como t�m sido os cuidados pessoais do senhor contra a COVID-19? O senhor teve de abdicar de algum momento compartilhado com sua fam�lia?

Procuro me cercar de todos os cuidados que aconselho as pessoas a tomarem. Chego em casa, tiro a roupa, entro no chuveiro, tomo banho, lavo as m�os. Lavo a torneira do chuveiro, lavo a porta do box, onde eu pego, a ma�aneta da porta. Tomo banho com sabonete, lavo a cabe�a com sabonete e depois vou usar o xampu. Os sapatos ficam na porta. Entro descal�o. Esses cuidados s�o muito importantes para que os meus familiares, minha esposa, n�o sejam contaminados pela COVID-19, caso eu um dia venha a servir como vetor. Nesse per�odo, de mar�o at� julho, encontrei com meus filhos rar�ssimas vezes. Sempre procurando manter um distanciamento longo, evitando o contato f�sico com eles, o que � muito doloroso. Tenho cinco filhos e esse contato sempre foi muito afetuoso, muito amoroso. Neste momento, � importante que o contato f�sico seja um pouco restrito. � muito dif�cil.

Em algum momento, o senhor teve medo de se contaminar?

Tenho medo de me contaminar. Tenho 67 anos, sou hipertenso controlado, mas procuro fazer um pouco de atividade f�sica, dentro das minhas possibilidades. N�o sou atleta, mas fa�o caminhada dentro da minha casa e dentro do condom�nio, onde moro, e procuro tomar todos os cuidados para que n�o aconte�a nenhuma contamina��o.

O senhor visitou hospitais de refer�ncia no atendimento � doen�a? Alguma cena foi marcante?

Visitei hospitais de refer�ncia. Sou m�dico da Santa Casa, embora esteja licenciado de l�. J� fui � Santa Casa. Sempre as cenas s�o de sofrimento e isso � a nossa rotina de m�dico dentro de hospital, de ver o sofrimento das pessoas e tentar fazer o m�ximo para alivi�-lo.

Como o senhor tem visto a atua��o de colegas m�dicos na linha de frente no enfrentamento � COVID-19?

S�o verdadeiros her�is. Trabalham sob condi��es extremamente estressantes, muitas vezes, atendendo a pacientes muito graves e sempre com maior disposi��o para tentar salvar vidas. Ent�o, vejo essa atua��o dos meus colegas com muito orgulho de pertencer a essa classe.

Quantas vezes o senhor conversa com o prefeito Alexandre Kalil por dia? Ele relatou algum momento de ang�stia ao senhor?

Converso com o prefeito Alexandre Kalil v�rias vezes por dia. Passo para ele todas as informa��es sobre ocupa��o de leitos, sobre a disponibilidade de cria��o de novos leitos, sobre problemas de sa�de, problemas de recursos financeiros. E ele sempre atende minhas liga��es. Ele me liga, muitas vezes, para questionar situa��es e compartilhamos a ang�stia de estar vendo a nossa popula��o sofrendo com pouqu�ssimo aux�lio do Estado de Minas Gerais, embora contemos com apoio financeiro muito importante da prefeitura e apoio financeiro muito importante do governo federal.

E o senhor? J� se sentiu angustiado diante de tanta responsabilidade que � cuidar da sa�de de mais de 2,5 milh�es de pessoas?

Como m�dico n�o sinto medo de responsabilidade alguma. Minha vida � cuidar das pessoas, � cuidar da sa�de das pessoas para fazer o melhor de mim para que elas sobrevivam, com qualidade de vida, com muita dignidade. Ent�o, n�o me sinto angustiado hora alguma. A responsabilidade, eu sei o peso que ela tem. Mas n�o me angustio com a responsabilidade, porque tenho assessoria muito importante e muito competente n�o s� dos membros do comit� de enfrentamento, mas minha assessoria do gabinete da Secretaria Municipal de Sa�de e dos 20 mil colaboradores da sa�de de Belo Horizonte.

Como � a rela��o do senhor com o comit� cient�fico formado pelos infectologistas Estev�o Urbano, Carlos Starling e Una� Tupinamb�s?

O Comit� foi formado pelos tr�s infectologistas Estev�o Urbano, Carlos Starling e Una� Tupinamb�s, que foram convidados pessoalmente por mim. O prefeito pediu que eu formasse um comit� e convidei esses tr�s infectologistas, por ser sabedor da sua compet�ncia, da sua qualidade, do seu compromisso com trabalho. Eles est�o doando seu tempo para Belo Horizonte, porque s�o volunt�rios e t�m uma contribui��o mai�scula para a cidade.

Qual foi o maior acerto do comit� presidido pelo senhor e da prefeitura no enfrentamento � COVID-19?

O maior acerto foi a atua��o r�pida e precoce na determina��o do primeiro fechamento da cidade em 18 de mar�o. Esse, sem d�vida nenhuma, foi o maior acerto e � uma dos grandes respons�veis pelos bons n�meros de Belo Horizonte.

Qual foi a maior falha?

N�o acredito que tenha havido falhas durante essa a��o, porque todas as atividades que temos refletem discuss�o muito ampla e muito profunda. Esse comit� trabalha azeitadinho para trazer as melhores solu��es.

A flexibiliza��o das atividades econ�micas coincidiu com aumento na ocupa��o de leitos, no n�mero de casos confirmados e de mortes em Belo Horizonte. A prefeitura permitiu a reabertura diante da press�o feita por empres�rios e pelo com�rcio? Era a hora correta de reabrir?

A prefeitura flexibilizou porque ach�vamos, e achamos ainda, que est�vamos corretos pelos indicadores que usamos. O crescimento da curva come�ou em 18 de maio, a flexibiliza��o teve in�cio no dia 25 de maio. Sab�amos que iria aumentar um pouco o n�mero de casos. Estava sim na hora correta para a reabertura. Embora a press�o tenha sido feita desde o in�cio do fechamento, n�o foi a press�o que nos fez flexibilizar. Essa press�o n�o nos afeta, porque nos baseamos em indicadores muito objetivos para tomar todas as decis�es.

A reabertura dos shoppings populares gerou cr�ticas de outros setores do com�rcio, que a consideraram n�o ison�mica, e foi questionada tamb�m do ponto de vista da sa�de. O senhor avalia que foi uma boa medida?

Esses shoppings populares fizeram uma opera��o urbana, deram uma contribui��o para a prefeitura no abrigamento de ambulantes, que antes ocupavam as ruas de Belo Horizonte. N�s retiramos das ruas 2 mil camel�s, que estavam nesses shoppings populares. Eles iriam morrer de fome ou voltar para as ruas. Eles ofereceram a BH (para reabrir) todas as garantias da tomada de medidas sanit�rias absolutamente corretas que foram sugeridas. Essa medida, embora tenha gerado cr�tica de outros com�rcios, contemplou as classes C e D. N�o nos arrependemos de t�-la tomado e a tomar�amos de novo, porque s�o as classes menos favorecidas.

H� uma diverg�ncia entre a Prefeitura de Belo Horizonte e o governo de Minas em rela��o ao hospital de campanha no Expominas? Quais as raz�es das diverg�ncias, s�o t�cnicas ou pol�ticas?

N�o h� diverg�ncias t�cnicas nem pol�ticas em rela��o ao hospital de campanha. Belo Horizonte optou por n�o fazer hospital de campanha, porque sab�amos que os leitos dos hospitais contratualizados ficariam ociosos j� que as cirurgias eletivas e os procedimentos eletivos estavam cancelados. Ent�o foi feita realoca��o desses leitos para oferta para COVID-19. N�o criamos a roda, n�o inventamos leitos, mas fizemos uma gest�o dos leitos. Transformamos os que estavam desocupados por causa da suspens�o das cirurgias eletivas em leitos COVID. N�o h� absolutamente nenhuma diverg�ncia. O governo de Minas montou o hospital de campanha para atender outras cidades. BH tem leitos em n�mero suficiente de enfermaria de baixa complexidade para ser ocupados. Temos ainda margem grande para ocupar os leitos de enfermaria.

Quando estaremos livres da COVID-19 em Belo Horizonte?

Acredito que a COVID-19 veio para ficar. Provavelmente, teremos epis�dios de recorr�ncia da infec��o em Belo Horizonte e em todos os lugares do mundo. Teremos que conviver com esse v�rus at� que tenhamos uma vacina. Essa infec��o determina para n�s um novo paradigma de vida. Temos que usar m�scaras e que manter o distanciamento social. Aquela �poca de compras desvairadas pessoalmente terminou. O passeio no shopping terminou. A gente vai ter que sair com uma compra programada e, assim que feita, voltar para casa. Acredito que muitas das atividades que faz�amos antes da pandemia estar�o extintas. As atividades culturais dever�o ter um novo paradigma at� que a vacina venha resolver o problema definitivamente.

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 


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