Amparados por liminar, bares e restaurantes de BH se movimentam para receber clientes
Reportagem do Estado de Minas percorreu pelo Centro da capital para conferir preparativos de estabelecimentos contemplados com a decis�o judicial dessa segunda-feira. Apesar disso, teve quem optou por continuar a atender somente via delivery e retirada na porta
Santiago Prado Barreto � proprietario do restaurante Cozinha da Ro�a, em atividade desde 1995 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Depois de mais de 100 dias sem poder atender clientes nos estabelecimentos, alguns bares e restaurantes de Belo Horizonte est�o voltando �s atividades nesta ter�a-feira, ap�s uma liminar favor�vel � Abrasel, entidade que representa os ramos comerciais citados. Lanchonetes tamb�m est�o contempladas na decis�o. Durante o fim da manh�, a reportagem do Estado de Minas percorreu por v�rios pontos do Centro da capital e registrou a movimenta��o dos empres�rios para receber os fregueses.
Francisco de Assis Macedo, por exemplo, acordou cedo para abrir o Uai Lanches, localizado na esquina da Rua Tupis com Avenida Afonso Pena. Com as mesas distanciadas no lado externo do estabelecimento, o propriet�rio aguardava a chegada dos clientes. Durante a crise, o empres�rio reduziu o quadro de funcion�rios para se adequar � baixa demanda.
“Na esperan�a que essa liminar n�o caia, porque est� complicado. Eu tenho 14 funcion�rios, e hoje eu trabalho com tr�s. � o suficiente. Para voc� ver a situa��o que chegou: tr�s funcion�rios hoje � o suficiente. Ent�o n�o tem condi��o. Vou ter que mandar todo mundo embora. � mais c�modo hoje eu fechar do que manter aberto, na atual conjuntura”, lamentou Francisco.
Desde 1995 no mercado, o restaurante Cozinha da Ro�a tamb�m n�o escapou da crise. Santiago Prado Barreto conta que a queda de vendas superou a marca de 80%, inviabilizando o pagamento, por exemplo, dos vencimentos dos funcion�rios. Ao todo, 10 deles foram demitidos.
“Aqui caiu 85% da nossa venda. As contas continuam chegando. Aluguel foi tirado s� a metade, s� que como eu pago a metade se caiu 80%? Temos 30 funcion�rios e tivemos que mandar 10 embora. T�m 20 que est�o afastados. Estamos devendo sal�rios de mar�o, ainda, um pouco. Conseguimos a suspens�o do contrato (por meio da Medida Provis�ria 936, do Governo Federal) e estamos nessa”, contou Santiago, que preparou toda a estrutura para receber clientes de forma presencial, como o distanciamento entre as mesas.
Durante o tempo em que ficou sem receber clientes, Santiago apostou no delivery para tentar fazer um fluxo de caixa, mas o dinheiro gerado nesse formato de trabalho, de acordo com o empres�rio, � insuficiente para manter as atividades no local. “Como que voc� paga R$ 30 mil de aluguel vendendo delivery? N�o tem como”, analisou.
Cautela
Houve, tamb�m, quem preferiu esperar por uma decis�o mais concreta sobre o funcionamento de estabelecimentos aliment�cios na capital. � o caso do tradicional Caf� Palhares, localizado na Rua Tupinamb�s. Andr� Palhares, propriet�rio do local, diz que seguir� atendendo por delivery e entregas na porta da loja para preservar funcion�rios e clientes.
“Desde que come�ou a pandemia, adotamos todas as normas de seguran�a. Ent�o estamos vendendo via delivery e retirada na porta. A gente est� bem preocupado com a volta, temos que voltar com seguran�a. Ent�o a princ�pio a gente resolveu esperar ter todas as normas. Voltar sempre com cautela, com uma conduta correta. Ent�o nesse primeiro momento da liminar, resolvemos n�o voltar a servir no balc�o. Vamos continuar com as entregas”, disse.
Andr� Palhares optou pela cautela e segue atendendo apenas via delivery e retirada na porta do estabelecimento (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Orienta��o
Mesmo com a decis�o liminar, a Abrasel n�o orienta a reabertura imediata de bares, restaurantes e lanchonetes. A inten��o da entidade � criar protocolos de seguran�a junto com a Prefeitura de Belo Horizonte.
“A princ�pio, n�o estamos orientando para que bares e restaurantes abram de imediato. Mesmo que a prefeitura recorra e n�o ganhe, a gente n�o est� orientando ainda a abertura. Queremos chamar a pr�pria prefeitura para criar protocolos vi�veis, seguros e respons�veis”, afirmou, nessa segunda, ao Estado de Minas o presidente do Conselho de Administra��o da Abrasel, Paulo Nonaka.
Liminar
A liminar obtida nessa segunda condiciona o funcionamento das lanchonetes e restaurantes a 12 "protocolos sanit�rios". S�o eles:
Distanciamento m�nimo de dois metros de uma pessoa da outra;
Espa�o m�nimo de 13 metros quadrados por pessoa, para se quantificar quantas poder�o adentrar o recinto do estabelecimento;
Controle do fluxo de acesso aos seus estabelecimentos evitando aglomera��es de espera do lado de fora, caso esgotado o seu espa�o interno;
Privil�gio a vendas por encomendas previamente acertadas, al�m dos atendimentos com hora marcada;
Disponibiliza��o de m�scaras de prote��o a todos que estiverem dentro de seu estabelecimento (funcion�rios e clientes), � exce��o dos clientes que j� as possu�rem;
Disponibiliza��o de mesas, para o uso individual, com a dist�ncia m�nima de dois metros, umas das outras, em todos os sentidos;
Quanto � norma acima, excetua-se o uso individual da mesa quando a pessoa necessitar da ajuda de outra para se alimentar, como as crian�as de tenra idade, as pessoas muito idosas, ou deficientes;
Proibi��o de confraterniza��o de pessoas dentro do estabelecimento, permitindo-se as pessoas ali permaneceram apenas pelo necess�rio para fazerem as suas refei��es;
Crian�as que n�o tenham o discernimento para permanecerem sentadas enquanto se alimentam, dever�o estar no colo de seus pais e, se isso n�o for poss�vel, n�o poder�o permanecer dentro do estabelecimento;
Os clientes n�o poder�o servir-se pessoalmente dos alimentos destinados a todos, mas apenas daqueles que lhes forem individualmente preparados;
Fica proibido o fornecimento de alimenta��o por meio do sistema “sef-service”, permitindo-se que um funcion�rio exclusivo sirva o prato dos clientes, a uma dist�ncia m�nima de dois metros das comidas;
Os clientes dever�o permanecer utilizando as m�scaras at� o in�cio das refei��es, recolocando-as logo ap�s terminarem;
Fornecimento de sab�o, sabonete e �lcool em gel na gradua��o de setenta por cento, para a assepsia das m�os, tanto para funcion�rios quanto para os clientes.
No caso dos bares, o juiz decidiu que esses estabelecimentos devem respeitar os cinco primeiros t�picos acima. Al�m disso, s� poder�o vender bebidas para consumo externo.
Assim, o consumo de bebidas nas depend�ncias ou imedia��es dos bares ainda est� proibida.
(Com informa��es de Gabriel Ronan)
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.