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Estado de Minas

COVID-19 imp�e desafio em dobro para os condutores de ambul�ncias

Sob o impacto do novo coronav�rus, motoristas dos servi�os de socorro se adaptam � rotina que ampliou a tens�o t�pica do trabalho diante dos perigos da contamina��o pelo v�rus


22/07/2020 06:00 - atualizado 22/07/2020 07:31

João Carpegiane socorreu em rodovia caminhoneiro contaminado que ficou internado por 46 dias (foto: Samu Macro Norte/Divulgação - 1/7/20)
Jo�o Carpegiane socorreu em rodovia caminhoneiro contaminado que ficou internado por 46 dias (foto: Samu Macro Norte/Divulga��o - 1/7/20)


Nem sempre lembrados entre as equipes de socorro m�dico, mas tamb�m impactados pelos riscos de trabalhar na linha de frente do combate � COVID-19, os motoristas de ambul�ncias encaram situa��es de perigo constante. Na condu��o do transporte de urg�ncia, como m�dicos e enfermeiros, eles se veem em contato direto com pacientes que contra�ram a doen�a respirat�ria ou precisam ser submetidos a investiga��o para confirmar o diagn�stico.

A apreens�o � ainda maior para aqueles condutores socorristas do Servi�o Atendimento M�vel de Urg�ncia e Emerg�ncia (Samu), que enfrentam jornada de trabalho de duplo risco: se j� encaravam os perigos do tr�nsito tanto na �rea urbana como em estradas tendo que agir com rapidez, agora, al�m da tens�o ao volante, precisam ficar atentos � assist�ncia a infectados pelo coronav�rus e evitar os perigos da contamina��o e da transmiss�o da doen�a.

O dia a dia arriscado desses profissionais � retratado na terceira reportagem da s�rie do Estado de Minas, que revela os desafios dos profissionais de uma �rea sens�vel da vida do pa�s e dos brasileiros neste grave momento de pandemia. Como trabalho essencial, n�o resta escolha a eles e a dedica��o tem de ser obrigat�ria. Em todo o Brasil, de acordo com o Minist�rio da Sa�de, existem 3.441 ambul�ncias do Samu em funcionamento, das quais 2.813 unidades b�sicas e 628 avan�adas.

O servi�o de atendimento m�vel de urg�ncia est� presente em 3.758 munic�pios, atendendo 177 milh�es de pessoas, 85,08% da popula��o brasileira. Assim como os outros profissionais do servi�o ambulatorial e demais integrantes das equipes m�veis de sa�de, os condutores socorristas do Samu usam os equipamentos de prote��o individual e vestimenta espec�fica nos atendimentos dos chamados que envolvem pacientes com suspeita de ter sido contaminados pelo coronav�rus. Contudo, a parafern�lia de seguran�a n�o afasta a tens�o dos motoristas das ambul�ncias.

“Vivemos diariamente situa��es de risco e complica��o. Mas, com chegada da pandemia do coronav�rus, nos alertamos um pouco mais em rela��o aos cuidados preventivos”, afirma Farley Braga Barbosa, de 33 anos. Trabalhando h� 12 anos como condutor socorrista no Norte de Minas Gerais, ele conta j� ter transportado mais de oito pacientes com suspeita ou confirma��o da COVID-19.

''O medo sempre existe. Mas o sentimento de dar o máximo para salvar a pessoa é muito maior'' - Farley Braga Barbosa,condutor socorrista, de 33 anos (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press - 19/6/20)
''O medo sempre existe. Mas o sentimento de dar o m�ximo para salvar a pessoa � muito maior'' - Farley Braga Barbosa,condutor socorrista, de 33 anos (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press - 19/6/20)


Embora admita ter medo de contrair o v�rus, Farley diz que fala mais alto o esp�rito de socorrer pessoas e salvar vidas. “O medo sempre existe. (A gente) N�o tem como negar. Mas, o sentimento de poder ajudar, de estar ali para resolver o problema, de tentar dar o m�ximo de si para salvar aquela pessoa � muito maior. Isso � que nos motiva, nos faz, todos os dias ajudar mais pessoas”, afirma o motorista.

Sobre a sensa��o ao receber um chamando para o atendimento de paciente com suspeita ou confirma��o de diagn�stico de COVID-19, descreve: “A gente fica apreensivo em rela��o ao que vamos encontrar na ocorr�ncia. Mas temos o sentimento de ir sempre com a inten��o de fazer o melhor, com seguran�a, para evitar a nossa contamina��o e a dissemina��o do v�rus.”


Cuidado redobrado


''Essa pandemia veio para melhorar o ser humano. Somos iguais e vamos depender uns dos outros'' - Caroena Xavier de Souza, condutora socorrista, de 38 anos(foto: Samu Macro Norte/Divulgação - 1/7/20)
''Essa pandemia veio para melhorar o ser humano. Somos iguais e vamos depender uns dos outros'' - Caroena Xavier de Souza, condutora socorrista, de 38 anos (foto: Samu Macro Norte/Divulga��o - 1/7/20)

Farley chama a aten��o para a relev�ncia do uso de equipamentos de prote��o contra a transmiss�o do coronav�rus: “A gente j� tinha equipamentos de seguran�a individual. Mas, agora, tem os equipamentos espec�ficos para o atendimento dos casos da COVID-19”. Na avalia��o dele, o atendimento a uma pessoa infectada, na compara��o com outros pacientes muda em rela��o aos equipamentos de seguran�a. O cuidado no contato com a v�tima, independentemente da doen�a, � sempre o mesmo. “Estamos dedicando o m�ximo a cada pessoa atendida”, garante.

Como outros profissionais de sa�de, os condutores socorristas do Samu precisam ficar atentos o tempo todo �s medidas para n�o evitar que se contaminem com o coronavirus. Farley destaca que os cuidados v�o al�m do trabalho, envolvendo tamb�m a volta para casa.

“Antes de chegar – melhor dizendo, antes de entrar em casa, a gente tem essa preocupa��o de remover (trocar) os cal�ados e as vestes, evitando a contamina��o de nossos familiares – as pessoas de quem a gente mais gosta na vida. Ent�o, essa foi a maior mudan�a que a gente teve nessa pandemia”, afirma o motorista de ambul�ncia.

Na opini�o dele,  a doen�a tem demonstrado a import�ncia de profissionais que se dedicam a ajudar outras pessoas. “Para muitos, somos a �nica solu��o no momento de tristeza, no momento de dor. Quando a pessoa liga e v� a ambul�ncia virar a esquina em alta velocidade com sirene ligada, tem a certeza de que vamos ajudar a solucionar o problema do familiar dele que est� sofrendo ali”, afirma.
“Quando surgiu o coronav�rus, o pensamento que me veio � cabe�a foi sobre esse poder de ajudar as pessoas. Agora, ajudamos mais ainda, sempre garantido o cuidado de evitar a contamina��o e oferecer a todos um apoio, uma solu��o”, completa Farley.

Preven��o


Os mesmos cuidados com a seguran�a foram adotados por Caroena Xavier de Souza, de 38, que trabalha h� nove meses como condutora socorrista do Samu de Montes Claros, no Norte do estado. “Com o surgimento da pandemia, eu tive que tomar medidas preventivas ao final de cada plant�o, antes de retornar para casa, evitando levar o v�rus para meus familiares”, afirma.

Caroena conta que ao fim de cada plant�o, faz a higiene pessoal antes de voltar para a casa. O uniforme tamb�m � lavado em local separado. Ela confessa que, quando a pandemia do coronav�rus chegou ao Brasil, teve medo da doen�a, sobretudo, porque � m�e de tr�s filhos pequenos e ficou com receio de se contaminar e transmitir o v�rus. “Mas  nunca deixei de acreditar no verdadeiro prop�sito, no qual me dispus realizar como socorrista, que � ajudar o pr�ximo sempre.”

Ela disse que, at� agora, transportou oito pacientes com suspeita ou confirma��o de ter sido contaminados pelo coronav�rus. No in�cio da pandemia, ficava apreensiva, mas considera ter se adaptado � situa��o no decorrer dos atendimentos.

Para a condutora da ambul�ncia do Samu, a COVID-19 mudou a rotina n�o apenas dos profissionais da linha de frente do enfrentamento da doen�a, mas de todas as pessoas. “No meu ponto de vista,  essa pandemia veio para melhorar o ser humano. Acredito que fez com todos deixassem o individualismo de lado e percebessem que somos todos iguais e que sempre vamos depender uns dos outros para uma perfeita harmonia”, avalia.

Aten��o � seguran�a � refor�ada

Os cuidados para preven��o e os protocolos de seguran�a relativos � COVID-10 representaram a maior transforma��o do dia a dia no trabalho do condutor socorrista Jo�o Carpegiane Mendes, de 40. H� um ano e seis meses ele conduz ambul�ncias do Samu no Norte de Minas. “No in�cio da pandemia, tive muito medo, principalmente, de contaminar e de levar (o v�rus) para minha fam�lia, mas hoje encaro a doen�a com muita responsabilidade e cuidados. Adoto todas as medidas preventivas contra o coronav�rus, usando os EPIs (equipamentos de prote��o individual) que o SAMU fornece”, observa.

Pai de um filho, Carpegiane j� atendeu v�rios chamados envolvendo pessoas com sintomas gripais ou com confirma��o de COVID-19. Um dos resgates foi marcante para o motorista. Na segunda quinzena de abril, ele estava a servi�o do plant�o, em Montes Claros, quando a equipe foi chamada para socorrer um paciente em um posto de gasolina �s margens da BR 251, no munic�pio de Francisco S� (a 25 quil�metros da cidade).

 paciente era um caminhoneiro, que foi diagnosticado com o coronav�rus. O caso se agravou, mas a hist�ria teve final feliz. Em 10 de junho, o caminhoneiro recebeu alta do hospital, sob aplausos, depois de ter permanecido 46 dias internado, dos quais 30 no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Ele vive no Cear� e j� retornou para casa.

“Quando a minha equipe foi acionada para atender o caminhoneiro do Cear�, que estava em posto de gasolina e com suspeita de todos os sintomas da COVID-19, fiquei muito apreensivo e com medo. Mas fizemos o atendimento padr�o para pacientes suspeitos da doen�a. O transporte foi tranquilo, seguindo os protocolos”, conta Jo�o Carpegiane.

O condutor do Samu tamb�m garante que refor�ou as medidas para evitar o cont�gio pelo coronav�rus ao atender pacientes com suspeita da doen�a. “A diferen�a desse tipo de atendimento para os demais � que os cuidados para n�o se contaminar s�o redobrados”, afirma.

Carpegiane destaca que, com a chegada da COVID-19, os condutores socorristas passaram tamb�m a enfrentar uma mudan�a do ponto de vista emocional. “Para os motoristas do Samu, nessa �poca de pandemia mudou, pois os cuidados precisam ser redobrados e, �s vezes, o (lado) psicol�gico fica um pouco abalado”, diz. “Mas creio que, quando tudo passar, vamos continuar tomando todas as precau��es e tentar seguir a vida normal, sem a tens�o que estamos tendo agora.” (LR)

Inseguran�a na bagagem

(foto: Reprodução)
(foto: Reprodu��o)

Entre os perigos impostos pela pandemia do novo coronav�rus aos trabalhadores do setor de transportes, tema da s�rie de reportagem que o Estado de Minas publica desde segunda-feira, foram mostradas as condi��es perigosas enfrentadas pelos caminhoneiros nas estradas de Minas. De um lado, esses profissionais s�o respons�veis por servi�o essencial de escoamento da produ��o de variadas mercadorias e t�m de cumprir a jornada com todos os cuidados para evitar a dissemina��o do v�rus. De outro lado, o dia a dia se tornou mais dif�cil, uma vez que eles cruzam as rodovias expostos ao aumento dos crimes de roubo e furto de cargas verificado em abril e maio.

As recomenda��es

Orienta��es de preven��o contra a COVID-19 seguidas por trabalhadores da �rea da sa�de, inclusive os motoristas de ambul�ncias

  • Lavar as m�os frequentemente com �gua e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando cinco movimentos na higieniza��o. Se n�o houver �gua e sabonete, usar um desinfetante para as m�os � base de �lcool
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as m�os n�o lavadas
  • Evitar contato pr�ximo com pessoas doentes
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um len�o de papel e jog�-lo no lixo
  • Limpar e desinfetar objetos e superf�cies tocados com frequ�ncia
  • Usar m�scara de prote��o
  • Em caso suspeito da doen�a, o profissional deve ser afastado das suas atividades

Fonte: Secretaria de Estado de Sa�de

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

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